COMBATER A CORRUPÇÃO TORNOU-SE PRIORIDADE NO BRASIL!!!
O poder bichado
Editorial
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Paulo Maluf apoiando Dilma Rousseff para a Presidência da República nas eleições de outubro deste ano |
Do doleiro Alberto
Youssef se pode afirmar que o que ele não sabe não vale a pena saber. E se
tiver contado aos investigadores da Operação Lava Jato a metade que fosse
apenas do que conhece em primeira mão, a Polícia Federal e o Ministério Público
têm diante de si um cenário de bandalheiras que reduz a uma poça o "mar de
lama" de tempos idos. Como informou ontem este jornal, por exemplo, a
certa altura das suas mais de 100 horas de depoimentos em regime de delação
premiada, concluídos há uma semana, o operador que desinfetou, por baixo, R$ 10
bilhões em dinheiro contaminado disse que "só
sobram dois" no Partido Progressista (PP) sem envolvimento com a extração
sistemática de recursos da Petrobrás.
Desde as eleições municipais de 2012, quando o pepista Paulo
Maluf acolheu de braços abertos o candidato petista Fernando Haddad à
Prefeitura de São Paulo - coroando uma operação conduzida pelo companheiro Luiz
Inácio Lula da Silva, capaz de tudo para provar que poderia eleger um segundo
poste, depois de Dilma Rousseff -, os partidos não se largam. Um ano antes ela
entregara ao PP, na pessoa do então deputado
federal baiano Mário Negromonte, o Ministério das Cidades. Ele caiu da
cadeira em razão de denúncias de contratos irregulares da pasta com ONGs e de
superfaturamento de obras para a Copa. Foi substituído pelo também pepista Aguinaldo Ribeiro. O PP tem
atualmente 37 deputados e 5 senadores na ativa. A menos que, nas suas contas,
Youssef tenha incluído membros do partido sem mandato, a sigla abrigaria 40
parlamentares de mãos manchadas.
Pudera! A força-tarefa da Lava Jato tem motivos para
acreditar que o assalto aos cofres da
Petrobrás começou há pelo menos 15 anos. Mas o saque só foi sistematizado a partir de 2004, graças ao
talentoso José Janene, o também
mensaleiro de primeira grandeza que viria a falecer em 2010. Ele pôs ordem na
lambança, transformando a corrupção no varejo "em esquema de organização
partidária", nas palavras de um investigador. O butim foi distribuído
entre os dirigentes de siglas acumpliciadas. Modesto, o PP ficava com 1% dos contratos da Diretoria de Abastecimento da
petroleira, conduzida por indicação do partido ao então presidente Lula
pelo arquicorruptor confesso Paulo Roberto Costa. Somando esse e outros
setores, a cota do PMDB também girava em
torno de 1%. Mas a parte do PT era
três vezes maior.
A insuportável realidade é que está tudo bichado nos palcos
do poder. Ainda na edição de ontem o [jornal] Estado noticiou que o Tribunal de Contas da União (TCU) passou a
apurar em caráter prioritário suspeitas de outras falcatruas que teriam sido
cometidas por empreiteiras fisgadas pela Operação Lava Jato no escândalo da
Petrobrás, dessa vez em parcerias firmadas pela Eletrobrás com o setor privado - as chamadas Sociedades de
Propósito Específico (SPE), que funcionam como se fossem empresas particulares.
Por força desse arranjo, o TCU só consegue fiscalizar os gastos das empresas
públicas participantes. Apesar dessa limitação, já em 2011 a Corte de contas
advertia para "a má gestão dos recursos públicos aplicados por meio das
SPE". Material para um exame acurado não falta. Nos últimos cinco anos, a
Eletrobrás investiu R$ 9,7 bilhões em 150 negócios nessa modalidade de
parceria.
As ramificações da farra na Petrobrás, que por muito tempo
continuarão no centro das atenções, são o que delas se poderia esperar. No
começo da semana passada, o último foragido da Lava Jato entregou-se à polícia.
Trata-se do transportador de dinheiro de Youssef, Adarico Negromonte Filho, irmão do já citado ex-ministro das
Cidades. Em um nível muitíssimo mais raso, a fraternidade do mal atingiu outro
membro do Gabinete dilmista - o ministro da Agricultura, Neri Geller, do PMDB. Na
sexta-feira, dois de seus irmãos, Odair e Milton, foram presos sob a acusação
de pertencer a uma quadrilha que grilava terras destinadas à reforma agrária. É
o mais recente, decerto não o último, caso da epidemia de indecência no centro
do poder e arredores.
