«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

COMBATER A CORRUPÇÃO TORNOU-SE PRIORIDADE NO BRASIL!!!

O poder bichado

Editorial
Paulo Maluf apoiando Dilma Rousseff para a Presidência da República nas
eleições de outubro deste ano
 
Do doleiro Alberto Youssef se pode afirmar que o que ele não sabe não vale a pena saber. E se tiver contado aos investigadores da Operação Lava Jato a metade que fosse apenas do que conhece em primeira mão, a Polícia Federal e o Ministério Público têm diante de si um cenário de bandalheiras que reduz a uma poça o "mar de lama" de tempos idos. Como informou ontem este jornal, por exemplo, a certa altura das suas mais de 100 horas de depoimentos em regime de delação premiada, concluídos há uma semana, o operador que desinfetou, por baixo, R$ 10 bilhões em dinheiro contaminado disse que "só sobram dois" no Partido Progressista (PP) sem envolvimento com a extração sistemática de recursos da Petrobrás.

Desde as eleições municipais de 2012, quando o pepista Paulo Maluf acolheu de braços abertos o candidato petista Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo - coroando uma operação conduzida pelo companheiro Luiz Inácio Lula da Silva, capaz de tudo para provar que poderia eleger um segundo poste, depois de Dilma Rousseff -, os partidos não se largam. Um ano antes ela entregara ao PP, na pessoa do então deputado federal baiano Mário Negromonte, o Ministério das Cidades. Ele caiu da cadeira em razão de denúncias de contratos irregulares da pasta com ONGs e de superfaturamento de obras para a Copa. Foi substituído pelo também pepista Aguinaldo Ribeiro. O PP tem atualmente 37 deputados e 5 senadores na ativa. A menos que, nas suas contas, Youssef tenha incluído membros do partido sem mandato, a sigla abrigaria 40 parlamentares de mãos manchadas.

Pudera! A força-tarefa da Lava Jato tem motivos para acreditar que o assalto aos cofres da Petrobrás começou há pelo menos 15 anos. Mas o saque só foi sistematizado a partir de 2004, graças ao talentoso José Janene, o também mensaleiro de primeira grandeza que viria a falecer em 2010. Ele pôs ordem na lambança, transformando a corrupção no varejo "em esquema de organização partidária", nas palavras de um investigador. O butim foi distribuído entre os dirigentes de siglas acumpliciadas. Modesto, o PP ficava com 1% dos contratos da Diretoria de Abastecimento da petroleira, conduzida por indicação do partido ao então presidente Lula pelo arquicorruptor confesso Paulo Roberto Costa. Somando esse e outros setores, a cota do PMDB também girava em torno de 1%. Mas a parte do PT era três vezes maior.

A insuportável realidade é que está tudo bichado nos palcos do poder. Ainda na edição de ontem o [jornal] Estado noticiou que o Tribunal de Contas da União (TCU) passou a apurar em caráter prioritário suspeitas de outras falcatruas que teriam sido cometidas por empreiteiras fisgadas pela Operação Lava Jato no escândalo da Petrobrás, dessa vez em parcerias firmadas pela Eletrobrás com o setor privado - as chamadas Sociedades de Propósito Específico (SPE), que funcionam como se fossem empresas particulares. Por força desse arranjo, o TCU só consegue fiscalizar os gastos das empresas públicas participantes. Apesar dessa limitação, já em 2011 a Corte de contas advertia para "a má gestão dos recursos públicos aplicados por meio das SPE". Material para um exame acurado não falta. Nos últimos cinco anos, a Eletrobrás investiu R$ 9,7 bilhões em 150 negócios nessa modalidade de parceria.

As ramificações da farra na Petrobrás, que por muito tempo continuarão no centro das atenções, são o que delas se poderia esperar. No começo da semana passada, o último foragido da Lava Jato entregou-se à polícia. Trata-se do transportador de dinheiro de Youssef, Adarico Negromonte Filho, irmão do já citado ex-ministro das Cidades. Em um nível muitíssimo mais raso, a fraternidade do mal atingiu outro membro do Gabinete dilmista - o ministro da Agricultura, Neri Geller, do PMDB. Na sexta-feira, dois de seus irmãos, Odair e Milton, foram presos sob a acusação de pertencer a uma quadrilha que grilava terras destinadas à reforma agrária. É o mais recente, decerto não o último, caso da epidemia de indecência no centro do poder e arredores.

