«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 3 de outubro de 2015

O GOLPE JÁ ACONTECEU - TEMOS UM "NOVO" GOVERNO!

O golpe de Lula

Eliane Cantanhêde

O ministério a ser anunciado não é de Dilma, é de Lula e do PMDB 
DILMA ROUSSEFF - Presidente da República - foi "enquadrada" e dominada por
LULA - ex-presidente da República, seu criador e padrinho político

Luiz Inácio Lula da Silva nem esperou a eleição de 2018 e já está de volta ao poder, enquanto Dilma Rousseff faz o caminho inverso, rumo à condição anterior de subalterna do líder e padrinho. O ministério a ser finalmente anunciado hoje é do Lula, não da Dilma, que vai entregando anéis, dedos, mãos e está cada vez mais com a cabeça a prêmio. Ou sofre impeachment pela oposição ou é interditada por Lula e pelo PMDB.

Dilma anuncia hoje uma reforma ministerial que Lula sugere incansavelmente há meses, mas ela faz com tanto atraso, e num momento tão desfavorável, que o que era para reverter a favor pode se virar contra ela. Amargou durante tanto tempo o ônus das escolhas equivocadas e não consegue agora capitalizar o bônus de estar mudando tudo. O que poderia ter o impacto de um recomeço, é tratado como capitulação. A leitura é óbvia: Dilma não tinha saída e jogou a toalha.

O dilmista Aloizio Mercadante sai da estratégica Casa Civil e ganha a Educação como prêmio de consolação, quando a tal “pátria educadora” não sobrevive nem mais como slogan marqueteiro. E o lulista Jaques Wagner sai da Defesa para a Casa Civil, como o mandachuva da articulação política. Precisa dizer mais?

O efeito das mudanças, porém, ainda é nebuloso. O PMDB sai com sete pastas dessa reforma, que sacrifica técnicos como Arthur Chioro, da Saúde, e Janine Ribeiro, da Educação, para calar – ou seria comprar? – a bancada peemedebista da Câmara. Mas a primeira reação do Congresso, antes mesmo do anúncio oficial dos nomes, veio de duas formas: a aprovação da desaposentadoria, contra todos os apelos do Planalto, e um manifesto de 22 deputados do PMDB condenando a participação no governo. 
MARCELO CASTRO - Deputado Federal pelo PMDB do Piauí
Novo Ministro da Saúde - "pau mandado" do atual presidente da Câmara Eduardo Cunha,
segundo denúncias de delatores da Operação Lava Jato.

Ou seja: Dilma engoliu o orgulho, o amor próprio, as ordens de Lula, a ganância do PMDB e o afastamento de Mercadante, e pode ser para nada. Além de não recuperar o controle da base aliada, ela pode perder ainda mais pontos na opinião pública e nas bases históricas do PT. “Pior do que já está (nas pesquisas)”?, descarta Jorge Viana, do PT. Mas sempre pode piorar, sim, senador.

O mais cruel da história é que Lula reassume o poder, os petistas e aliados históricos acham que agora vai, mas... Lula já não está mais acima do bem e do mal, como sempre esteve, nem mais tão por cima da carne seca assim, como estava ao descer a rampa do Planalto.

Documentos obtidos pelos repórteres Andreza Matais e Fábio Fabrini geram a suspeita de que houve compra de uma MP [Medida Provisória do governo federal] em 2009 para favorecer montadoras [a indústria automobilística]. Pior: no mesmo ano, um filho de Lula, Luís Cláudio, abriu uma empresa de marketing esportivo que recebeu a bagatela de R$ 2,4 milhões justamente de uma das empresas de “consultoria” que teria comprado a MP.

Cria-se uma situação esdrúxula: com Dilma, a economia não se recupera, a indústria vai ladeira abaixo e o dólar dispara, enquanto a política desanda e o Brasil parece na bica de ser rebaixado por uma segunda agência de risco. Mas, com Lula, vêm os escândalos de seus oito anos de governo, cada hora numa estatal, num órgão, numa repartição.

E o impeachment? O processo tem de ser aberto pela Câmara, mas o presidente Eduardo Cunha anda muito ocupado com revelações de três delatores da Lava Jato e, agora, com quatro contas na Suíça, num total de US$ 5 milhões (mais de R$ 20 milhões). Que moral ele tem para comandar um processo contra Dilma?

Conclusão: o impasse continua. Lula e o PMDB apropriam-se descaradamente do governo Dilma, que, segundo o Ibope, empacou no perigosíssimo patamar de 10% de aprovação, com 69% de desaprovação. Mas Lula e PMDB têm muito o que explicar para 100% da população. Com o sujo falando do mal-lavado, nada sai do lugar.

Suspense. Se Dilma não pode cortar nem [os Ministérios da] Pesca, nem Portos, nem Aviação Civil..., como e onde ela vai de fato enxugar a farra dos ministérios, ao menos para inglês ver?

