«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quinta-feira, 21 de abril de 2016

É disto que devemos ter medo!

Democracia insatisfatória

José Roberto Toledo

A insatisfação com a democracia nunca foi tão grande no Brasil!
A pesquisa do Ibope sugere que, quando é boa demais para os políticos,
a democracia à brasileira é insatisfatória para todos os demais interessados. 
PRÉDIOS DO CONGRESSO NACIONAL OCUPADOS POR MANIFESTANTES
Esse gesto simbólico - o povo ocupando a sede do poder que ele conferiu aos políticos - ocorrido no
dia 17 de junho de 2013 em Brasília (DF) é expressão de um povo que não
acredita mais na classe política!!!

A insatisfação com a democracia nunca foi tão grande no Brasil – pelo menos desde 2008, quando o Ibope começou a medi-la. Pesquisa inédita do instituto e publicada com exclusividade pela coluna mostra que 49% dos brasileiros se dizem “nada satisfeitos” com o funcionamento da democracia no Brasil. Somam-se a eles outros 34% que se dizem “pouco satisfeitos”.

Só 14% afirmaram ao Ibope estar “satisfeitos” (12%) ou “muito satisfeitos” (2%) com o regime democrático. O resto não quis ou não soube responder. O recorde negativo anterior era de 2015, com 45% de “nada satisfeitos”. Os 49% de insatisfação atuais com a democracia são especialmente altos quando comparados aos 13% de 2010 ou mesmo aos 22% de 2014. A pesquisa foi feita entre os dias 14 e 18 de abril.

A insatisfação é maior no Sudeste (52%), entre quem completou só o ensino Fundamental (58%), nas cidades de médio porte (55%), nas periferias das metrópoles (52%) e entre evangélicos (53%). Não há diferença significativa por faixa de renda nem entre eleitores que votaram em Dilma Rousseff ou Aécio Neves.

Como consequência da insatisfação, o apoio à democracia entre os brasileiros também é o mais baixo em quase uma década. Só 40% concordaram com a frase “a democracia é preferível a qualquer outra forma de governo. A concordância com essa afirmação chegou a ser de 55% em 2009. Caíra desde então, até 46% em 2014.

Em contrapartida à nova queda da preferência pelo regime democrático, cresceram os indiferentes. Pularam de 18% em 2014 para 34% em 2016 os que concordam com a frase “para as pessoas em geral, dá na mesma se um regime é democrático ou não.

A única boa notícia da pesquisa é que a fatia dos simpatizantes com o totalitarismo diminuiu. A concordância com a frase em algumas circunstâncias, um governo autoritário pode ser preferível a um governo democráticonunca foi tão baixa: 15% agora, contra 20% em 2014. Antes disso, oscilava de 18% a 19%.
JAIR BOLSONARO (à esquerda) e EDUARDO CAMPOS (à direita) em culto numa igreja evangélica.
Ambos são muito nocivos à democracia, mas Eduardo Campos é bem mais!
Ele provou que seu jeito de fazer política compensa! Ninguém consegue, até agora, tirá-lo do poder!

Os resultados sugerem que Eduardo Cunha tem mais impacto negativo sobre a democracia do que Jair Bolsonaro. Enquanto este se limita a uma fatia cadente da população, o outro é capaz de espalhar o descrédito do sistema entre o dobro de brasileiros.

Cunha provou que o seu jeito de fazer política compensa:
* O Supremo não tem data para julgá-lo.
* A Comissão de Ética não consegue votar nada contra ele.
* E, enquanto colhe elogios dos colegas mais assanhados,
* dá folga aos deputados e chantageia os senadores com o trancamento da pauta legislativa até votarem o que ele quer quando ele quiser.

Sem medo de nada ou de ninguém, [Eduardo Cunha] provoca excitação em ex-presidiários que não tiveram a mesma astúcia e, talvez por isso, considerem-no seu vilão preferido.

A impunibilidade de Eduardo Cunha é a prova definitiva de que o sistema político brasileiro visa o interesse exclusivo de seus atores. Quanto mais protagonista é no elenco, mais impunível o parlamentar se torna. O exemplo que ele consolida a cada nova artimanha não será esquecido jamais por essa geração. E servirá de inspiração para quem vier a substituí-lo. Ser Cunha compensa.

Não importam novas denúncias, tampouco pesam as repetidas manipulações do regimento da Câmara. Sua imagem é a de que não há juiz, policial, parlamentar ou presidente que possa com ele. Mesmo que o Supremo Tribunal Federal, num acesso de coragem, marque o julgamento de Cunha pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva para amanhã, o precedente que ele estabeleceu é permanente.

Todos os deputados que elogiaram as qualidades de Cunha antes, durante e depois da votação do impeachment de Dilma são um testemunho de que o homem pode passar, mas seu estilo ficará.

Colocados lado a lado, o sucesso de Cunha e a pesquisa do Ibope sugerem que, quando é boa demais para os políticos, a democracia à brasileira é insatisfatória para todos os demais interessados.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Política – Quinta-feira, 21 de abril de 2016 – Pág. A6 – Internet: clique aqui.

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