«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 15 de agosto de 2015

Solenidade da Assunção de Nossa Senhora – Homilia

Evangelho: Lucas 1,39-56


39 Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia.
40 Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel.
41 Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.
42 Com um grande grito, exclamou: "Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!
43 Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar?
44 Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre.
45 Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido, o que o Senhor lhe prometeu".
46 Maria disse: "A minha alma engrandece o Senhor,
47 e se alegrou o meu espírito em Deus, meu Salvador,
48 pois, ele viu a pequenez de sua serva, eis que agora as gerações hão de chamar-me de bendita.
49 O Poderoso fez por mim maravilhas e Santo é o seu nome!
50 Seu amor, de geração em geração, chega a todos que o respeitam.
51 Demonstrou o poder de seu braço, dispersou os orgulhosos.
52 Derrubou os poderosos de seus tronos e os humildes exaltou.
53 De bens saciou os famintos despediu, sem nada, os ricos.
54 Acolheu Israel, seu servidor, fiel ao seu amor,
55 como havia prometido aos nossos pais, em favor de Abraão e de seus filhos, para sempre".
56 Maria ficou três meses com Isabel; depois voltou para casa.

JOSÉ ANTONIO PAGOLA 

MULHERES DE FÉ

Depois de receber o chamado de Deus, anunciando-lhe que será mãe do Messias, Maria põe-se a caminho sozinha. Começa para ela uma vida nova, a serviço de seu Filho Jesus. Caminha «rapidamente», com decisão. Sente necessidade de compartilhar sua alegria com sua prima Isabel e de pôr-se, o quanto antes, ao seu serviço nos últimos meses de gravidez.

O encontro das duas mães é uma cena insólita. Não estão presentes os homens. Somente as mulheres simples, sem nenhum título nem relevância na religião judaica. Maria, que leva Jesus consigo em todos os lugares, e Isabel que, repleta do espírito profético, atreve-se a abençoar sua prima sem ser sacerdote.

Maria entra na casa de Zacarias, porém não se dirige a ele. Vai diretamente saudar Isabel. Nada sabemos do conteúdo de sua saudação. Somente que aquela saudação enche a casa de uma alegria transbordante. É a alegria que vive Maria desde que escutou a saudação do Anjo: «Alegra-te, ó cheia de graça!».

Isabel não pode conter sua surpresa e sua alegria. Enquanto ouve a saudação de Maria, sente os movimentos da criatura que leva em seu seio e interpreta-os, maternalmente, como «saltos de alegria». Em seguida, abençoa Maria «em alta voz» dizendo: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto de teu ventre!».

Em nenhum momento chama Maria pelo seu nome. Contempla-a totalmente identificada com sua missão: é a mãe de seu Senhor. Isabel a vê como mulher de fé na qual se vão cumprir os desígnios de Deus: «Feliz porque acreditastes».

Aquilo que mais surpreende é a atuação de Maria. Não veio mostrar sua dignidade de mãe do Messias. Não está ali para ser servida, mas para servir. Isabel não perde o seu espanto: «Quem sou eu para que me visite a mãe de meu Senhor?».

São muitas as mulheres que não vivem em paz no interior da Igreja. Em algumas cresce a desafeição e o mal-estar. Sofrem ao ver que, apesar de serem as primeiras colaboradoras em muitos campos, não se conta com elas para pensar, decidir e impulsionar a caminhada da Igreja. Esta situação está fazendo sofrer a todos.

O peso de uma história multissecular, controlada e dominada pelo homem, impede-nos de tomar consciência do empobrecimento que significa para a Igreja prescindir de uma presença mais eficaz da mulher. Nós não as escutamos, porém Deus pode suscitar mulheres de fé, cheias de espírito profético, que semeiem alegria e deem à Igreja um rosto mais humano. Serão uma bênção. Ensinar-nos-ão a seguir Jesus com mais paixão e fidelidade.

MÃES CRENTES

A cena é comovente. Lucas a compôs para criar a atmosfera de alegria, felicidade profunda e louvor que deve acompanhar o nascimento de Jesus. A vida muda quando é vivida a partir da fé. Acontecimentos como a gravidez ou o nascimento de um filho assumem um sentido novo e profundo.

Tudo acontece em um vilarejo desconhecido, na montanha de Judá. Duas mulheres grávidas conversam sobre o que estão vivendo no íntimo de seu coração. Não estão presentes os homens. Nem sequer José, que poderia ter acompanhado sua esposa. São estas duas mulheres, repletas de fé e de Espírito, aquelas que melhor captam o que está se passando.

Maria saúda Isabel. Deseja-lhe tudo de melhor, agora que está esperando um filho. Sua saudação enche de paz e de alegria toda a casa. Até a criança que Isabel traz em seu ventre pula de alegria. Maria é portadora de salvação: é a que traz consigo Jesus.

Há muitas maneiras de «saudar» e de nos aproximarmos das pessoas. Maria traz paz, alegria e bênção de Deus. Lucas recordará, mais tarde, que era isso precisamente o que o filho Jesus pedia a seus seguidores: «em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: Paz a esta casa!».

Transbordante de alegria, Isabel exclama: «Bendita és tu entre todas as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre». Deus está sempre na origem da vida. As mães, portadoras da vida, são mulheres «abençoadas» pelo Criador: o fruto de seus ventres é bendito. Maria é a «abençoada» por excelência: com ela nos chega Jesus, a bênção de Deus ao mundo.

Isabel termina exclamando: «Feliz é tu, que acreditaste». Maria é feliz porque acreditou. Aqui está sua grandeza e Isabel sabe valorizá-la. Estas duas mães nos convidam a viver e celebrar, a partir da fé, o mistério da Natividade.

Feliz o povo onde há mães de fé, portadoras de vida, capazes de irradiar paz e alegria. Feliz a Igreja onde há mulheres abençoadas por Deus, mulheres felizes que creem e transmitem a fé a seus filhos e filhas. Felizes os lares nos quais boas mães ensinam a viver com profundidade a Natividade.

Traduzido do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: Sopelako San Pedro Apostol Parrokia – Sopelana – Bizkaia (Espanha) – Homilías J. A. Pagola – Ciclo B – Internet: clique aqui.

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