Fonte: O Estado de S. Paulo – Política – Sexta-feira, 2 de outubro de 2015 – Pg. A 6 – Internet: clique aqui.

Governo pode virar refém definitivo
de seus parceiros

Marcelo de Moraes

Agora mandam Lula e as raposas peludas do PMDB, por intermédio
de homens de confiança colocados em postos-chave do governo.
A tal "Pátria Educadora", anunciada pela Presidente Dilma Rousseff, 
já teve 4 Ministros da Educação em 10 meses!!!
Sem falar no orçamento diminuído e indefinido para todo este ano de 2015!!!
Da esquerda para a direita temos o seguintes ex-ministros e, por último, o novo ministro:
Cid Gomes (1º/Janeiro a 18/Março), Luiz Cláudio Costa (18/Março a 6/Abril),
Renato Janine Ribeiro (6/Abril a 1/Outubro) e Aloizio Mercadante (começou em 2/Outubro).

As mudanças ministeriais decididas pela presidente Dilma Rousseff levam em conta o puro pragmatismo. Com apenas 10% de aprovação popular, segundo pesquisa do Ibope, pressionada pela sombra do pedido de impeachment no Congresso e com a economia em frangalhos, a presidente decidiu entregar os principais cargos do seu governo em troca de apoio para salvar seu mandato. Simples assim.

Não há presidente na história recente do País que não tenha feito concessões políticas para aliados na hora da composição de seus principais escalões. Em troca de apoio político, entregam-se os cargos. É péssimo - e os resultados ineficazes das políticas públicas brasileiras mostram esse prejuízo -, é condenável, mas já faz parte do jogo político. Não se trata de nenhuma inovação. A novidade é um governo ser obrigado, agora, a atender desafetos e críticos ferozes para tentar preservar o pescoço da degola.

Dilma faz a reforma para tentar apagar o "fogo amigo" disparado principalmente pelo PMDB e pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, críticos constantes durante os pouco mais de nove meses de duração do seu segundo mandato.

Nem no auge da parceria política com o PT o PMDB conseguiu tanto espaço quanto agora, justamente no período em que mais fustigou o governo dentro do Congresso, aprovando ou ameaçando aprovar projetos que colocam em risco a já combalida economia nacional. São sete ministérios, agora, sob o comando dos peemedebistas.

Ciente da fragilidade de sua situação política, a presidente aceitou desagradar seu próprio partido e passar pelo constrangimento de demitir o ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, poucos meses depois de nomeá-lo para o cargo com o discurso de trazer um especialista renomado para finalmente tentar transformar em realidade seu slogan da chamada "Pátria Educadora". Por causa dos arranjos políticos, Janine espirrou para que o ministro Aloizio Mercadante pudesse voltar a ocupar a pasta, depois de perder a Casa Civil para Jaques Wagner e atender ao desejo de Lula e melhorar a relação com o Congresso.

Provocou também mal estar ao rifar o ministro da Saúde petista, Arthur Chioro, num telefonema expresso de dois minutos de duração e dando seu cargo para o PMDB.

Tamanho grau de concessão traz alívio momentâneo para o governo. Mas, sendo obrigada a ceder tanto, Dilma corre o risco de virar refém definitiva dos parceiros, sem garantir a preservação de seu mandato.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Política / Análise – Sábado, 3 de setembro de 2015 – Pg. A6 – Internet: clique aqui.

Com Saúde, Dilma atravessou o Rubicão

Luis Nassif

Com a última leva de concessões, os aliados, especialmente os militantes, ficam no direito de indagar por que razão continuarão a defender Dilma, quando ela deixa de representar qualquer veleidade de projeto político. 
MICHEL TEMER (Vice-Presidente da República e Presidente do PMDB) e
LULA (ex-Presidente da República e manda-chuva do PT):
São eles que governam, de fato, o Brasil!!!

Ao entregar o Ministério da Saúde para o fisiologismo, Dilma Rousseff atravessou o Rubicão [leia nota ao final deste artigo]. A Saúde tornara-se o símbolo maior de blindagem contra a fisiologia. Com alguns problemas pontuais, a partir do governo Collor o Ministério foi comandado sucessivamente por Ministros ligados ao tema, a formidável bancada da saúde, acima das paixões e dos partidos, fornecendo quadros para as administrações federal e estaduais.

* * *

O estilo Dilma impõe custos maiores do que o razoável.

A presidente persiste em determinada posição brigando com os fatos até o limite da ruptura. Rende-se apenas na penúltima hora, e aí o custo do acordo cresce exponencialmente.

Foi assim com a demora inexplicável em substituir a diretoria da Petrobras, a lenha que jogou na fogueira de Pasadena, o atraso com que substituiu Aloisio Mercadante.

* * *

Com a última leva de concessões, os aliados, especialmente os militantes, ficam no direito de indagar por que razão continuarão a defender Dilma, quando ela deixa de representar qualquer veleidade de projeto político.