Para ser "muito melhor" do que tem sido, como prometeu, Dilma precisa não só acertar as contas federais, mas refazer o seu governo em bases morais mais firmes.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Notas e Informações – Terça-feira, 2 de dezembro de 2014 – Pg. A3 – Internet: clique aqui.
 

Sobre sístoles, diástoles e otários
 

FERNÃO LARA MESQUITA
Jornalista
Fernão Lara Mesquita - jornalista
 
Começou com aquela senhora sob cuja responsabilidade a Petrobrás esteve nos últimos 12 anos - diretamente, enquanto presidente do Conselho que comprou a "Ruivinha" de Pasadena, ou indiretamente, enquanto ministra à qual ela estava afeita, e, logo, como a "presidenta" que nomeou pessoalmente os diretores da última etapa do "petrolão" que acaba de reconfirmar em seus cargos - apresentando-nos como "prova" da sua disposição de "dar combate sem tréguas à corrupção e à impunidade" os flagrantes da Polícia Federal dos delitos de que ela própria é coautora! Agora ela se nos oferece como o antídoto contra si mesma.

É preciso aproveitar desse mau teatro ao menos o que tem de educativo. Com a morte das utopias o que restou é a verdade nua e crua. Não há quem não saiba que a continuação do saque organizado à Nação tem tido um só objetivo: comprar eleições para permanecer em posição de continuar a fazê-lo ad infinitum [trad.: para sempre].

A convocação para a Fazenda Nacional de um liberal ortodoxo da "escola de Chicago" que chefiava as missões do FMI no Brasil e é irmão ideológico do apedrejado Arminio Fraga - o próprio Lúcifer, segundo a demonologia petista de até 32 dias atrás - constitui-se numa enfática confissão de que toda a patacoada "ideológica" e "social" maniqueísta com que o PT vem tentando atear fogo ao País não passa de isca para atrair otários. Com a eleição no bolso, são os primeiros a admitir que não existe mais que uma maneira - e, talvez, mais meia - de gerir a economia, e que a que serve para o Bradesco e o FMI é a mesma que serve para o PT, para FHC e para o Brasil.

A roubalheira na Petrobrás é isso. Os indivíduos que enriquecem em torno da atividade principal são apenas caronas. Empreiteiros e "operadores", que por mais ricos que fiquem vão dormir na prisão sempre que o pessoal que realmente manda nas coisas estala um dedo, não têm o poder que se requer para saquear as "brases". Os únicos com força para tanto são os políticos que entregam a cada "operador" o seu cofre previamente arrombado junto com o alvará para que saia à caça do empreiteiro que lhe proporcione servir-se do que eles contêm em escala industrial sem que ninguém na empresa assaltada lhes oponha a menor resistência.

Os tais R$ 10 bilhões de que se fala são fichinha perto do que cada nova revelação indica que realmente se passou numa estatal que faz R$ 60 bilhões em compras por ano, 90% das quais sem licitação, ao longo de 12 anos. Mas, mesmo considerado esse número, essa é a menor conta que vamos pagar pela aquisição de mais quatro anos no comando da ordenha do Brasil por PT & Co.

O subsídio aos combustíveis custou R$ 60 bilhões. Isso mais o resto jogou o valor da Petrobrás R$ 198 bilhões para baixo. A indústria do álcool foi tragada no arrasto e a de manufatura minguou até desaparecer naquele dólar falso pró-Miami. A "redução" na marra do preço da energia destruiu R$ 32 bilhões da Eletrobrás só no dia em que foi anunciada. A rasteira nos investidores que financiam a infraestrutura do mundo não dá para calcular. Fez da energia o maior buraco negro dos próximos anos. Por antecipação, o preço dela no mercado "spot" multiplicou-se por oito. Foi a pá de cal na indústria. Salvaram-se os "campeões nacionais" de financiamentos de eleições que embolsaram R$ 230 bilhões do BNDES.

