«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

O QUE ESPERAR PARA 2015?

Quem enfrentará bem 2015?

JOSÉ ROBERTO MENDONÇA DE BARROS

Incertezas são muitas e variadas, mas os setores mais preparados, como o agronegócio, poderão colher frutos graças à valorização do dólar frente ao real
Exportação de soja brasileira - uma das principais commodities vendidas aos demais países
O cenário para o próximo ano se afigura como desafiador. O volume de incertezas ainda é muito grande e vão desde a natureza do ajuste prometido pela nova equipe econômica até a crise internacional, passando pelas consequências, políticas e econômicas, do Petrolão [o escândalo de corrupção na maior empresa do país, a Petrobrás].

Será possível extrair algo de mais firme para a construção de cenários para setores e empresas?

É o que tentamos fazer a seguir.

Em primeiro lugar, precisamos destacar algumas variáveis que devem, com boa probabilidade, ter tendências definidas em meio a atual volatilidade.

As mais relevantes são:

·        bom crescimento nos Estados Unidos; fraco na Europa, Japão, exportadores de petróleo e muitos emergentes.

·        preços baixos de commodities [mercadorias, tais como: minérios, produtos agrícolas e pecuários]. No caso das agrícolas, o consumo continua forte e as cotações refletem mais do que tudo a grande safra americana. Isto posto, os preços podem se recuperar adiante por flutuações da oferta (como está acontecendo com o trigo, dadas as dúvidas quanto ao efeito da seca na produção russa). Nos metais e minérios, a queda de demanda veio para ficar por um bom tempo e os preços devem seguir baixos, dado o excesso de capacidade produtiva. Finalmente, por queda de demanda e elevação da oferta (sem redução de produção por parte da Opep), os preços do petróleo não só deverão seguir baixos, como poderão cair ainda um pouco mais.

·        valorização do dólar, alta nos juros americanos e elevação do custo de colocação de papéis de empresas brasileiras no exterior.

·        desvalorização adicional do real.

·        crédito muito mais seletivo; elevação do custo do passivo externo.

·        elevação de alguns tributos, como parte do programa de ajuste.

Oportunidades

Onde estarão algumas oportunidades? Quais setores mais bem defendidos?

A lista que se segue, evidentemente, é sugestiva e não extensiva.

Em primeiro lugar, as exportações industriais estão estimuladas em decorrência da forte desvalorização cambial (que, ao longo do próximo ano, poderá ser ainda maior). Leva tempo e exige esforço, mas não tenho dúvidas que a indústria vai exportar mais. Por exemplo, as vendas externas de bens de capital cresceram, em dólares, algo como 13% de janeiro a outubro deste ano, em relação ao ano passado. Embora passando por uma situação difícil, temos no Brasil muitas indústrias eficientes e produtivas (particularmente multinacionais), que, com o câmbio, poderão exportar. No caso dos bens de capital, boa parte do crescimento dos embarques se deu em direção aos Estados Unidos e à Europa.

Ao mesmo tempo, está aberta a porta para a nacionalização de componentes e partes, especialmente no setor automotivo, onde temos muitas novas plantas e produtores.

O agronegócio é, sem dúvida, o segmento mais preparado para 2015. Não há, como mencionado, um desequilíbrio estrutural entre oferta e demanda e os preços podem melhorar no futuro próximo. A rentabilidade deve cair um pouco em grãos, mas os últimos cinco anos foram magníficos.

Além disso, a desvalorização do real afeta positivamente toda a receita, mas nem toda a despesa (por exemplo, salários e outros serviços), o que melhora as margens. Mais ainda, por conta do petróleo, muitos insumos caíram em dólares (a ureia no golfo caiu mais de 20%), o que mitiga um pouco a elevação do custo de importação. Mesmo o etanol, tão machucado, deve melhorar com a esperada reintrodução do imposto ambiental, a Cide, e o enfraquecimento do real. Exceto pelo clima, o ano deverá ser bom.

Nos últimos meses, a nafta petroquímica caiu bem mais que o petróleo, dada a grande oferta de propano, derivada da crescente produção do “shale gas” nos Estados Unidos, entre outros fatores. Como a petroquímica brasileira se baseia na nafta, muitos segmentos estão sendo beneficiados. Em particular, a produção de eteno e a cadeia do plástico recebem um merecido alívio nos custos. Ainda no setor químico, a crise hídrica está implicando numa enorme demanda de produtos para tratamento de água, saneamento e tratamento de efluentes, buscando o reuso do produto. Os investimentos nestes segmentos irão crescer bastante e extrapolarão 2015.

Outro complexo importante que deve continuar a desempenhar bem é o de saúde, indústria farmacêutica, higiene, beleza e farmácias. Nesta área o envelhecimento da população traz maiores demandas e tanto o setor público quanto empresas e famílias gastam cada vez mais para atender suas necessidades.