O jogo atual um capítulo a mais em um enredo complexo cujo desfecho marca o fim do ciclo político pós-redemocratização.

Vem a redemocratização e a liderança do processo político cabe ao PMDB. A extraordinária voracidade com que foi ao pote racha a frente democrática.

Nascem, então, os dois partidos que iriam dominar a cena política dali para frente: o PSDB com sua bandeira supostamente antipopulista e de responsabilidade fiscal; o PT, com suas bandeiras sociais.  E, para garantir a governabilidade, o PRESIDENCIALISMO DE COALIZÃO, inaugurado por Fernando Henrique Cardoso, tendo como ponto de equilíbrio os coronéis políticos eletrônicos – a maioria com poder garantido pela aliança com os grandes grupos de comunicação.

* * *

A era LULA leva ao limite o modelo, loteando diretorias da Petrobras justo no momento em que a empresa ampliava de forma inédita seus investimentos.

A dinheirama que jorrou de forma descontrolada da empresa ajudou a engordar a nova velhíssima geração de políticos do baixíssimo clero que ascendeu à Câmara.

Das entranhas do petrolão nasceu a força da bancada fluminense do PMDB, com seus caciques Sérgio Cabral, Eduardo Paes e Eduardo Cunha. Os mesmos recursos irrigaram a liderança abortada de Eduardo Campos, que estava pronto para descer do Nordeste com uma tropa de causar inveja nos legionários fluminenses.

* * *

Daqui para frente, o quadro partidário é de fim de festa, com a crise quase terminal dos principais partidos, e a indefinição programática dos novos partidos que surgem.

PT – o pragmatismo afastou do PT movimentos sociais e da intelectualidade. O petrolão acentuou a perda de legitimidade. Agora, o PT está sendo sangrado diariamente pela ação de Dilma, preso a uma armadilha fatal: não é governo, mas não pode ser oposição. Cada medida do governo Dilma aprofunda o distanciamento da base. Dispõe ainda de uma militância aguerrida. Mas parte dela seguramente migrará para o novo partido de Marina Silva. Tem como última reserva o prefeito de São Paulo Fernando Haddad, às voltas com o antipetismo da cidade.

PSDB - deixou definitivamente de ser alternativa de poder. Sua marca era a responsabilidade fiscal. Decidiu ser populista sem povo, incendiário e predador, conduzidos por uma liderança imatura, como Aécio Neves. Seu último programa eleitoral matou qualquer ilusão. Nele, as principais lideranças garantem que votarão em todas as medidas que beneficiem o povo e contra todas as medidas que signifiquem cortes de direito. A bandeira do quanto pior, melhor, vai colar inexoravelmente no partido. Já está perdendo os liberais. E se contentará com Rebeldes Online e outros grupos adequados ao nível mental de Aécio e do novo PSDB.

PMDB – a dispersão de comando aumentou a voracidade dos grupos internos. Dificilmente conseguirá traduzir em projeto de governo sua atual influência política. Nenhum intelectual de peso ousará cerrar fileiras com o partido.

Ainda é muito cedo para apostas sobre o novo jogo político.

Da etapa atual restará Lula articulando uma frente amplana qual caberá o PT e os aliados do PMDB. E os liberais se agrupando em torno da Rede [partido fundado por Marina Silva], jogando o PSDB ao mar.

O Rede será um dos vitoriosos da nova fase, mas preso a um paradoxo de nascença: está aberto a um conjunto de grupos sociais descrentes do PT, mas sua ideologia econômica é a do liberalismo arraigado, contra o Estado de bem-estar e reticente em relação aos gastos sociais.

Até 2018 muita água irá correr.

N O T A

A expressão “atravessar o Rubicão” refere-se a um fato histórico ocorrido em 10 de janeiro de 49 a.C., quando o general e estadista romano Caio Júlio César tomou uma decisão crucial: atravessar o rio Rubicão com seu exército, transgredindo a lei do Senado que determinava o licenciamento das tropas toda vez que o general de Roma entrasse na Itália pelo norte.  Este ato foi uma declaração de guerra civil contra Pompéia, que detinha poder sobre Roma. Com as palavras alea jacta est (a sorte está lançada), César resolveu voltar com suas legiões à cidade. Uma vez atravessado o Rubicão e já em terras romanas, ele sabia que não tinha volta. Ou ele e seus soldados tomavam a cidade, ou Pompéia os destruiria. A decisão de César mudou o rumo da história. Antes que ele atravessasse o rio, a tomada de Roma era apenas uma ideia, um desejo que ele poderia concretizar. Desde aí, a expressão “atravessar o Rubicão” adquiriu um significado paradigmático de qualquer situação que chegue a um ponto de não retorno.

Fonte: GGN – O Jornal de Todos os Brasis – Quinta-feira, 1 de outubro de 2015 – 18h29 – Internet: clique aqui.

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