«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

A ORAÇÃO E ESPIRITUALIDADE EM PAUTA

O presente do papa: a oração dos cinco dedos

Andrea Tornielli
Vatican Insider
14-12-2014

"Quando rezo, Deus respira em mim."

Abre-se com essa frase e a assinatura de papa Francisco o livreto de bolso de 40 páginas que, nesse domingo, o papa presenteou os fiéis presentes no Ângelus na Praça de São Pedro, no dia da tradicional bênção dos Bambinelli [Meninos Jesus].

Na capa do livrinho impresso pela Libreria Editrice Vaticana [veja abaixo], acima do título Preghiere [Orações], é reproduzido um afresco do século III, que se encontra nas catacumbas de Priscila e retrata um orante com os braços abertos e voltados para o céu.

No livreto, estão reunidas as orações mais importantes da tradição cristã, as mais conhecidas e fáceis de aprender de cor, para marcar o dia, mas também as situações e as necessidades particulares, sem esquecer de ninguém.

Nas páginas 32-33, está reproduzido o desenho de uma mão com as intenções de oração sugeridas por Francisco, partindo dos cinco dedos [veja ao lado].

1º) O polegar, "o dedo mais próximo de você", nos faz pensar e rezar por aqueles que estão mais próximos de nós, "são as pessoas de quem nos lembramos mais facilmente". Rezar pelos nossos entes queridos "é uma doce obrigação".

2º) O indicador nos lembra de rezar por aqueles que têm a tarefa de dar indicações para os outros, isto é, "aqueles que ensinam, educam e cuidam", categoria que inclui "mestres, professores, médicos e sacerdotes".

3º) O dedo médio é o mais alto e nos lembra dos "nossos governantes", das pessoas "que gerem o destino da nossa pátria e guiam a opinião pública (...) Eles precisam da orientação de Deus".

4º) O quarto dedo é o anelar, que, explica o papa, "é o nosso dedo mais fraco, como qualquer professor de piano pode confirmar". Ele está ali "para nos lembrar de rezar pelos mais fracos, por aqueles que têm desafios a enfrentar, pelos doentes", que precisam das "suas orações de dia e de noite". E convida também a rezar pelos casais.

5º) Finalmente, o mindinho, o dedo menor, "assim como nós devemos nos sentir pequenos diante de Deus e do próximo", que convida a rezar por nós mesmos: "Depois que você tiver rezado por todos os outros, poderá entender melhor quais são as suas necessidades, olhando-as na justa perspectiva".

No livreto doado por Francisco, que se abre com a oração por excelência, o "Pai Nosso", encontram espaço, para além das orações bíblicas e de alguns versículos do Salmo 51, do Salmo 130 e do Salmo 139, também os mistérios do Rosário e as ladainhas Laurentinas.

Há fórmulas simples para recitar antes e depois das refeições e também textos curtos, compostos por São Francisco, por Santa Teresinha do Menino Jesus e pelos bem-aventurados John Henry Newman, Charles de Foucauld, Madre Teresa de Calcutá. E há também o Terço da Divina Misericórdia de Santa Faustina.

Junto com orações a serem rezadas antes da confissão e depois da comunhão, também há espaço para as súplicas para a bênção dos filhos por parte dos pais, orações pelos cônjuges e pelos namorados, invocações contra o Maligno.

O novo presente de Francisco aos fiéis presentes no Ângelus se soma aos já dados nos últimos meses: o terço da "misericórdia" e o texto do Evangelho de bolso. O papa muitas vezes repetiu a importância de levá-lo consigo todos os dias e de ler um trecho enquanto se está na fila ou no trem, ou quando se tem um momento livre.

Com o livreto de orações, de bolso e de leitura muito fácil, o bispo de Roma continua dando sugestões simples para a vida cotidiana dos fiéis, recorrendo ao patrimônio da tradição cristã.

Traduzido por Moisés Sbardelotto.
AUTOR: Papa Francisco
DATA DE PUBLICAÇÃO: 14/12/2014
PÁGINAS: 40 / PREÇO: € 0,60 (euro)
 
Fonte: Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Terça-feira, 16 de dezembro de 2014 – Internet: clique aqui.
 

''Uma resposta radical à existência.''
A oração segundo o teólogo Matthew Fox

Ludovica Eugenio
Adista Notizie
n. 45, 20-12-2014

"A matriz, a matéria, o material da oração é a própria vida"
MATTHEW FOX - teólogo norte-americano
 
Desmantelar uma visão comum e superficial da oração, reduzida a um hábito ou a uma forma de hipocrisia religiosa, para voltar ao seu fundamento essencial, enraizado nas fontes bíblicas, mas também na contemporaneidade, de fogo que anima a vida do profeta/místico.

