«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Educação segue sem liderança, projeto ou sonho

Alexandre Le Voci Sayad*

A educação se tornou assunto de terceira categoria. Por parte dos candidatos, do governo e da população

Alexandre Le Voci Sayad - jornalista e educador
Baixada a poeira, é possível enxergar melhor o cenário da nossa gigantesca ilha lusófona na América Latina. O maior legado dessas eleições, ou a falta dele, passou desapercebido para quem fixou a atenção à instabilidade da economia ou se apressou em tomar partido na canhestra polarização social em que o Brasil se apresentou. A educação se tornou assunto de terceira categoria – por parte dos candidatos, do governo e da população. Não houve ideias, projetos ou, pior, sequer um sonho apresentado.

Cidadãos-eleitores são muito responsáveis. Não houve cobrança, pergunta, sugestão, pressão ou barulho sobre o tema no período eleitoral. Era como o futuro da educação estivesse restrito às discussões sobre os royalties do pré-sal.

A pauta também se pulverizou nos últimos meses – sumiu do mapa da imprensa.  A palavra voltou só recentemente às primeiras páginas porque o Pisa [exame internacional que avalia o desempenho dos estudantes de vários países] vem chegando com ênfase em Ciências e promete derrubar o Brasil algumas posições no ranking internacional.

Antes das eleições tomarem conta da agenda social brasileira, é preciso lembrar que vivemos uma escassez de lideranças na área há pelos menos dois anos. Em debates e eventos, há sempre “start ups” loucas por uma fatia de um mercado promissor, jovens interessados, mas desorientados sobre o tema e os velhos suspeitos de sempre que acreditam que nada precisa mudar.

Parece que a pauta da educação não tem a ver como um modelo de governo republicano e democrático – algo maior que os interesses pessoais.  Por exemplo, não há liderança que consiga, hoje:

- Trazer ao debate público um olhar sistêmico e contextualizado da educação brasileira.

- Inovar na formação de professores e gestores, os maiores gargalos para uma escola pública de qualidade.

- Criar um plano ousado, mas factível, de projeto educacional para o Brasil nos próximos vinte anos.

- Engendrar ideias e correntes que resultem em políticas públicas promissoras.

As duas últimas grandes ações surpreendentes que surgiram no Brasil, bem antes do pleito, foram as iniciativas da educação integral para além dos limites da escola e o uso das aulas da Khan Academy traduzidas para o português em espaços de fracasso escolar, como na Fundação Casa.  Mas essas são notícias de anteontem.

Preocupante é constatar que o ensino não parou do existir esse tempo todo. Os estudantes do Brasil continuam nas escolas, reféns de um trem desgovernado, esquecido no tempo. Uma Maria-fumaça esquecida pelo tempo, chacoalhando em bitolas enferrujadas, trilhos velhos, com peças que vão se perdendo no caminho. Assistimos calados a esse espetáculo grotesco, torcendo sempre que ela chegue inteira ao destino, como se isso não fosse nossa responsabilidade.

Respondendo à repetitiva pergunta, unanimidade em congressos: o que os países que lideram rankings fizeram para melhorar suas realidades educacionais? Não há só uma resposta. Mas há pontos em comum: desenvolveram metas, formaram lideranças, criaram políticas públicas importantes e colocaram a pauta como central na sociedade – como uma questão “de governo” e não “de partido”.

* ALEXANDRE LE VOCI SAYAD É JORNALISTA E EDUCADOR. É FUNDADOR DO MEL (MEDIA EDUCATION LAB) E AUTOR DO LIVRO IDADE MÍDIA: A COMUNICAÇÃO REINVENTADA NA ESCOLA, PUBLICADO PELA EDITORA ALEPH.

Fonte: ESTADÃO.COM.BR – Educação – Internet: clique aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.