Para ser "muito
melhor" do que tem sido, como prometeu, Dilma precisa não só acertar as
contas federais, mas refazer o seu governo em bases morais mais firmes.
Fonte: O Estado de S.
Paulo – Notas e Informações – Terça-feira, 2 de dezembro de 2014 – Pg. A3 –
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Sobre sístoles, diástoles e otários
FERNÃO LARA
MESQUITA
Jornalista
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Fernão Lara Mesquita - jornalista |
Começou com aquela senhora sob cuja responsabilidade a
Petrobrás esteve nos últimos 12 anos - diretamente, enquanto presidente do
Conselho que comprou a "Ruivinha"
de Pasadena, ou indiretamente, enquanto ministra à qual ela estava afeita, e,
logo, como a "presidenta"
que nomeou pessoalmente os diretores da última etapa do "petrolão" que acaba de reconfirmar
em seus cargos - apresentando-nos como "prova" da sua disposição de "dar combate sem tréguas à corrupção e à impunidade" os
flagrantes da Polícia Federal dos delitos de que ela própria é coautora! Agora
ela se nos oferece como o antídoto contra si mesma.
É preciso aproveitar desse mau teatro ao menos o que tem de
educativo. Com a morte das utopias o que restou é a verdade nua e crua. Não há
quem não saiba que a continuação do saque organizado à Nação tem tido um só
objetivo: comprar eleições para permanecer em posição de continuar a fazê-lo ad infinitum [trad.: para sempre].
A convocação para a Fazenda Nacional de um liberal ortodoxo
da "escola de Chicago" que
chefiava as missões do FMI no Brasil e é irmão ideológico do apedrejado Arminio
Fraga - o próprio Lúcifer, segundo a demonologia petista de até 32 dias atrás -
constitui-se numa enfática confissão de que toda a patacoada "ideológica" e "social" maniqueísta com que o PT
vem tentando atear fogo ao País não passa de isca para atrair otários. Com a
eleição no bolso, são os primeiros a admitir que não existe mais que uma
maneira - e, talvez, mais meia - de gerir a economia, e que a que serve para o
Bradesco e o FMI é a mesma que serve para o PT, para FHC e para o Brasil.
A roubalheira na Petrobrás é isso. Os indivíduos que enriquecem
em torno da atividade principal são apenas caronas. Empreiteiros e "operadores", que por mais ricos que
fiquem vão dormir na prisão sempre que o pessoal que realmente manda nas coisas
estala um dedo, não têm o poder que se requer para saquear as "brases". Os únicos com força para
tanto são os políticos que entregam a cada "operador" o seu cofre previamente arrombado junto com o alvará
para que saia à caça do empreiteiro que lhe proporcione servir-se do que eles
contêm em escala industrial sem que ninguém na empresa assaltada lhes oponha a
menor resistência.
Os tais R$ 10 bilhões de que se fala são fichinha perto do
que cada nova revelação indica que realmente se passou numa estatal que faz R$ 60 bilhões em compras por ano, 90% das quais
sem licitação, ao longo de 12 anos. Mas, mesmo considerado esse número,
essa é a menor conta que vamos pagar pela aquisição de mais quatro anos no
comando da ordenha do Brasil por PT & Co.
O subsídio aos
combustíveis custou R$ 60 bilhões. Isso mais o resto jogou o valor da
Petrobrás R$ 198 bilhões para baixo. A
indústria do álcool foi tragada no arrasto e a de manufatura minguou até
desaparecer naquele dólar falso pró-Miami. A "redução" na marra do preço da energia destruiu R$ 32 bilhões
da Eletrobrás só no dia em que foi anunciada. A rasteira nos investidores
que financiam a infraestrutura do mundo não dá para calcular. Fez da energia o
maior buraco negro dos próximos anos. Por antecipação, o preço dela no mercado
"spot" multiplicou-se por oito. Foi a pá de cal na indústria. Salvaram-se os "campeões
nacionais" de financiamentos de eleições que embolsaram R$ 230 bilhões do
BNDES.
