«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Papa na catequese: quem ignora o sofrimento do homem ignora Deus

Da Redação, com Rádio Vaticano

Ignorar o sofrimento do homem o que significa? Significa ignorar Deus!
Se eu não me aproximo daquele homem, daquela mulher, daquela criança, daquele ancião ou anciã que sofre, não me aproximo de Deus.
PAPA FRANCISCO
chegando à Praça São Pedro, no Vaticano, para a Audiência Geral da
Quarta-feira, 27 de abril de 2016

A Parábola do Bom Samaritano foi o foco da catequese do Papa Francisco nesta quarta-feira, 27 de abril, com mais de 25 mil fiéis de Roma e de todo o mundo.

Francisco resumiu aos fiéis a parábola: um homem, viajando no caminho entre Jerusalém e Jericó, foi interceptado por bandidos que o roubaram e o agrediram. Um sacerdote, um levita e um samaritano passaram por ali. O sacerdote e o levita eram religiosos, conheciam a Palavra de Deus, mas ignoraram o homem que acabava de ser assaltado e agredido. A ajuda veio do samaritano, um judeu cismático, visto como estrangeiro, pagão e impuro.

Conhecer a Bíblia não significa saber amar

“O primeiro ensinamento na parábola é este: não é automático que quem frequenta a casa de Deus e conhece a sua misericórdia saiba amar o próximo. Você pode conhecer toda a Bíblia, toda a teologia, mas o amor… vai por outro caminho! Diante do sofrimento de tanta gente que sofre fome, violência e injustiças, não podemos ser meros espectadores. Ignorar o sofrimento do homem significa ignorar Deus!”, frisou o Papa.

Francisco destacou que o centro da parábola é o samaritano, homem desprezado e que tinha seus afazeres, mas teve compaixão e fez de tudo para ajudar o homem necessitado. “Esta é a diferença. Os outros dois viram, mas seus corações ficaram impassíveis enquanto o coração do bom samaritano estava ‘sintonizado’ com o coração de Deus. Em seus gestos e ações, identificamos o agir misericordioso de Deus: é a mesma compaixão com que o Senhor vem ao encontro de cada um de nós”.

O samaritano doou-se completamente ao homem que necessitava, empregando cuidado, tempo e até dinheiro. Segundo o Papa, isso ensina que a compaixão e o amor não são meros sentimentos vagos, mas significam cuidar do outro, comprometer-se, identificar-se com ele. “Amarás o próximo como a ti mesmo”, é o mandamento do Senhor, recordou o Papa.

“Não devemos classificar os outros e ver quem é próximo e quem não o é. Podemos nos tornar próximos de quem quer que esteja em necessidade, e o seremos se tivermos compaixão em nosso coração”.

Abaixo, você pode ler a íntegra da Catequese de papa Francisco:


PAPA FRANCISCO
Audiência Geral
Catequese sobre a Misericórdia
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 27 de abril de 2016

Caros irmãos e irmãs, bom dia!

Hoje, refletimos sobre a parábola do bom samaritano (cf. Lc 10,25-37). Um doutor da Lei põe Jesus à prova com esta pergunta: «Mestre, o que devo fazer para herdar a vida eterna?» (v. 25). Jesus pede-lhe que dê, por si mesmo, a resposta, e ele lha dá perfeitamente: «Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua força e com toda a tua mente, e o teu próximo como a ti mesmo» (v. 27). Jesus, então, conclui: «Faça isto e viverás» (v. 28).

Porém, aquele homem lhe põe uma outra pergunta, que se torna muito preciosa para nós: «Quem é o meu próximo?» (v. 29), e subentende: «os meus parentes? Os meus compatriotas? Aqueles da minha religião?...». Enfim, ele deseja uma regra clara que lhe permita classificar os outros em «próximo» e «não-próximo», naqueles que possam tornar-se próximos e naqueles que não possam tornar-se próximos.

E Jesus responde com uma parábola, que apresenta um sacerdote, um levita e um samaritano. Os dois primeiros são figuras ligadas ao culto do templo; o terceiro é um judeu cismático, considerado como um estrangeiro, pagão e impuro, isto é, o samaritano. Sobre a estrada de Jerusalém a Jericó, o sacerdote e o levita esbarram em um homem moribundo, que os ladrões atacaram, assaltaram e abandonaram. A Lei do Senhor, em situações semelhantes, previa a obrigação de socorrê-lo, mas ambos passam adiante sem parar. Estavam com pressa... O sacerdote, talvez, olhou o relógio e disse: «Mas, chego tarde para a Missa... Devo celebrar a Missa». E o outro disse: «Mas, não sei se a Lei me permite isso, porque há sangue ali e eu ficarei impuro...». Vão por um outro caminho e não se aproximam.

