Assassinatos de jovens equivalem a 3,5 chacinas da Candelária por dia

Vladimir Platonow

O perfil das vítimas jovens que sofrem violência é de cor negra,
pobre e pouco escolarizado e os índices vêm aumentando a cada ano
Júlio Jacobo Waiselfisz - sociólogo e autor do estudo
"Mapa da Violência"

O Brasil registrou 10.136 assassinatos de jovens entre 11 anos e 19 anos em 2013, em média 28 mortos por dia, o que equivale a 3,5 chacinas da Candelária perpetradas diariamente, de acordo com o sociólogo Júlio Jacobo Waiselfisz, autor do estudo Mapa da Violência e coordenador da Área de Estudos sobre Violência da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso).

A chacina da Candelária ocorreu na noite de 23 de julho de 1993, deixando oito jovens de 11 a 19 anos mortos, em frente à Igreja da Candelária, no centro do Rio. Os autores foram PMs [policiais militares] e as vítimas eram moradores de rua que frequentavam as imediações da igreja e dormiam no local.

Júlio Jacobo Waiselfisz falou na abertura da audiência pública Jovens Vítimas da Violência e Justiça Reparadora para os Familiares, realizada na sede do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio. Segundo ele, o perfil das vítimas jovens que sofrem violência é de cor negra, pobre e pouco escolarizado e os índices vêm aumentando a cada ano.

“Os índices de violência nesta faixa etária [11 a 19 anos] foram crescendo drasticamente ao longo desses anos. Entre 1993 e 2013, praticamente quadruplicaram os níveis de violência. A chacina da Candelária foi a ponta de um iceberg que já existia no Brasil”, disse o sociólogo, durante a audiência pública, com a presença do ministro Pepe Vargas, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.

De acordo com os dados nacionais apresentados pelo especialista, o índice de jovens negros, entre 16 e 17 anos, mortos no ano de 2013, é de 66,3 por 100 mil habitantes. O de jovens brancos, na mesma faixa etária, é de 24,2 por 100 mil.

Quanto à escolaridade, 82% das vítimas de assassinatos no país tinham até sete anos de estudo, o que equivale ao nível fundamental. Na faixa etária de 16 e 17 anos, 93% dos mortos são homens.
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Pepe Vargas destacou que os números são um alerta de que as chacinas não cessaram: “A violência sobre adolescentes e jovens aumentou no Brasil nesses últimos anos. Precisamos fazer um grande pacto nacional pela redução de homicídios. O governo está discutindo, sob a coordenação do Ministério da Justiça, uma proposta para a construção deste pacto”.

"Vamos ter um foco sobre adolescentes e jovens, que têm sido mais vítimas de violência do que causadores dela. Principalmente, temos que fazer um debate intenso, não apenas em âmbito federal, mas envolvendo os governos estaduais, municipais e a sociedade como um todo”, prometeu o ministro.

Os dados completos do estudo Mapa da Violência 2015 podem ser acessados clicando aqui.

Fonte: Agência Brasil – 23/07/2015 – 20h45 – Internet: clique aqui.

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