Tudo para que a "nova
classe média", entulhada de quinquilharias "made in China", pudesse continuar acreditando, a bordo de seus
automóveis "desonerados" em
22 bilhões por ano, que a festa nunca ia acabar.
Por cima de tudo há o
aumento de 740% no custeio da máquina pública, com seus 39 ministérios e a
multidão dos "companheiros" que, de Lula até hoje, ocuparam o Estado.
Eis aí - mais as "ONGs" chapa-branca,
os "movimentos sociais"
amestrados e o exército dos linchadores da internet sustentados com dinheiro
público - a famigerada "militância",
sempre cheia de tempo para "militar"
e com a fúria de quem luta pelo que "é
seu".
Nada disso, é claro,
foi feito para melhorar o País ou a vida dos pobres. É só o preço da
eleição do PT, pelo PT, para o PT. Os R$ 24 bilhões do Bolsa Família são um
troco perto dessa conta.
Para coroar a obra, trocou-se a educação de toda uma geração
pelo "aparelhamento" do
sistema nacional de ensino por professores "organicamente" encarregados de rebaixar seu senso crítico,
mantê-los referenciados a um passado morto e barrar-lhes o acesso à discussão
da modernidade.
Qual é o sentido de
todo esse sacrifício imposto à Nação para, no fim, tudo acabar em Joaquim Levy?
[O novo ministro da Fazenda nomeado
recentemente por Dilma Rousseff]
O que há é só o de
sempre: esse negócio de andar de jatinho, ficar olhando o mundo lá de cima,
dizer qualquer besteira e ser obrigatoriamente ouvido, não fazer fila nunca,
não ter de pagar as próprias contas vicia tanto e tão rapidamente quanto
ganhar sem trabalhar, aposentar-se sem contribuir, ter um emprego eterno
qualquer que seja a crise. E tudo o que
é preciso fazer para que não acabe nunca é não perder eleições.
Todo o resto é pura tapeação.
E lá vamos nós de novo. Sístole: os donos do poder bombam
dinheiro para os músculos e os pulmões da Nação; os otários que vivem de
trabalho, asfixiados, respiram e agradecem com votos a graça recebida.
Diástole: com a eleição garantida eles relaxam e drenam de volta para si e para
os seus o sangue da Nação, que, ainda assim, respira aliviada, pois o que se
anunciava era muito pior.
O dr. Levy chega prometendo "superávits"; dona
Dilma açula no Congresso o homem que tem uma Transpetro para chamar de sua para
livrá-la da obrigação legal de entregá-los. É o prelúdio. Como é contra a lei
tocar quem tenha posto um pé dentro do Estado ou "adquirido" algum
"direito" por doação de alguém lá de dentro, o desfecho será o de
sempre: o "doloroso ajuste"
pelo alargamento do duto de entrada [mais
impostos e arrecadação pelo Estado],
e não pelo estreitamento do de saída dos cofres públicos [diminuição dos gastos do governo].
Para cima, para baixo. A cada volta no círculo, maior fica o
Estado e menor fica o País. Além de um limite de que já estamos perigosamente
próximos, contrai-se a "síndrome argentina". A partir de então é só
para baixo.
Fonte: O Estado de S.
Paulo – Espaço aberto – Quarta-feira, 3 de dezembro de 2014 – Pg. A2 –
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Ex-diretor da Petrobrás diz em sessão da CPI que
corrupção é generalizada
FÁBIO BRANDT,
RICARDO BRITO E ISADORA PERON
Paulo Roberto Costa
afirma que esquemas de desvios existem em obras de todos os setores do governo,
declara que indicações políticas na estatal vêm desde Sarney e confirma tudo o
que disse em depoimentos da delação premiada
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa afirmou ontem na CPI mista da estatal que
esquemas de desvios de verba pública são generalizados no País e atingem obras
de "rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e hidrelétricas". "É
só pesquisar", disse o homem que é apontado como uma das principais
peças do esquema que abastecia partidos políticos a partir de verbas
superfaturadas de contratos fechados entre empreiteiras e a Petrobrás.