E aqui, a parábola nos oferece um primeiro ensinamento: não é automático que aquele que frequenta a casa de Deus e conhece a sua misericórdia saiba amar o próximo. Não é automático! Tu podes conhecer toda a Bíblia, podes conhecer todas as rubricas litúrgicas, podes conhecer toda a teologia, mas do conhecimento não é automático o amor: o amor tem outro caminho, é preciso a inteligência, mas também algo a mais... O sacerdote e o levita veem, mas ignoram; olham, mas não oferecem. No entanto, não existe verdadeiro culto se ele não se traduz em serviço ao próximo. Não nos esqueçamos jamais: diante do sofrimento de tanta gente exaurida pela fome, pela violência e pelas injustiças, não podemos ser meros espectadores. Ignorar o sofrimento do homem o que significa? Significa ignorar Deus! Se eu não me aproximo daquele homem, daquela mulher, daquela criança, daquele ancião ou anciã que sofre, não me aproximo de Deus.

Mas, vamos ao centro da parábola: o samaritano, isto é, justamente aquele desprezado, aquele sobre o qual ninguém teria apostado nada, e que, no entanto, tinha também seus compromissos e suas coisas para fazer, quando viu o homem ferido, não passou adiante como os outros dois, que eram ligados ao Templo, mas «teve compaixão dele» (v. 33). Assim diz o Evangelho: «Teve compaixão dele», isto é, o coração, as entranhas se comoveram! Eis a diferença. Os outros dois «viram», mas seus corações permaneceram fechados, frios. Ao invés, o coração do samaritano estava sintonizado com o próprio coração de Deus.

De fato, a «compaixão» é uma característica essencial da misericórdia de Deus. Deus tem compaixão de nós. O que quer dizer? Sobre com nós, os nossos sofrimentos Ele os sente. Compaixão significa «partilhar com». O verbo indica que as entranhas se movem e estremecem ao ver o mal do homem. Nos gestos e nas ações do bom samaritano reconhecemos o agir misericordioso de Deus em toda a história da salvação. É a mesma compaixão com a qual o Senhor vem ao encontro de cada um de nós: Ele não nos ignora, conhece as nossas dores, sabe quando temos necessidade de ajuda e de consolo. Aproxima-se de nós e jamais nos abandona. Cada um de nós deve fazer-se a pergunta e responder no coração: «Creio nisso? Eu creio que o Senhor tem compaixão de mim, assim como sou, pecador, com tantos problemas e tantas coisas?». Pensar nisso e a resposta é: «Sim!». Mas cada um deve olhar no coração se tem a fé nesta compaixão de Deus, de Deus bom que se aproxima, nos cura, nos acaricia. E se nós o rejeitamos, Ele aguarda: é paciente e está sempre ao nosso lado.

O samaritano se comporta com verdadeira misericórdia: enfaixa as feridas daquele homem, transporta-o até uma hospedaria, tem cuidado pessoal dele e providencia sua assistência. Tudo isso nos ensina que a compaixão, o amor, não é um sentimento vago, mas significa ter cuidado com o outro até pagar pessoalmente. Significa comprometer-se, realizando todos os passos necessários para «aproximar-se» do outro até criar empatia com ele: «amarás o teu próximo como a ti mesmo». Eis o Mandamento do Senhor.

Concluída a parábola, Jesus devolve a pergunta do doutor da Lei e lhe pede: «Quem destes três te parece ter sido próximo daquele que caiu nas mãos dos ladrões?» (v. 36). A resposta é finalmente inequívoca: «Quem teve compaixão dele» (v. 37). No início da parábola, para o sacerdote e o levita, o próximo era o moribundo; ao final, o próximo é o samaritano que se fez próximo. Jesus inverte a perspectiva: não devemos classificar os outros para ver quem é próximo e quem não é. Tu podes tornar-te próximo de quem quer que esteja em necessidade, e o serás se em teu coração tiveres compaixão, isto é, se tiveres aquela capacidade de sofrer com o outro.

Esta parábola é um presente maravilhoso para todos nós, e também um compromisso! A cada um de nós Jesus repete aquilo que disse ao doutor da Lei: «Vai e faz assim também» (v. 37). Todos somos chamados a percorrer o mesmo caminho do bom samaritano, que é figura de Cristo: Jesus se inclinou sobre nós, fez-se nosso servo, e assim nos salvou, para que também nós possamos amar-nos como Ele nos amou, do mesmo modo.

Traduzido do italiano por Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: A Santa Sé – Francisco – Audiências – 2016 – Quarta-feira, 27 de abril de 2016 – Internet: clique aqui

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.