«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

PMDB É, AO MESMO TEMPO, VENENO E ANTÍDOTO!

José Roberto de Toledo

Quando Eduardo Cunha é o “bad cop”,
Renan Calheiros é o policial bonzinho;
só Michel Temer, o vice, não muda 
OS DOIS ESTÃO BEM AFINADOS E CONVERSADOS!!!
Senador Renan Calheiros (à esquerda) - Presidente do Senado (PMDB-AL) e
Deputado Eduardo Cunha (à direita) - Presidente da Câmara Federal (PMDB-RJ)

A engenhosidade do PMDB é ser, ao mesmo tempo, o problema e a solução, o veneno e o antídoto para o presidente da vez. Como a trama não pode parecer chantagem, os personagens se alternam nos papéis. Quando o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, é o “bad cop” [policial mau], o presidente do Senado, Renan Calheiros, é o policial bonzinho. Só Michel Temer, o vice [-presidente da República], não muda. Está sempre equidistante, como redinha em mesa de pingue-pongue.

Cunha começou o ano legislativo atropelando o governo com ímpeto de seleção alemã na Copa. Quando Dilma Rousseff olhou o placar, já era goleada. Em abril, para cada 3 deputados que votavam ao menos dois terços das vezes seguindo a orientação do governo, 5 tinham comportamento oposto. A taxa de governismo na Câmara era de 60% – ela terminara o primeiro mandato com 74%. Dilma tinha apenas 75 deputados em quem podia confiar 90% das vezes, quase todos petistas. Em caso de pedido de impeachment, ela estaria praticamente uma centena de votos a descoberto.

Para não ter o mesmo destino de Felipão, a presidente nomeou Temer coordenador político. É um nome pomposo para quem atende pedidos de parlamentares liberando verbas e fazendo nomeações. A partir do momento que Dilma emprestou sua caneta para o vice cometer bondades, a taxa de governismo do PMDB na Câmara passou a crescer a cada votação. Em semanas, a obediência do partido ao Planalto pulou de 55% para 73%. Era o toma lá dá cá habitual. Mas no meio do caminho havia um delator.

No começo de julho, explodiu a notícia que todo mundo em Brasília cochichava como boato: o lobista Júlio Camargo disse em depoimento ao juiz Sérgio Moro que Cunha havia pedido US$ 5 milhões para liberar um contrato de navios-sonda da Petrobrás para a empresa Toyo Setal. O dinheiro, segundo o delator, foi pago via doleiro Alberto Youssef. Havia urgência, contou Camargo, porque os dólares seriam usados na eleição.

O presidente da Câmara passou à berlinda. Agora, ele também corria risco de cassação. Defendeu-se como sabe fazer melhor: atirando. Acusou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de obrigar o delator a mentir. Insinuou uma tramoia em que Dilma estaria por trás de tudo, oferecendo a Janot reconduzi-lo ao comando do Ministério Público em troca de ele “constranger o Legislativo”. Cunha declarou-se rompido com o governo e foi preparar o troco. Mas veio o recesso e o impasse ficou suspenso.

Enquanto na Câmara a batalha de Cunha contra o governo era gritante, o Senado, na surdina, aprovava um aumento de gastos públicos atrás do outro. O que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, economizava em cortes de despesas com infraestrutura e programas sociais, os congressistas repunham com aumentos salariais de servidores públicos e de benefícios para aposentados. O ajuste fiscal mostrou-se enxugamento de gelo.

Com a perspectiva de Levy equilibrar o orçamento da União ficando cada vez mais improvável, aumentou o pessimismo em relação à economia. As projeções de uma data para a retomada do crescimento foram todas adiadas, mais de uma vez. O desemprego cresceu, a renda do trabalho caiu e a desconfiança do consumidor aumentou. Na razão inversa, a popularidade de Dilma despencou ao patamar mais baixo de um presidente desde Fernando Collor.

Nesse cenário, Dilma e Cunha retomam seu duelo para ver quem desequilibra o outro primeiro. Também acossado pela Lava Jato, Renan é apresentado como muleta para amparar a presidente. Mas o governo pode atender só parte das contrapartidas para o senador. Está impedido de interferir nos inquéritos contra ele. À medida que a investigação se eletrifica, a muleta pode dar choque.

No dia 16, Dilma sofrerá empurrão com força proporcional ao tamanho dos protestos – enquanto espera Janot denunciar ou não Cunha e/ou Renan. O primeiro a cair pode ser o único.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Política – Quinta-feira, 6 de agosto de 2015 – Pg. A6 – Internet: clique aqui.

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