«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

ENEM: qual realidade emerge sobre a EDUCAÇÃO no Brasil?

Presença de escolas públicas entre as melhores
do Enem cresce novamente

André Monteiro (São Paulo) e Flávia Foreque (Brasília)
Renato Janine Ribeiro - Ministro da Educação - divulga dados do ENEM 2014

A presença de escolas públicas entre aquelas com as melhores médias do Brasil na prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) avançou novamente no ano passado, mas ainda é minoritária.

A elite das escolas públicas é formada por uma maioria de colégios federais, que geralmente têm cursos técnicos ou são ligados a universidades e fazem seleção de alunos.

O desempenho das escolas no Enem 2014 foi divulgado nesta quarta-feira (5 de agosto) pelo Ministério da Educação [MEC].

Confira a nota de cada escola no Enem 2014 e
veja a lista das melhores e piores, clicando aqui.

Para calcular a média dos colégios, a Folha de S. Paulo considerou as quatro provas objetivas do Enem – linguagem, matemática, ciências humanas e da natureza.

Os dados mostram que, entre os 10% dos colégios mais bem colocados no exame do ano passado, 9,4% deles eram públicos.

Em números absolutos, foram 147 instituições que ficaram entre as 1.564 na elite do país. Desse grupo de escolas públicas que ficou no topo, 67% são escolas federais e 31% são estaduais.

A maior parte das escolas estaduais também é formada por escolas técnicas – dentre os cem colégios públicos de São Paulo com as médias mais altas, por exemplo, todos têm curso técnico.

No último Enem, eram 7,3% escolas públicas entre as melhores no exame – o primeiro avanço em quatro anos.

Essa participação passou a cair em 2009, quando o Enem foi ampliado e passou a funcionar na prática como vestibular para selecionar calouros das universidades federais.

Apesar do novo avanço, a escola pública com melhor média aparece só na 22ª posição do ranking: o Instituto Federal do Espírito Santo, em Vitória, colégio técnico que seleciona seus alunos.

No último Enem, o público com maior nota – colégio de aplicação da UFV (Universidade Federal de Viçosa-MG) – aparecia na 12ª posição. Nos resultados de 2012, a mesma escola figurava em 7º, mas em 2014 ela aparece em 32º.

O ranking nacional é liderado pelo Objetivo Integrado, colégio particular da capital paulista no topo da avaliação nacional pelo sexto ano consecutivo.

Ao todo, 15.640 escolas compõem o ranking. Só foram divulgadas as notas de instituições com mais de dez alunos no 3º ano do ensino médio e onde mais da metade deles fez a prova.

Especialistas veem com cautela o desempenho de escolas no Enem. Dizem que avanços no ranking não significam melhora das redes de ensino, o que só é obtido com provas que apuram a qualidade da educação, como a Prova Brasil.
Ranking das 100 melhores escolas classificadas pelo ENEM 2014

PERMANÊNCIA

Neste ano o governo ampliou mais uma vez a quantidade de indicadores incluídos na divulgação das médias das escolas.

No ano passado, o Inep (órgão do MEC responsável pelo Enem) já havia divulgado o nível socioeconômico dos colégios, um índice sobre a formação dos professores, e a média dos 30 melhores alunos das instituições.

Agora, também passou a divulgar um "indicador de permanência", que mostra a porcentagem de participantes do Enem, em cada escola, que cursou todo o ensino médio no mesmo estabelecimento.

O presidente do Inep, Chico Soares, diz que o objetivo é destacar "as escolas que realmente ajudam seus alunos a melhorarem, que oferecem educação de qualidade durante todo o ensino médio, e quais são aquelas que, simplesmente, selecionam alguns para cursarem apenas o terceiro ano".

Diretores reclamavam que, nos últimos anos, algumas redes de escolas criaram unidades específicas para abrigar os melhores alunos e, assim, inflar seu desempenho no Enem.

Para o Inep, a divulgação de indicadores junto com as médias do exame ajudam a contextualizar o desempenho de escolas com realidades muito diferentes.

"As escolas são heterogêneas e sendo assim, não podem ser colocadas numa métrica única. É essa a imagem que estamos tentando passar. Estamos dizendo: existem muitos rankings. O que define o desempenho no Enem é um conjunto muito grande de fatores", diz Soares.

