«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Educação vem de berço?

Rosely Sayão

Respeitar a irmã é algo fácil de aprender, mas fazer o mesmo com um colega é outra história
O ano letivo terminou e a maioria dos pais já fez sua escolha para o próximo ano: este é um bom período para pensarmos sobre a escola, porque as famílias estão livres dessas pressões.

Se olharmos as notícias que envolveram a instituição escolar - da educação infantil à universidade -, constatamos que parece não fazer parte do papel da escola o ensino da convivência, de algumas virtudes, do trabalho em equipe, da cooperação, da autonomia, do relacionamento democrático etc. Não: a escola não tem tempo a perder com esse tipo de ensinamento, porque ainda acredita que seu papel primordial é transmitir conhecimento.

Ocorre que onde há agrupamentos de mais novos, crianças ou jovens, há turbulências. Quem não sabe disso? Mas a escola quer que o estudante chegue a ela com educação vinda de berço. Por isso, sempre que algo indesejável acontece, a escola costuma responsabilizar os próprios alunos ou as suas famílias.

Hoje, é só em casa que podemos ser nós mesmos: podemos nos comportar sem julgamento algum porque estamos protegidos das vistas dos outros, não é? É em casa, portanto, que colocamos qualquer tipo de roupa, que usamos palavras e expressões que, em público, jamais usaríamos, que comemos como e onde queremos, que nos comportamos sem restrições.

Ter essa fortaleza, que é nossa casa, é absolutamente necessário para a manutenção de nossa saúde mental. Como os filhos observam tudo, eles aprendem também o que os pais não planejavam ensinar.

"Educação de berço" é o processo de socialização primária, como chamam os estudiosos: ensinar a criança a falar, a conviver, a se alimentar em companhia de outros, a vestir-se adequadamente, a respeitar regras em jogos, a cuidar dos mais novos e dos mais velhos etc.

Além desse processo, cabe à família também ensinar as virtudes e a moral que escolheu para seu grupo, e todo esse aprendizado da criança é aquecido pela afetividade, o eixo da educação familiar.

Quando ela vai para a escola, precisa passar pelo processo da socialização secundária, que em geral já foi iniciado pela família, mas será efetivado mesmo é na escola: aprender a conviver em grupo - e a resistir ao grupo quando for preciso - e em espaços públicos, onde as relações são impessoais.

Cabe à escola esse papel. Toda vez que uma criança ou um grupo delas, reunido em função da escola, se comporta de modo não civilizado, a responsabilidade é da instituição, principalmente.

Mas não é a família que educa os filhos para que eles respeitem os outros, não ajam de maneiras agressivas e preconceituosas, para conviver com diferenças de todo tipo?

Sim, em teoria e em grupos com relação afetiva. Em sociedade, o papel fundamental para esse ensino é da escola. Afinal, aprender a respeitar a irmã é mais fácil de entender, mas respeitar um(a) colega ou desconhecido é outra história.

Já passou da hora de a nossa sociedade exigir que a escola honre esse seu papel social. Por isso, caro leitor, antes de encaminhar seu filho a um atendimento especializado por ele ser agressivo ou desrespeitoso com colegas, pergunte à instituição [escolar] qual é o projeto dela para ensinar os alunos, na prática, a boa convivência, as virtudes, o respeito às diferenças e as relações justas e solidárias, por exemplo.

Fonte: Folha de S. Paulo – Cotidiano – Colunista – Terça-feira, 9 de dezembro de 2014 – Internet: clique aqui.

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