«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quinta-feira, 14 de abril de 2016

SIMPLESMENTE, LEIA... E MEDITE ! ! !

Sou contra o impeachment porque
penso no dia seguinte

Luiz Eduardo Soares
Antropólogo, escritor, dramaturgo e professor de Filosofia Política da UERJ

Passando o impeachment, fecham-se as tampas para mais mudanças.
O Brasil perderá a potência da Lava-Jato, esse fenômeno único e transformador em nossa história.
Além disso, o país será submetido a um arrocho sem precedentes.
Quem pagará o preço, mais uma vez, serão os mais pobres. 
LUIZ EDUARDO SOARES

Amig@s, não tenho a intenção de demonizar ninguém que seja a favor do impeachment, tenho muitos amigos favoráveis e a maioria de meu partido [Rede Sustentabilidade] prefere o impeachment. Quero apenas compartilhar as razões pelas quais sou contra, razões que tenho repetido há meses, em textos e debates públicos.

Aprovado o impeachment, no dia seguinte, a mídia vai clamar por uma trégua para que o novo presidente possa trabalhar em paz e para que a economia se reequilibre. O ministro Gilmar Mendes, novo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), vai empurrar com a barriga o processo contra a chapa Dilma-Temer, para não desestabilizar o novo governo. Dirá: “O Brasil não aguenta outra queda de presidente”.

Editorialistas escreverão: “A economia não resistirá a uma nova perturbação da ordem. Deixem as eleições para 2018. Agora, todos devem dar uma trégua ao presidente Temer. Agora, vamos trabalhar para restabelecer a confiança e reeguer a economia”.

O ministro da Justiça será forte, fortíssimo, alguém com autoridade para segurar a polícia federal (e atenção, confio na integridade e independência da Polícia Federal e do Ministério Público, mas sei quão poderosas podem ser as pressões e manipulações na contra-mão da vontade dos profissionais). Quem? Talvez um ex-ministro da Defesa e da Justiça, ex-presidente do Supremo. Este ministro forte agirá.

A Lava-Jato, que é, não nos enganemos, a grande moeda política no Congresso, razão para que dezenas de suspeitos e investigados votem contra ou a favor do impeachment, a Lava-Jato vai sair das manchetes e escorregar para as páginas policiais. E boa parte da população, iludida, vai celebrar a derrota da corrupção, como se o PT fosse o único partido corrupto, como se Temer e o PMDB não fossem cúmplices do PT, como se esta gigantesca manobra de Cunha et caterva [e sua gangue] não tivesse como objetivo justamente neutralizar a Lava-Jato.

Quem for a favor do impeachment por acreditar que depois de derrubar Dilma o povo pressionará pelo impeachment de Temer, vive no mundo da lua. Quem for a favor, supondo que a lição será dada ao PT e logo depois ao PMDB, com a cassação da chapa no TSE, está inteiramente equivocado.

Passando o impeachment, fecham-se as tampas para mais mudanças. O Brasil perderá a potência da Lava-Jato, esse fenômeno único e transformador em nossa história – independentemente de seus erros. Além disso, o país será submetido a um arrocho sem precedentes. Quem pagará o preço, mais uma vez, serão os mais pobres. O país trocará Dilma pelos direitos dos trabalhadores e pela oportunidade única em sua história de passar a limpo essa classe política degradada, em seu conjunto.

O único caminho promissor é o impeachment não ser aprovado, porque, no dia seguinte, todas as expectativas da sociedade se voltarão para o TSE e não haverá a possibilidade do engavetamento. A chapa Dilma-Temer será cassada e haverá novas eleições. As provas são cabais de que houve uso, na campanha, de recursos oriundos de corrupção. Quem cairá será a chapa Dilma-Temer, porque esses recursos não elegeram somente Dilma, elegeram também Michel Temer.

Portanto, se você quer novas eleições, quer a continuidade da Lava-Jato e quer um enfrentamento vigoroso, sem tréguas e profundo à corrupção, diga não ao impeachment. Se eu fosse deputado e tivesse a chance de votar, diria, apontando para Eduardo Cunha: “Considero o governo federal corrupto e abjeto, indefensável ética e politicamente, mas voto não ao impeachment porque não vou entregar meu país a Vossa Excelência e a seu grupo inqualificável (como deputado, estaria livre para aplicar os adjetivos apropriados), não vou entregar o Brasil a V.Exa., a Michel Temer, a Renan Calheiros. Os senhores são cúmplices, são a outra face da mesma moeda. Novas eleições, já. E se esta Casa tivesse vergonha, faria o impensável: renunciaria, coletivamente, para que as novas eleições fossem gerais. Como isso não vai acontecer, a Nação deve voltar os olhos para o TSE e cobrar decisão urgente."

Você, favorável ao impeachment, creia: provavelmente sou tão crítico ao PT quanto você, desde o desgoverno na economia à derrocada ambiental, do atoleiro político à degradação ética. Mas prezo a Lava-Jato e não sou ingênuo: não creio que os problemas do Brasil se resumam ao PT. Quem acreditar nisso está iludido e dará, involuntariamente, sobrevida à corrupção e às mazelas nacionais, na política.

Como prova de que este estudioso e escritor
não é um defensor do PT, de Lula e de Dilma, nem
cego diante do que houve na política brasileira nesses
últimos tempos, clique aqui e assista
um vídeo com uma intervenção que ele fez em um debate.

Fonte: Justificando – Coluna – Terça–feira, 12 de abril de 2016 – Internet: clique aqui.

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