«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 9 de abril de 2016

Apresentando a Exortação Apostólica sobre a Família

Cardeal Christoph Schönborn:
“É preciso confiar na consciência dos fiéis”

Thácio Siqueira

Na apresentação da Exortação Amoris Laetitia o cardeal de Viena
destacou o papel do discernimento pessoal
Cardeal Christoph Schönborn
apresenta a nova Exortação Apostólica Pós-Sinodal sobre a Família

A maior intervenção durante a apresentação da exortação pós-sinodal Amoris Laetitia [Alegria do amor], acontecida na manhã de sexta-feira [08/abril] na Sala de Imprensa da Santa Sé, foi a do cardeal de Viena [Áustria], Christoph Schönborn. O prelado ressaltou, por ativa e por passiva, o papel do discernimento.

Com o seu discurso, o cardeal de Viena, no começo da sua apresentação, disse que normalmente os textos eclesiásticos são de difícil leitura, mas esse texto é bastante claro e de boa leitura. Logo em seguida, partindo do seu próprio exemplo, de ter vindo de uma família “irregular”, relatou como é um problema separar essas duas realidades: situações regulares por um lado e situações irregulares por outro. “O discurso da Igreja pode ferir aqueles que vêm de famílias irregulares”, portanto, “Ninguém deve sentir-se condenado ou desprezado”.

O prelado notou que algo mudou no discurso eclesiástico. O tom se tornou mais rico de estima. Acolheu-se os diversos estilos de vida sem julgá-los. Por trás há um profundo respeito perante cada pessoa, cada homem. Portanto, disse o cardeal, esse documento supera a divisão: regular e irregular.

Explica, porém, que “Não se torna relativismo essa tão invocada misericórdia”, que “Não favorece um certo laicismo” e que nesse sentido, completa, o Papa Francisco não deixa dúvida sobre o seu ponto de vista.

O prelado destacou que o “O Papa Francisco nos convida a falar das nossas famílias assim como são” e não de forma abstrata e teórica. E que, por isso, “somos chamados a formar as consciências e não a substituí-las”.

Comparando com o tema da educação dos filhos, também tratado na exortação, o prelado afirmou que existem dois perigos contrários:
* O deixar fazer [deixar acontecer, não intervir e se importar] e
* a obsessão de querer dominar tudo, de controlar a vida dos filhos.
Nesse sentido, nenhum dos dois permite uma verdadeira formação da consciência.

É preciso, portanto, confiar na consciência dos fiéis. Mas, como se formam as consciências? – se perguntou o prelado. Por meio do discernimento pessoal. O discernimento é um conceito central nos exercícios de santo Inácio de Loyola, destacou.

Seguindo em frente Christoph Schönborn pediu para se dar especial atenção à leitura dos capítulos 4 e 5, pelo seu conteúdo, e não cair na tentação de pulá-los para chegar rápido aos pontos polêmicos.

O 4º capítulo é um amplo comentário ao capítulo da caridade da Primeira Epístola aos Coríntios capítulo 13. O papa fala aqui das paixões, emoções, egos, sexualidade da vida familiar. E se prende aqui a São Tomás de Aquino, diz o prelado.

Todo este documento é profundamente tomístico – afirmou. Porque é a grande visão de São Tomás da felicidade como meta da vida. Só o bem atrai. Por isso São Tomás fala tanto da importância das Paixões. É muito importante as paixões para a vida moral.

Mas, e diante das tantas feridas do amor?

O n. 300 da Amoris Letitia toca com profundidade o tema. Muitos esperavam uma norma – ressaltou o prelado –, mas ficarão decepcionados. É possível somente um novo impulso para um discernimento responsável e pastoral dos casos particulares.

Trata-se de um itinerário de acompanhamento e discernimento desses fiéis, lembrou, que, contudo, nunca poderá prescindir das exigências de verdade e de caridade.

Nesse ponto o cardeal de Viena destacou duas posições errôneas:
* o rigorismo (aplicando regras morais, como se fossem pedras jogadas nas pessoas); e por outro lado,
* a Igreja não pode renunciar ao projeto do matrimônio.

E para responder à pergunta que estará, possivelmente, em muitas manchetes de jornais ao redor do mundo: O que diz o papa sobre o acesso aos sacramentos das pessoas irregulares? Não existem simples receitas. Necessidade de discernir bem as situações. Por amor à verdade os pastores são obrigados a discernir as situações. Para ajudar os caminhos possíveis e todos são convidados a não julgar ninguém e nem se acharem justos ou justificados, mas buscar cada um a sua conversão.

O discernimento, por natureza sua, comporta uma certa incerteza, disse ao final da coletiva, ao responder à uma questão levantada por ZENIT. Quanto mais se desce à situação concreta fica mais complicado discernir segundo São Tomás, recordou o prelado. Isso é ligado a uma certa angústia. Sempre será assim, um sacerdote será mais severo, outro menos.

Por fim, deu esse conselho a todos os bispos do mundo: “Seria bom para os bispos escutar os casais e ver como eles leem e interpretam o texto”, assim como foi feito na própria apresentação da exortação, com a presença e as palavras do casal Miano.

Fonte: ZENIT.ORG – Sexta-feira, 8 de abril de 2016 – Internet: clique aqui.

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