«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Catequese do Papa: distinguir entre pecado e pecador

Redação e Rádio Vaticano

A Palavra de Deus ensina a distinguir entre o pecado e o pecador, disse o Papa em mais uma catequese sobre misericórdia 
PAPA FRANCISCO
Passa em meio à multidão presente na Praça São Pedro para a Audiência Geral
Quarta-feira, 20 de abril de 2016

Francisco comentou o trecho bíblico do Evangelho de Lucas 7,36-50, que mostra a história da mulher pecadora que chorou por seus pecados aos pés de Jesus, quando Ele Se encontrava à mesa na casa de um fariseu chamado Simão. O Santo Padre destacou a diferença de comportamento do fariseu, que embora tenha convidado Jesus não queria arriscar sua reputação, e o da mulher, que se confiou plenamente a Jesus com amor e veneração. Mas a Palavra de Deus ensina a distinguir entre o pecado e o pecador.

Entre o comportamento do fariseu e o da pecadora, o Senhor escolhe a mulher. Livre de preconceitos que impeçam a misericórdia de se expressar, o Mestre deixa que ela faça o que lhe diz o coração: Ele Se deixa tocar por ela, sem medo de ser contaminado. Jesus é livre, porque está próximo de Deus. E esta proximidade ao Pai Misericordioso, dá a Cristo a liberdade”, acrescentou.

Jesus concedeu à mulher o perdão dos pecados, tirando-a da condição de isolamento à qual havia sido condenada por Simão e pelos fariseus. “De um lado, está a hipocrisia dos doutores da lei. De outro, a sinceridade, a humildade e a fé da mulher. Todos somos pecadores, mas muitas vezes caímos na tentação da hipocrisia, de acreditar que somos melhores que os outros. Todos devemos olhar os nossos pecados, as nossas caídas, os nossos erros. E olhemos para o Senhor. Esta é a linha da salvação entre o pecador e o Senhor. Se me sinto justo, esta relação de salvação não existe”.

O Papa atentou ainda para o fato de que Deus viu a sinceridade da fé da mulher e da sua conversão. Em Jesus habita a força da misericórdia de Deus, capaz de transformar os corações, disse. Neste texto, ressaltou Francisco, o termo “graça” é praticamente sinônimo de misericórdia.

Abaixo, pode-se ler a íntegra da Catequese de Papa Francisco:


AUDIÊNCIA GERAL
CATEQUESE
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 20 de abril de 2016

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Hoje queremos nos concentrar em um aspecto da misericórdia bem representado pelo trecho do Evangelho de Lucas que ouvimos. Trata-se de um fato acontecido a Jesus enquanto era hóspede de um fariseu de nome Simão. Este quis convidar Jesus à sua casa porque tinha ouvido falar bem Dele como de um grande profeta. E enquanto se encontram sentados à mesa, entra uma mulher conhecida por todos na cidade como uma pecadora. Esta, sem dizer uma palavra, coloca-se aos pés de Jesus e cai aos prantos; as suas lágrimas banham os pés de Jesus e ela as enxuga com os seus cabelos, depois lhe beija e lhe unge com um óleo perfumado que levou consigo.

Ressalta o confronto entre as duas figuras: aquela de Simão, o zeloso servidor da lei, e aquela da pecadora anônima. Enquanto o primeiro julga os outros com base nas aparências, a segunda, com os seus gestos, exprime com sinceridade o seu coração. Simão, mesmo tendo convidado Jesus, não quer se comprometer nem envolver a sua vida com o Mestre; a mulher, ao contrário, se confia plenamente a Ele com amor e com veneração.

O fariseu não concebe que Jesus se deixe “contaminar” pelos pecadores. Ele pensa que se fosse realmente um profeta deveria reconhecê-los e manter-se distante para não ser manchado, como se fossem leprosos. Essa atitude é típica de um certo modo de entender a religião e é motivado pelo fato de que Deus e o pecado se opõem radicalmente. Mas a Palavra de Deus nos ensina a distinguir entre o pecado e o pecador: com o pecado não se deve ter compromisso, enquanto os pecadores – isso é, todos nós! – são como os doentes, que precisam ser curados, e para curá-los é preciso que o médico se aproxime deles, visite-os, toque-os. E, naturalmente, o doente, para ser curado, deve reconhecer ter necessidade do médico!

Entre o fariseu e a mulher pecadora, Jesus se une a esta última. Jesus, livre de preconceitos que impedem a misericórdia de se exprimir, deixa-a fazer. Ele, o Santo de Deus, deixa-se tocar por ela sem temor de ser contaminado. Jesus é livre, porque próximo a Deus que é Pai misericordioso. E esta proximidade a Deus, Pai misericordioso, dá a Jesus a liberdade. Antes, entrando em relação com a pecadora, Jesus coloca fim àquela condição de isolamento a que o julgamento impiedoso do fariseu e dos seus concidadãos – que a exploravam – a condenava: “Os teus pecados estão perdoados” (v. 48). A mulher agora pode seguir “em paz”. O Senhor viu a sinceridade da sua fé e da sua conversão; por isso, diante de todos, proclama: “A tua fé te salvou” (v. 50). Por um lado, aquela hipocrisia do doutor da lei, por outro lado, a sinceridade, a humildade e a fé da mulher. Todos nós somos pecadores, mas tantas vezes caímos na tentação da hipocrisia, de acreditarmos ser melhores que os outros e dizemos: “Olha o teu pecado…”. Todos nós devemos, em vez disso, olharmos para o nosso pecado, as nossas quedas, os nossos erros e olhar para o Senhor. Esta é a linha da salvação: a relação entre o “eu” pecador e o Senhor. Se eu me sinto justo, esta relação de salvação não se dá.

Nesse ponto, um espanto ainda maior atinge os que estão à mesa: “Quem é este que perdoa até os pecados?” (v. 49). Jesus não dá uma resposta explícita, mas a conversão da pecadora está diante dos olhos de todos e demonstra que Nele resplandece o poder da misericórdia de Deus, capaz de transformar os corações.

A mulher pecadora nos ensina a ligação entre fé, amor e reconhecimento. Foram-lhe perdoados “muitos pecados” e por isso ama muito; “em vez disso aquele ao qual se perdoa pouco, ama pouco” (v. 47). Também o próprio Simão deve admitir que ama mais aquele ao qual foi condenado mais. Deus inclui todos no mesmo mistério de misericórdia; e deste amor, que sempre nos precede, todos nós aprendemos a amar. Como recorda São Paulo: “Em Cristo, mediante o seu sangue, temos a redenção, o perdão das culpas, segundo a riqueza da sua graça. Ele a derramou em abundância sobre nós” (Ef 1,7-8). Neste texto, o termo “graça” é praticamente sinônimo de misericórdia e é dita “abundante”, isso é, além da nossa expectativa, porque atua o projeto salvífico de Deus por cada um de nós.

Queridos irmãos, somos reconhecidos pelo dom da fé, agradeçamos ao Senhor pelo seu amor assim grande e imerecido! Deixemos que o amor de Cristo se derrame em nós: neste amor o discípulo se baseia e se funda; deste amor cada um pode se alimentar e alimentar. Assim, no amor reconhecido que derramamos sobre nossos irmãos, nas nossas casas, em família, na sociedade se comunica a todos a misericórdia do Senhor.

Traduzido do italiano por Jéssica Marçal.

Fonte: Canção Nova – Especiais – Papa Francisco – Catequese – Quarta-feira, 20 de abril de 2016 – 12h56 – Internet: clique aqui e aqui.

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