Essa foi a intenção que, há 40 anos, moveu o teólogo estadunidense Matthew Fox – ex-frade dominicano, inspirador da "espiritualidade da criação" – a escrever o livro On Becoming a Musical, Mystical Bear, depois republicado com o título Prayer: a Radical Response to Life.

Hoje, esse livro chega à Itália, revisto e atualizado pelo autor, pela Gabrielli Editori, para inaugurar uma nova coleção intitulada "Esh" (termo hebraico para o fogo na Palavra), concebida justamente com o objetivo de reler de modo radical as grandes palavras do cristianismo.

O texto de Fox, Preghiera. Una risposta radicale all’esistenza [tradução: Oração. Uma resposta radical à existência] (111 páginas), é apresentado e traduzido pelo seu histórico intérprete italiano, o teólogo anglicano Gianluigi Gugliermetto, que explica que a intervenção de Fox na atual versão consiste, principalmente, na referência explícita à creation spirituality [trad.: espiritualidade da criação] e às quatro vias que a estruturam.

O teólogo estadunidense – autor de inúmeros e muito conhecidos livros, de In principio era la gioia ao mais recente Compassione – começou a sua investigação sobre o núcleo central da oração definindo-a negativamente: com base no ensinamento de Jesus, pode-se afirmar que o seu fator constitutivo não é dizer orações, não é autoconsolação, não é fuga mundi [trad.: fuga do mundo], encurvamento solipsístico [ver nota ao final], encontro privado com Deus, mas tensão dialética com a cultura ocidental, que é matéria da oração.

As revoluções da consciência humana, afirma Fox, da revolução copernicana até a tecnológica mais recente, passando pela francesa, a industrial, a einsteiniana "constituem a matriz, o próprio campo e o material da oração que ocorre como uma luta contra os poderes e os principados espirituais da própria época e da própria cultura (onde 'espiritual' significa profundo, vivo e real)".

A oração, portanto, não é aquiescência [concordância, consentimento] a um contexto sociocultural: Jesus mesmo, embora respeitando a piedade religiosa dos seus antepassados, assumiu também atitudes muito críticas, por exemplo contra os fariseus. Também não é um modo de mudar Deus, fazendo-lhe um pedido: "Não é mágica, não é uma permuta nem um comércio. É uma presença amorosa à qual se responde com maturidade", explica Fox. Não se trata de um "falar com Deus", em suma, mas de transformar a vida em uma oração contínua.

A liturgia também não é suficiente para compreender plenamente a oração cristã, que não é, portanto, "um meio, mas um valor em si mesmo". E aqui Fox chega a uma definição positiva: ela é "uma resposta radical à existência", entendida como o viver e o sobreviver a cada dia, com a sua carga de plenitude e de dificuldade.

"A matriz, a matéria, o material da oração é a própria vida", como demonstração do fato de que o espiritual não é imaterial, como é elaborado, em vez disso, pela civilização ocidental. A oração de Jesus é sempre provocada por situações reais de vida.

O termo "radicalidade" remete a um princípio intrínseco de crescimento, a algo de muito íntimo: "O que é radical é o que eu guardo como sagrado e realmente meu", um mistério que atravessa o ser humano e, como tal, é maior do que ele.

Como resposta radical, a oração, portanto, significa "responder com largueza de coração, com coragem, aos aspectos qualitativos da vida". "De um ponto de vista pessoal – diz o teólogo – a essência da oração, e até mesmo das experiências místicas, é uma modificação da própria visão, para que se chegue a ver todas as coisas na sua dimensão vital, para que se percebam os mistérios da vida como presentes dentro de si mesmos e em torno de si mesmos".

Um caminho de consciência, portanto, mas também de liberdade, de "deixar ir", de agradecimento e de gozo da vida (o significado autêntico do misticismo), em última análise, de transformação, de conversão.

Nessa perspectiva, a oração é profecia, já que cada adulto que é chamado à oração, à vida do espírito tem uma vocação profética: "A justiça é a primeira preocupação daqueles que amam a vida", e quem foge da própria vocação perde tudo.

Daí a conclusão de Fox: "A oração adulta – afirma ele no fim do livro – nada mais é do que a vida vivida no nível da mística e da profecia, em um percurso de aprofundamento cada vez maior", deixando para trás uma religião infantil e entrando em espírito de partilha com os outros: "Não apenas porque somos fracos demais para conseguir sozinhos, mas especialmente porque, juntos, nos divertimos muito mais".

Traduzido por Moisés Sbardelotto.

N O T A

Solipsismo é doutrina segundo a qual só existem, efetivamente, o eu e suas sensações, sendo os outros entes (seres humanos e objetos), como partícipes da única mente pensante, meras impressões sem existência própria.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Terça-feira, 16 de dezembro de 2014 – Internet: clique aqui.

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