«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

POPULAÇÃO VOLTA A GASTAR MAIS ÁGUA!!!

Paulistano esquece crise hídrica, abre torneiras e volta a gastar mais água

Edison Veiga e Fabio Leite

Falsa sensação de melhoria, com elevação dos mananciais e certeza de que não haverá rodízio, faz moradores de condomínios retomarem rotina de consumo; pesquisa aponta afrouxamento de economia. 
Exemplo de desperdício de água tratada: lavar carro em casa!

Bastou um aviso do síndico no elevador com a informação de que o abastecimento de água no prédio estava normalizado para que o designer Claudio Lopes, de 40 anos, relaxasse. Os banhos voltaram a durar 15 minutos, e a máquina de lavar a funcionar três vezes por semana. "Não quer dizer que eu esteja esbanjando água, mas, aos poucos, minha rotina acabou voltando ao normal", diz o morador da Vila Maria, na zona norte de São Paulo.

O relato de Lopes seria motivo para comemorar não fosse um detalhe: a crise hídrica está longe de acabar. O pior é que esse comportamento não é exceção. Pesquisa realizada pela administradora de condomínios Lello em 1,7 mil empreendimentos no Estado, dos quais 90% na capital, aponta uma queda sensível na economia.

A adesão dos condomínios ao programa de bônus da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) caiu de 82%, em março, para 76% em junho. O bônus beneficia contas cujo consumo fica abaixo da média aferida antes da crise, entre fevereiro de 2013 e janeiro de 2014 - o desconto chega a 30%. Ou seja, cerca de cem condomínios voltaram a consumir mais água do que a média de gasto anterior à crise.

Para Angélica Arbex, gerente de Relacionamento com o Cliente da Lello, o relaxamento acontece nos apartamentos. "A maioria dos prédios segue fazendo um grande esforço na economia, mas a queda na adesão serve como um sinal amarelo. Os síndicos continuam rigorosos e economizam água na área comum, mas nas casas das pessoas entra o imponderável."

Velho hábito

No caso de Lopes, o aviso do síndico de que o racionamento de água feito pela Sabesp por meio da redução da pressão e do fechamento manual da rede não afetava mais o prédio, em maio, foi a senha para aposentar os baldes. "Tinha até montado um sistema, com um cano, para captar da sacada a água da chuva. Agora emprestei o cano para minha mãe, que mora em Guarulhos, onde a situação é mais crítica."

O resultado é visível na conta - o prédio tem medidores individualizados. Antes da crise, ele costumava pagar R$ 60 por mês. No auge da seca, a tarifa chegou a R$ 18, mas a última fatura já subiu para R$ 45.

O médico Francisco Domenici Neto, de 73 anos, levou um susto quando viu a conta do prédio onde é síndico, na Consolação, no centro. O consumo subiu 142 mil litros. "Passou de R$ 3,5 mil para R$ 6,9 mil. Houve um salto enorme, muito maior do que o reajuste da tarifa e a perda do bônus. Os moradores são muito conscientes do problema, mas não dá para descartar que houve relaxamento."
 
Velho mau hábito: lavar a calçada com mangueira d'água!
Pior

Para a arquiteta e urbanista Marussia Whately, uma das idealizadoras do grupo Aliança pela Água em São Paulo, as chuvas mais frequentes neste ano do que em 2014, que ajudaram a elevar um pouco o nível dos mananciais, a redução das campanhas de uso racional da água e a perda de espaço da crise hídrica no noticiário explicam o comportamento. "Somado a tudo isso, a forma como o governo vem comunicando a população, de que as obras estão sendo feitas e não vai haver racionamento, gera um mau entendimento. O fato é que temos menos água e as perspectivas de chuva não são boas", diz.

Na cabeça do bancário Mario de Faria, de 43 anos, porém, "o pior já passou" e "não vai mais faltar água como a gente temia". Assim, ele não enche mais o quintal de sua casa, na Vila Mariana, na zona sul, de baldes. "Cheguei a botar 20 baldes ao mesmo tempo, para captar a água da chuva", conta. "Depois, era essa água que usava para lavar o quintal, regar as plantas."

Moradora da Vila Carrão, na zona leste, a diarista Iraci Maria de Caires Pinheiro, de 52 anos, admite que voltou a ter uma vida mais confortável. Nos primeiros meses do ano, quando o Sistema Cantareira chegou a ter apenas 5% da capacidade, no seu segundo volume morto - hoje o nível está na faixa dos 18% -, ela desligava o chuveiro na hora de se ensaboar e usava a água do banho para a descarga. De maio para cá, a rotina voltou ao normal, e o consumo, que chegou a 8 mil litros, subiu para 10 mil. "Uso menos os baldes, tenho muita dor nas costas", diz.
Água brota de bueiro na avenida Antártica, sentido marginal,
na Pompeia, zona oeste de São Paulo. Em meio a uma crise no abastecimento de água há,
ainda, muito desperdício na própria rede da Sabesp!

Mais água

Esse comportamento já obrigou a Sabesp a aumentar a produção de água na Grande São Paulo, que subiu quase 6% de fevereiro para agosto, chegando a 53 mil litros por segundo, patamar semelhante ao de janeiro. O aumento da retirada de água aconteceu até mesmo no Cantareira e no Sistema Alto Tietê.

Na minuta do plano de contingência elaborado pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) e revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo em maio, a permanência da economia pela população é um dos pressupostos para que o rodízio de cinco dias sem água na região do Cantareira não seja adotado. Outro requisito é a entrega dentro do prazo das obras emergenciais, como a transposição da Represa Billings para o Alto Tietê, prometida para agosto, mas que só deve ser entregue em outubro.

Por causa do atraso e da seca no Alto Tietê, a Sabesp pediu aos órgãos gestores para tirar mais água do Cantareira do que o previsto até outubro e não ser obrigada a adotar rodízio. Com isso, o manancial deve voltar para o segundo volume morto.

Em nota, a Sabesp informa que a adesão ao bônus ficou estável em 83% dos clientes em julho, mas a economia de água aumentou de 6,2 mil l/s para 6,5 mil l/s, o que resultou em uma poupança de água superior a 180 bilhões de litros, mais do que a capacidade total do Sistema Guarapiranga (171 bilhões).

Segundo a companhia, a pesquisa da Lello "serve também de reforço para a importância do uso racional da água". Quanto ao aumento da produção, a estatal informa que "os números vêm se mantendo praticamente estáveis nos últimos meses, com um leve crescimento por causa da gradual entrega de obras que ampliam a capacidade de captação e produção".

A Sabesp informa que, desde o início da crise, técnicos já visitaram mais de 30 mil condomínios em 89 bairros da capital, passando orientações de como reduzir o consumo.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Metrópole – Domingo, 9 de agosto de 2015 – Pg. A20 – Internet: clique aqui.

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