O mercado de trabalho vem desacelerando e não esperamos crescimento real na massa salarial para o ano que vem. Com isso, o consumo de bens mais dispendiosos, como carros e outros bens duráveis são claramente prejudicados. Ao mesmo tempo, os bens não duráveis acabam relativamente beneficiados, uma vez que a reorganização dos orçamentos familiares acaba dando mais atenção à alimentação e outros setores não duráveis.

Finalmente, queria chamar a atenção que, em situações como a que estamos vivendo, existe um processo natural de consolidação, uma vez que empresas alavancadas acabam tendo dificuldades, podendo ser absorvidas por aquelas com maior fôlego financeiro e disposição para crescer em momentos difíceis.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Economia / Um ano de riscos – Domingo, 21 de dezembro de 2014 – Pg. B10 – Internet: clique aqui.

Para piorar o que já é ruim

Editorial
Sem dinheiro em caixa suficiente para cumprir as promessas de campanha, governadores eleitos pelo PT [Partido dos Trabalhadores] vêm articulando - com o discreto apoio do Palácio do Planalto - a volta da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), uma aberração tributária altamente prejudicial à atividade econômica que foi cobrada até o fim de 2007.

Criada em 1996, no governo Fernando Henrique Cardoso, como "imposto do cheque" para financiar programas na área de saúde, com vigência por tempo limitado, essa contribuição foi sendo sistematicamente renovada e sua alíquota, inicialmente de 0,20% sobre todas as operações bancárias, chegou a 0,38%, até que o Senado a extinguiu, impondo ao governo Lula sua maior derrota política até aquele momento. Sob a alegação de necessidade de investir na área social - velho argumento dos que defendem essa forma perniciosa de tributação, que não incide sobre um fato econômico que justifique sua cobrança -, petistas prestes a assumir seus mandatos querem encher os cofres públicos sob sua responsabilidade com esse dinheiro extra que pretendem arrancar dos contribuintes.

Às voltas com problemas financeiros bem mais sérios do que os da maioria dos novos governadores, do PT e de outros partidos, o governo Dilma Rousseff torce, de camarote, para que a manobra dê certo. Pior para o País.

A volta da CPMF é a mais nociva das propostas entre as que o governo federal admite estar examinando para aumentar sua arrecadação com o objetivo de reduzir o déficit de suas contas. Neste ano, não conseguirá atingir suas metas fiscais nem com as sucessivas manobras contábeis de que lançou mão. Para cumprir a promessa de austeridade no novo mandato de Dilma, o ministro da Fazenda indicado, Joaquim Levy, terá de cortar subsídios e outras despesas. É muito provável que nem assim alcançará o ajuste esperado, o que resultará em aumento de impostos. Em recente entrevista a uma emissora de televisão, Levy admitiu que "na medida do necessário, podemos considerar ajuste de impostos". Entre os tributos que podem subir estão:

·        a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), que incide sobre combustíveis, e

·        o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de bens de consumo que tiveram a tributação reduzida nos últimos anos.

Isso dá praticamente a certeza de que a carga tributária, já excessivamente alta, voltará a subir. No ano passado, de acordo com estudo da própria Receita Federal, ela alcançou o recorde de 35,95% de tudo o que o País produziu (em 2012, ficara em 35,86% do PIB). Do total arrecadado, a União ficou com 68,92%, os Estados, com 25,29%; e os municípios, com 5,79%.

O fato de o Brasil ter a segunda maior carga tributária entre os países da América Latina (o país da região que mais tributa proporcionalmente é a Argentina, com carga de 37,3% do PIB) mostra que o peso dos impostos é muito alto.

Na divulgação da carga tributária em 2013, o governo listou os 12 países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que têm carga tributária maior que a brasileira. Mas são países que, como regra, oferecem a seus cidadãos sistemas de proteção social e infraestrutura econômica muito mais avançados e seguros dos que os disponíveis para os brasileiros. Entre eles estão Dinamarca, França, Itália, Suécia, Finlândia, Áustria, Noruega e Alemanha.

O mais relevante, porém, é que a carga tributária brasileira é maior do que a de 21 países da OCDE, que são os mais desenvolvidos do planeta. Entre as nações que cobram, proporcionalmente, menos impostos que o Brasil estão Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Japão, Austrália, Nova Zelândia, Coreia do Sul e México. São países que, com a eventual exceção do México, empregam os impostos arrecadados na prestação de serviços públicos de qualidade para sua população.

O retorno da CPMF tornaria ainda pior um sistema tributário já ruim e oneroso para a população, que sofre com o mau uso dos impostos que o poder público arrecada - isso quando os governantes não o empregam em benefício próprio.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Notas e Informações – Quinta-feira, 25 de dezembro de 2014 – Pg. A3 – Internet: clique aqui.

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