«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

domingo, 5 de julho de 2015

PAPA DA PERIFERIA: Francisco começa viagem a Equador, Bolívia e Paraguai

RODRIGO CAVALHEIRO

Com chegada de pontífice a Quito, hoje, jesuíta confirma predileção por lugares fora do eixo do poder e do conforto – após ter ido a locais como Albânia, Bósnia, Lampedusa e Filipinas; no giro pela América Latina, o líder religioso de 78 anos deve fazer 7 voos e 22 discursos 

A afeição do papa Francisco por lugares fora do eixo do poder e do conforto, cultivada desde quando era só Jorge Bergoglio nas áreas miseráveis de Buenos Aires, estará à vista a partir de hoje no Equador, primeira parada de sua visita de 166 horas à América Latina. Aos 78 anos, o primeiro papa jesuíta escolheu ainda visitar Bolívia e Paraguai em uma viagem de oito dias, sete voos e 22 discursos.

Especialistas ligados a Francisco identificam um roteiro em sintonia com os movimentos concretos e simbólicos que ele fez até agora. Desde o começo de seu papado, em março de 2013, arrastou milhares de turistas, bem como o olhar de telespectadores, ouvintes e leitores, para regiões associadas à miséria, seja ela material ou espiritual. Esta é sua nona viagem internacional – a primeira, ao Brasil, em 2013, fazia parte da agenda de Bento 16.

“Francisco faz uma clara opção pela periferia. Não esqueçamos que ele foi à Albânia, Bósnia, Lampedusa e Filipinas”, disse ao Estado, de Roma, Sergio Rubin, coautor da biografia El Jesuita, antes de embarcar com Francisco no voo de 13 horas para o Equador, onde chegaria na manhã de hoje. Os dois primeiros países citados por Rubin passaram por guerra na divisão da Iugoslávia. A Ilha de Lampedusa, ao sul da Itália, é destino dos imigrantes que escapam de conflitos no Norte da África. Atingidos pelo Tufão Hayan em dezembro de 2013, os filipinos contaram 5 mil mortos.

“O papa aposta em uma geopolítica da periferia emergente. Equador, Bolívia e Paraguai são países com passado de guerra com vizinhos, estigmatizados como perdedores de território. São lugares com instituições voláteis no passado, mas com crescimento recente e certa estabilidade”, avalia Andrés Beltramo, jornalista argentino autor de La Reforma en Marcha que convivia com o cardeal Bergoglio.
Quito, capital do Equador, prepara-se para receber hoje o papa

Embora vá cumprir compromissos de chefe de Estado em gabinetes, Francisco impôs áreas marginais no roteiro, o que de alguma maneira surpreendeu os próprios anfitriões. Equatorianos ainda ontem faziam mutirão para limpar ruas e aparar a grama das calçadas por onde passará o pontífice.

Na Bolívia, ele irá a Palmasola, uma das prisões mais violentas do continente, reformada em parte com dinheiro dos próprios detentos. Em Santa Cruz, onde fica a prisão, haverá lei seca. No trajeto de La Paz a El Alto, onde está o aeroporto, operários tiraram esta semana oferendas rituais do caminho de um papa criticado pela ala conservadora do catolicismo argentino por estimular o convívio com outras crenças. No Paraguai, Francisco irá ao Bañado Norte, uma das áreas mais miseráveis de Assunção, onde o pavimento das ruas recebe reforço.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Internacional – Domingo, 5 de julho de 2015 – Pg. A10 – Internet: clique aqui.

Renovação da fé se contrapõe a culto local

Luciana Nunes Leal

Na Bolívia, é cada vez maior a devoção à mãe-terra;
papa visitará violento presídio
Boliviano aimará joga uma bebida no fogo, em homenagem à Pachamama

Renovação da fé cristã e a denúncia de injustiças contra a população pobre são os dois recados mais esperados pela Igreja boliviana na passagem do papa Francisco por La Paz e Santa Cruz de la Sierra, entre quarta e sexta-feira.