Tudo para que a "nova classe média", entulhada de quinquilharias "made in China", pudesse continuar acreditando, a bordo de seus automóveis "desonerados" em 22 bilhões por ano, que a festa nunca ia acabar.

Por cima de tudo há o aumento de 740% no custeio da máquina pública, com seus 39 ministérios e a multidão dos "companheiros" que, de Lula até hoje, ocuparam o Estado. Eis aí - mais as "ONGs" chapa-branca, os "movimentos sociais" amestrados e o exército dos linchadores da internet sustentados com dinheiro público - a famigerada "militância", sempre cheia de tempo para "militar" e com a fúria de quem luta pelo que "é seu".

Nada disso, é claro, foi feito para melhorar o País ou a vida dos pobres. É só o preço da eleição do PT, pelo PT, para o PT. Os R$ 24 bilhões do Bolsa Família são um troco perto dessa conta.

Para coroar a obra, trocou-se a educação de toda uma geração pelo "aparelhamento" do sistema nacional de ensino por professores "organicamente" encarregados de rebaixar seu senso crítico, mantê-los referenciados a um passado morto e barrar-lhes o acesso à discussão da modernidade.

Qual é o sentido de todo esse sacrifício imposto à Nação para, no fim, tudo acabar em Joaquim Levy? [O novo ministro da Fazenda nomeado recentemente por Dilma Rousseff]

O que há é só o de sempre: esse negócio de andar de jatinho, ficar olhando o mundo lá de cima, dizer qualquer besteira e ser obrigatoriamente ouvido, não fazer fila nunca, não ter de pagar as próprias contas vicia tanto e tão rapidamente quanto ganhar sem trabalhar, aposentar-se sem contribuir, ter um emprego eterno qualquer que seja a crise. E tudo o que é preciso fazer para que não acabe nunca é não perder eleições.

Todo o resto é pura tapeação.

E lá vamos nós de novo. Sístole: os donos do poder bombam dinheiro para os músculos e os pulmões da Nação; os otários que vivem de trabalho, asfixiados, respiram e agradecem com votos a graça recebida. Diástole: com a eleição garantida eles relaxam e drenam de volta para si e para os seus o sangue da Nação, que, ainda assim, respira aliviada, pois o que se anunciava era muito pior.

O dr. Levy chega prometendo "superávits"; dona Dilma açula no Congresso o homem que tem uma Transpetro para chamar de sua para livrá-la da obrigação legal de entregá-los. É o prelúdio. Como é contra a lei tocar quem tenha posto um pé dentro do Estado ou "adquirido" algum "direito" por doação de alguém lá de dentro, o desfecho será o de sempre: o "doloroso ajuste" pelo alargamento do duto de entrada [mais impostos e arrecadação pelo Estado], e não pelo estreitamento do de saída dos cofres públicos [diminuição dos gastos do governo].

Para cima, para baixo. A cada volta no círculo, maior fica o Estado e menor fica o País. Além de um limite de que já estamos perigosamente próximos, contrai-se a "síndrome argentina". A partir de então é só para baixo.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Espaço aberto – Quarta-feira, 3 de dezembro de 2014 – Pg. A2 – Internet: clique aqui.
 

Ex-diretor da Petrobrás diz em sessão da CPI que corrupção é generalizada
 

FÁBIO BRANDT, RICARDO BRITO E ISADORA PERON
 

Paulo Roberto Costa afirma que esquemas de desvios existem em obras de todos os setores do governo, declara que indicações políticas na estatal vêm desde Sarney e confirma tudo o que disse em depoimentos da delação premiada
Acareação realizada pela Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a corrupção na Petrobrás:
à esquerda, sentado à mesinha branca, está Nestor Cerveró,
à direita, também sentado à uma mesa banca, Paulo Roberto Costa
Brasília, 2 de dezembro de 2014
 
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa afirmou ontem na CPI mista da estatal que esquemas de desvios de verba pública são generalizados no País e atingem obras de "rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e hidrelétricas". "É só pesquisar", disse o homem que é apontado como uma das principais peças do esquema que abastecia partidos políticos a partir de verbas superfaturadas de contratos fechados entre empreiteiras e a Petrobrás.