Costa surpreendeu a todos ao decidir falar na CPI mista, à
qual ele já havia comparecido e permanecido calado em setembro. O ex-diretor,
que fez uma delação premiada a partir da qual tem revelado o que sabe em troca
de redução de sua pena, afirmou ainda
que pode provar tudo o que vem dizendo nos depoimentos ao Ministério Público e
à Polícia Federal. Nesses relatos, Costa citou parlamentares que teriam
recebido dinheiro desviado da estatal. Ontem, disse que os beneficiados chegam
a "algumas dezenas".
Acareação
Costa estava diante de Nestor
Cerveró, numa acareação na qual o ex-diretor da área de Internacional negou
ter qualquer conhecimento de corrupção na estatal. Enquanto Cerveró negava ter
ciência dos desvios, o ex-diretor de Abastecimento acusava o antigo colega de
estatal e afirmava: "Desde o
governo Sarney, governo Collor, governo Itamar, governo Fernando Henrique,
governo Lula, governo Dilma, todos os diretores da Petrobrás e diretores de
outras empresas, se não tivessem apoio político, não chegavam a diretor!"
Às vezes exaltado, Costa fazia desabafos: "Me arrependo
amargamente, porque estou sofrendo isso na carne, estou fazendo minha família
sofrer -, infelizmente, aceitei uma indicação política para assumir a Diretoria
de Abastecimento. Estou extremamente arrependido de ter feito isso!"
Costa não citou nomes de pessoas ou de empresas nem valores
à CPI mista. Ele se limitou a dizer que já deu todos esses detalhes sobre o
funcionamento do esquema em sua delação, em "80 depoimentos" - esses
depoimentos são sigilosos, razão pela qual seu conteúdo não poderia ser
repetido no Congresso.
Alguns trechos de respostas dadas por Costa às autoridades
já estão públicos porque foram incluídos em documentos abertos do processo
decorrente da Operação Lava Jato -
nome dado pela Polícia Federal às investigações que expuseram o escândalo
relacionado à Petrobrás. "Tinha um porcentual desses contratos da área de
Abastecimento, dos 3%, 2% eram para atender ao PT", afirmou ele em uma das
oitivas da Justiça.
Ainda no depoimento de ontem, Costa confirmou ter enviado um
e-mail em 2009 para a Casa Civil, então comandada pela hoje presidente da
República, Dilma Rousseff, no qual citava obras contestadas pelo Tribunal de
Contas da União. Ele classificou o e-mail como uma comunicação formal sobre o andamento
do processo no TCU.
Disputa
As declarações de Costa foram potencializadas por uma
desarticulação da base aliada durante a sessão da CPI.
Os principais líderes do PT na Câmara e do Senado não
estiveram presentes à reunião na maior parte do depoimento. Integrantes do
aliado PMDB - outro partido que está na mira das acusações de Costa - tampouco
acompanharam a sessão.
A defesa do governo Dilma Rousseff ficou por conta quase
exclusivamente do deputado Sibá Machado (PT-AC). O deputado Carlos Sampaio
(PSDB-SP) foi protagonista dos questionamentos da oposição.
O
QUE PAULO ROBERTO COSTA JÁ FALOU NA DELAÇÃO E À JUSTIÇA
• Loteamento na estatal
À Justiça
Federal no Paraná, detalhou esquema de loteamento nas diretorias da Petrobrás
por partidos políticos - PT, PMDB e PP. Os partidos recebiam até 3% dos valores
dos contratos.
• Dezenas de parlamentares
Citou na
delação 32 parlamentares, governadores, ex-governadores e um ministro - a maior
parte dos nomes está sob sigilo.
• Senador do PMDB
Também na
delação, citou Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, ao relatar um
acerto com o doleiro Alberto Youssef envolvendo um fundo de pensão.
• Senador do PSDB
Disse na
delação que o então presidente do PSDB, Sergio Guerra, o procurou em 2010 e
cobrou R$ 10 milhões para encerrar uma CPI da estatal aberta no Senado.
• Governador do PSB
Afirmou na
delação que repassou em 2010 R$ 20 milhões para a campanha de Eduardo Campos ao
governo de Pernambuco.
• Senadores do PT
Na delação
disse que em 2010 repassou R$ 1 milhão para a campanha ao Senado da petista
Gleisi Hoffmann e R$ 1 milhão para o petista Humberto Costa para sua campanha
também em 2010.
Fonte: O Estado de S.
Paulo – Política – Quarta-feira, 3 de dezembro de 2014 – Pg. A4 – Internet:
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