O pontífice chega ao país em um momento em que é crescente a adesão de comunidades indígenas e camponesas ao culto da Pachamama, ou mãe-terra, entidade ligada à produtividade e agricultura.

“Nos últimos anos, a Bolívia passou a valorizar os cultos à Pachamama. Sobretudo o mundo camponês voltou a render homenagens e cultuar a mãe-terra, o que é preocupante, pois reduz a fé e a devoção popular (católicas). A mensagem do papa é a de permanecer na fé cristã do povo”, disse ao Estado o monsenhor Jesús Pérez Rodríguez, arcebispo emérito de Sucre, coordenador de Comunicação e Logística da visita papal.

Além da missa no Cristo Redentor de Santa Cruz, localizado no centro da cidade, na quarta-feira, outro compromisso do papa em Santa Cruz de la Sierra destacado pelo arcebispo é a visita ao presídio de Palmasola, dois dias depois. A penitenciária é a mais violenta da Bolívia e símbolo de um sistema prisional caótico, com detentos que cumprem pena irregularmente, domínio de grupos criminosos e rebeliões.

Em 2013, Palmasola foi palco de um motim que resultou na morte de 35 pessoas, entre presos e parentes, entre os quais uma criança de 18 meses. “A visita a Palmasola é um gesto de atenção aos mais pobres e um clamor por justiça mais eficiente, mais transparente”, disse o monsenhor.

O arcebispo disse não acreditar que Francisco mencione em seus pronunciamentos a questão da droga, já que, na Bolívia, a plantação da folha de coca, matéria-prima da cocaína, emprega muitas famílias e mascar a folha é costume tradicional.

“O papa João Paulo II, em 1988, quando esteve na Bolívia, não tocou no tema da folha de coca e da cocaína, pela complexidade do problema. Não acredito que o papa Francisco mencionará. Na Europa, quando se fala em coca, se pensa em cocaína. Não há que se confundir isso com uma tradição da plantação da folha, uma tradição na Bolívia. Mascar a folha de coca não significa que uma pessoa se drogue”, afirmou o religioso.

O Vaticano deu indicações de que o pontífice também não pretende tomar partido diretamente no conflito marítimo entre Bolívia e Chile. Os bolivianos perderam o acesso ao mar depois da Guerra do Pacífico (1879-1883). O litígio chegou à Corte Internacional de Justiça, em Haia, em 2013.

Em mensagem divulgada no mês passado à população de Equador, Bolívia e Paraguai, países que serão visitados pelo papa nesta segunda viagem à América do Sul – a primeira foi ao Brasil, para a Jornada Mundial da Juventude, em 2013 –, o papa disse que pretende “compartilhar as preocupações e manifestar afeto”, sobretudo aos “mais necessitados, aos anciãos, aos doentes, aos encarcerados, aos pobres e às vítimas da cultura do descarte”. Francisco pediu aos fiéis que “sejam perseverantes na fé, tenham o fogo do amor, da caridade e se mantenham perseverantes na esperança”.

Outro compromisso do papa em Santa Cruz será a presença no último dia do Encontro Mundial dos Movimentos Populares, na quinta-feira. Francisco fará uma rápida passagem por La Paz, na quarta-feira, entre as 16 horas e as 20 horas. Na passagem pela capital, visitará o presidente Evo Morales. A chegada do pontífice no Aeroporto de Viru Viru, em Santa Cruz de la Sierra, está prevista para 21h15.

Em Santa Cruz, o papa deve percorrer ao menos dois trajetos em carro aberto. O primeiro, entre a residência oficial do Arcebispado e o Cristo Redentor, onde será rezada a missa campal. O segundo será na despedida, na sexta-feira, no caminho para o aeroporto.
A agenda do papa inclui ainda encontro com religiosos e seminaristas, na quinta-feira, e uma reunião com bispos bolivianos, na véspera. Da Bolívia, o papa seguirá para o Paraguai, última etapa da visita à região.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Internacional – Domingo, 5 de julho de 2015 – Pg. A12 – Internet: clique aqui.

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