Costa surpreendeu a todos ao decidir falar na CPI mista, à qual ele já havia comparecido e permanecido calado em setembro. O ex-diretor, que fez uma delação premiada a partir da qual tem revelado o que sabe em troca de redução de sua pena, afirmou ainda que pode provar tudo o que vem dizendo nos depoimentos ao Ministério Público e à Polícia Federal. Nesses relatos, Costa citou parlamentares que teriam recebido dinheiro desviado da estatal. Ontem, disse que os beneficiados chegam a "algumas dezenas".

Acareação

Costa estava diante de Nestor Cerveró, numa acareação na qual o ex-diretor da área de Internacional negou ter qualquer conhecimento de corrupção na estatal. Enquanto Cerveró negava ter ciência dos desvios, o ex-diretor de Abastecimento acusava o antigo colega de estatal e afirmava: "Desde o governo Sarney, governo Collor, governo Itamar, governo Fernando Henrique, governo Lula, governo Dilma, todos os diretores da Petrobrás e diretores de outras empresas, se não tivessem apoio político, não chegavam a diretor!"

Às vezes exaltado, Costa fazia desabafos: "Me arrependo amargamente, porque estou sofrendo isso na carne, estou fazendo minha família sofrer -, infelizmente, aceitei uma indicação política para assumir a Diretoria de Abastecimento. Estou extremamente arrependido de ter feito isso!"

Costa não citou nomes de pessoas ou de empresas nem valores à CPI mista. Ele se limitou a dizer que já deu todos esses detalhes sobre o funcionamento do esquema em sua delação, em "80 depoimentos" - esses depoimentos são sigilosos, razão pela qual seu conteúdo não poderia ser repetido no Congresso.

Alguns trechos de respostas dadas por Costa às autoridades já estão públicos porque foram incluídos em documentos abertos do processo decorrente da Operação Lava Jato - nome dado pela Polícia Federal às investigações que expuseram o escândalo relacionado à Petrobrás. "Tinha um porcentual desses contratos da área de Abastecimento, dos 3%, 2% eram para atender ao PT", afirmou ele em uma das oitivas da Justiça.

Ainda no depoimento de ontem, Costa confirmou ter enviado um e-mail em 2009 para a Casa Civil, então comandada pela hoje presidente da República, Dilma Rousseff, no qual citava obras contestadas pelo Tribunal de Contas da União. Ele classificou o e-mail como uma comunicação formal sobre o andamento do processo no TCU.

Disputa

As declarações de Costa foram potencializadas por uma desarticulação da base aliada durante a sessão da CPI.

Os principais líderes do PT na Câmara e do Senado não estiveram presentes à reunião na maior parte do depoimento. Integrantes do aliado PMDB - outro partido que está na mira das acusações de Costa - tampouco acompanharam a sessão.

A defesa do governo Dilma Rousseff ficou por conta quase exclusivamente do deputado Sibá Machado (PT-AC). O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) foi protagonista dos questionamentos da oposição.

O QUE PAULO ROBERTO COSTA JÁ FALOU NA DELAÇÃO E À JUSTIÇA

• Loteamento na estatal

À Justiça Federal no Paraná, detalhou esquema de loteamento nas diretorias da Petrobrás por partidos políticos - PT, PMDB e PP. Os partidos recebiam até 3% dos valores dos contratos.

• Dezenas de parlamentares

Citou na delação 32 parlamentares, governadores, ex-governadores e um ministro - a maior parte dos nomes está sob sigilo.

• Senador do PMDB

Também na delação, citou Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, ao relatar um acerto com o doleiro Alberto Youssef envolvendo um fundo de pensão.

• Senador do PSDB

Disse na delação que o então presidente do PSDB, Sergio Guerra, o procurou em 2010 e cobrou R$ 10 milhões para encerrar uma CPI da estatal aberta no Senado.

• Governador do PSB

Afirmou na delação que repassou em 2010 R$ 20 milhões para a campanha de Eduardo Campos ao governo de Pernambuco.

• Senadores do PT

Na delação disse que em 2010 repassou R$ 1 milhão para a campanha ao Senado da petista Gleisi Hoffmann e R$ 1 milhão para o petista Humberto Costa para sua campanha também em 2010.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Política – Quarta-feira, 3 de dezembro de 2014 – Pg. A4 – Internet: clique aqui.

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