PIOR NOTA

A escola com pior desempenho no Enem do ano passado foi a Doutor Augusto Monteiro, colégio estadual que fica na zona rural de Rio Branco, no Acre. Com apenas 15 alunos no último ano do ensino médio –12 fizeram a prova–, a escola tem poucos professores com formação específica na disciplina que lecionam – 17% do total.

Segundo o Inep, a formação do corpo docente "está diretamente relacionada ao desempenho escolar". Nos colégios entre os 10% mais bem colocados no exame, a média de formação adequada dos professores é de 69%.

Em São Paulo, a Escola Estadual Professor Sergio Murillo Raduan, no Jardim Varginha, extremo sul da capital paulista, foi a que apresentou o pior desempenho. A escola obteve 466,3 pontos no exame do ano passado. Em 2013, a escola não teve os dados divulgados pelo Inep por não ter atingido os critérios para a divulgação.

Fonte: Folha de S. Paulo – Educação – 05/08/2015 – 11h37 – Internet: clique aqui.

A N Á L I S E S

Enem: Pare, olhe, escute

Fábio Takahashi
São Paulo 
Estudantes chegando para o exame do ENEM em 2014

A divulgação dos resultados do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2014 pode assustar e até confundir quem quer apenas dar uma passada de olho pelos resultados. São 18 índices de qualidade, para cada escola de ensino médio. Mas para quem quer conhecer melhor um colégio, vale a pena gastar um tempo nas tabelas.

Hoje é possível saber, além das notas dos alunos em cada área, a taxa de participação dos estudantes no exame. Se ela for baixa, o resultado da escola é menos robusto. Será que houve seleção dos melhores?

Também é possível ver quantos alunos do colégio cursaram todo o ensino médio ali, índice apresentado pela primeira vez neste ano. Se forem poucos, será que a escola criou um 3º ano de elite para bombar a nota?

Também é possível ver o nível socioeconômico dos estudantes da escola. É mais justo comparar colégios semelhantes. Também é possível ver o percentual de professores que lecionam em sua área de formação; quantos estudantes reprovam; quantos abandonam.

Para quem procura um colégio para o filho ou quer avaliar se a matrícula está valendo a pena, são informações preciosas. Sem perder de vista que o Enem é um exame, não o diagnóstico completo. Conversa com a direção, pais e alunos das escolas são tão importantes para entender um colégio quanto as tabelas do Enem.

Para quem quer encarar esse turbilhão de dados, eles estão no site do Inep [clique aqui].

Fonte: Folha de S. Paulo – Educação – 05/08/2015 – 11h37 – Internet: clique aqui.

Enem mostra que desigualdade persiste

Antônio Augusto Batista e Paula Reis Kasmirski*

Escolas mais “bem-sucedidas” são as de maior nível socioeconômico e cujos alunos não estudaram todo o ensino médio na instituição


A origem social, entre outros fatores, é o principal para o sucesso escolar. Até 2013, a simples apresentação dos resultados do Enem tendia a ocultar o efeito das desigualdades sociais e econômicas, transformando-as em um mero ranqueamento de melhores e piores escolas.

Desde 2014, com as mudanças realizadas no tratamento e divulgação dos dados do Enem, o Inep demonstra como seus resultados não podem traduzir a qualidade do ensino sem considerar outros fatores associados. Agora, temos elementos para interpretar esses indicadores. A conclusão é desalentadora.

As escolas mais “bem-sucedidas” são as de maior nível socioeconômico e também aquelas cujos alunos não estudaram todo o ensino médio na mesma instituição. Isso evidencia uma perversa prática de seleção de estudantes.

Outro ponto importante: no 3º ano do ensino médio, 23,8% dos alunos estão dois ou mais anos acima da idade adequada. Na rede privada, essa distorção é de 5,5%; na pública, alcança 26,8%. Na Região Norte é de 44,7% e na Sudeste, de 16,9%. Os dados mostram o efeito negativo da retenção: escolas com maiores médias são as que têm menor porcentual de alunos com distorção idade-série.

Mas há dados que o Enem não mostra. Ainda temos 1,6 milhão de jovens de 15 a 17 anos fora da escola de nível médio. O problema é maior. E não é com cortes no orçamento do MEC e campanhas anacrônicas, como “Brasil, Pátria Educadora”, que o País reverterá este quadro.

* Antônio Augusto Batista é coordenador de pesquisas do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação e Ação Comunitária (CENPEC) e Paula Reis Kasmirski é pesquisadora neste mesmo centro.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Metrópole / Educação – Quinta-feira, 6 de agosto de 2015 – Pg. A21 – Internet: clique aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.