«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 26 de abril de 2016

Isso, sim, é repugnante!

Os repugnantes

Eliane Cantanhêde

Todos são “repugnantes” para Lula! Inclusive aquele que
foi seu economista preferido?
HENRIQUE MEIRELLES
Economista e banqueiro que foi o homem forte da economia nos 8 anos de Lula presidente,
agora é o convidado para dirigir a economia brasileira novamente

Em discurso para líderes partidários de vários continentes, ontem [25/abril], Lula comparou a votação do impeachment de Dilma Rousseff na Câmara a “um pelotão de fuzilamento composto pelo que há de mais repugnante na política”. Só esqueceu de um detalhe: esse mesmo pelotão integrou o seu governo, e o da própria Dilma, durante longos 13 anos. Eram o que há de melhor e viraram o que há de mais repugnante. Mágica!

Por falar nisso, Michel Temer, o “traidor” e “conspirador” escolhido por Lula e Dilma para a Vice-Presidência do primeiro e do segundo mandato dela, está, respaldado pela Constituição e atento ao processo de impeachment no Senado, afunilando a escolha do ministro da Fazenda em dois nomes: Henrique Meirelles e, como Plano B, Murilo Portugal.

Será que Lula vai ter coragem de dizer que Meirelles, presidente do Banco Central e homem forte da economia nos oito anos do seu mandato, também está entre o que há de “mais repugnante” na política e na vida nacional? Lula tem se mostrado capaz de tudo, mas iria tão longe?

Meireles não é santo e também é polêmico, mas, além de ter prestígio interno e internacional, tem outra imensa vantagem: atinge o coração do discurso lulista e governista de que há um “golpe” e tudo desandou por culpa da oposição. Maestro da política econômica na época da euforia com Lula, ele é um contraponto desconfortável para a era Dilma, que levou o País à beira do precipício, com as contas públicas em frangalhos, risco de três inéditos anos de recessão, quebradeira, desemprego e mau humor.

Em 11/5/2014, bem no meio da campanha eleitoral, quando foi rejeitado por Dilma e era cortejado como vice na chapa do tucano Aécio Neves, Meirelles publicou um artigo, sob o título Pecados Nada Originais [para lê-lo, clique aqui], com críticas claras, assumidas e ácidas à “nova matriz econômica” que, inventada no governo Dilma, deu no que deu. Está ali, em Dilma e no fim dos anos Lula, a origem da crise, não na oposição.
HENRIQUE MEIRELLES E LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
O economista sempre foi o inspirador e interlocutor preferido de Lula para assuntos econômicos!

Durante a maior parte dos cinco anos de Dilma, já com as coisas indo ladeira abaixo, Lula advertiu que as extravagâncias da pupila não dariam certo e fez de tudo para derrubar José Eduardo Cardozo, Joaquim Levy e, depois, Nelson Barbosa. Sua intenção era impor Nelson Jobim na Justiça e Meirelles na Fazenda. Dilma, teimosa como uma porta, nunca aceitou.

Resultado: agora, com a casa arrombada, ela assiste ao longe, impotente, passando vergonha, as negociações de Temer com os dois “notáveis” que Lula defendeu e ela sempre recusou. Jobim seria um grande nome no governo pós-impeachment, não fosse ele advogado de empreiteiras da Lava Jato. E Meirelles só não irá para a Fazenda se não quiser. Neste caso, abrindo a porta para Murilo Portugal. Aceitando o cargo, Meirelles seria um troféu e tanto na dissidência maciça que atropela Dilma e que, repugnante ou não, foi disputada a tapas por Lula, no seu quarto de hotel, e pela própria Dilma, ainda em palácio [isso, sim, é repugnante!].

O ex-presidente do Banco Central foi só mais um entre os mais de dez ministros lulistas que não votaram em Dilma na reeleição de 2014, quando ela ganhou com um discurso falacioso que enganou milhões de pessoas, mas não quem conhece a história de dentro. Hoje, porém, ele seria mais do que isso. Seria “o” ministro do governo Temer, para corrigir tantos e tão variados erros que sua inimiga cometeu e que estão lhe custando o mandato.

Agora é esperar para ver como Lula se comportará diante de um Meirelles “lulista”, “financista”, “anti-Dilma” e obrigado a fazer um ajuste fiscal que o ex-presidente sabe que é fundamental. Será que, se Meirelles virar o nome forte de Temer na economia, Lula terá que ficar de boca calada pela primeira vez na vida? Ou será que ele vai descascar em cima de Meirelles, enquanto os petistas, como sempre, fingem que não sabem quem é e juram que não têm nada a ver com esse “repugnante” Henrique Meirelles?

Fonte: O Estado de S. Paulo – Política – Terça-feira, 26 de abril de 2016 – Pág. A6 – Internet: clique aqui.

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