«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

O QUE ESTÁ SE PASSANDO NA POLÍTICA? FIQUE POR DENTRO!

Uma presidente que virou refém das circunstâncias

Carlos Melo*
Nova equipe econômica do governo Dilma Rousseff (da esquerda para a direita):
Alexandre Tombini (Presidente do Banco Central),
Joaquim Levy (Ministro da Fazenda) e
Nelson Barbosa (Ministro do Planejamento)
Por pontos, Dilma Rousseff venceu a eleição; vitória legítima. Mas a realidade que a cerca a torna refém das circunstâncias. Reduzidas são suas condições de impor pontos de vista e deixar fluir o jorro ideológico que brotou na campanha. Ao contrário da retórica triunfalista dos primeiros dias, a natural potência da reeleição agora escoa num indesmentível desgaste que drena o poder e a capacidade de ação da presidente.

Sem condescendência ou ressentimento, o analista perceberá que são várias e simultâneas as frentes de conflito em que o governo está metido - mais numerosas que os dedos das mãos. Pode-se dizer que Dilma envolveu-se - ou foi envolvida - numa penca de problemas. Vem ao caso discutir, aqui, apenas as aflições mais prementes: o escândalo da Petrobrás e o front da economia.

É nesses dois campos que, no curto prazo, residem os mais elevados riscos. Independentemente da vontade do governo ou de seu partido, não há controle sobre o duto da delação premiada: mais e mais implicados avaliam que o único meio para reduzir suas penas seja colaborar e também abrir o bico, liberando o fluxo de novas denúncias e envolvidos. O rio é caudaloso; quem saberá aonde vai dar?

Diante disso, as alternativas de Dilma se escassearam. O melhor seria fugir para frente: implementar processo de desenvolvimento elevado, garantir empregos e renda. Mas, como fazê-lo sem recursos e com a credibilidade econômica em pane? A crise de credibilidade reduz a confiança do investimento privado, as expectativas de melhora são corroídas. A piora econômica se alimenta do mau momento político, potencializado pela economia em frangalhos. Um ciclo de horrores. Necessário cessar o ciclo, estancar a sangria: dar alguns anéis para não ceder todos.

O front econômico é onde Dilma poderia mais imediatamente fazê-lo: acalmar os impacientes agentes de mercado é mais razoável do que enfrentá-los assim enfraquecida. Sim, implica morder a língua, conceder, capitular; reconhecer que o marketing não passou de bravata. Por isso, e não por paixão, a presidente foi em busca do prestígio de Joaquim Levy. Não foi convicção técnica, mas decisão política. Nem gosto, nem opção. Como o sapo, Dilma não pulou a cerca por boniteza, mas por precisão. Claro, pode-se prever que, mais a frente, os efeitos deletérios do ajuste atingirão aliados. Só então se saberá se Dilma se conformará (ou não) com esta margem do rio.

* CARLOS MELO É CIENTISTA POLÍTICO E PROFESSOR DO INSPER.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Política – Domingo, 30 de novembro de 2014 – Pg. A4 – Internet: clique aqui.

Dilma se rende ao pragmatismo para melhorar economia

Marcelo de Moraes
Presidente Dilma Rousseff e sua nova equipe econômica:
Joaquim Levy (Fazenda), Nelson Barbosa (Planejamento) e Alexandre Tombini (Banco Central)
Em busca de melhores resultados para a economia, a presidente Dilma Rousseff foi buscar sua nova equipe econômica aonde ninguém imaginava. Em vez de atrair economistas ligados à esquerda ou com alguma afinidade com seu partido, o PT, a presidente optou pelo economista Joaquim Levy, nome querido pelo mercado, para comandar o Ministério da Fazenda no seu segundo mandato no Planalto.

Criticou-se na campanha a possibilidade de banqueiros ou políticos ligados ao mercado financeiro assumirem a equipe econômica, caso seus adversários fossem eleitos, Dilma surpreendeu a todos com o pragmatismo que norteou sua escolha. Poderia ter sido até mais impactante se o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, tivesse aceito o convite que lhe foi feito por Dilma.

Plano B, Levy, que também era do Bradesco, já passou pela experiência de servir a um governo petista. Embora muito próximo do ex-presidente do Banco Central e guru tucano Armínio Fraga, Levy foi secretário do Tesouro durante o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar desse atenuante, Levy é visto pelos especialistas como um economista liberal, especialista em cortar gastos, fechar o cofre e dizer não a quem pede mais recursos. Com esse perfil, não foi a toa que até os petistas se irritaram com a escolha.

A verdade é que a presidente sabe que não pode repetir os medíocres números de crescimento que o País apresentou na sua primeira gestão. Ironicamente, foi buscar justamente a solução que tanto questionou na campanha.

Fonte: ESTADÃO.COM.BR – Política – 27 de novembro de 2014 – 02h02 – Internet: clique aqui.

Dilma é traidora ou sábia?

JUAN ARIAS

São sábios aqueles que têm a coragem de mudar de ideia. Talvez isso explique a decisão de colocar o futuro econômico do país em mãos mais ortodoxas
Dilma Rousseff - Presidente do Brasil
Os governos passam, os partidos desaparecem, os líderes morrem, mas os países permanecem. Tinha, portanto, razão o cartaz visto em uma das recentes manifestações de rua de São Paulo, onde se podia ler: “Em primeiro lugar, o Brasil”.

Os órfãos da candidata Dilma que acusavam seus adversários, Aécio Neves e Marina Silva, de querer colocar o país nas mãos dos banqueiros e que hoje descobrem que ela colocou a economia do país nas mãos do liberal Joaquim Levy, agora estão desconsolados.

Já começaram as manifestações contra sua decisão de dar uma guinada neoliberal na economia que, claro, estava na UTI. Logo a acusarão de trair a esquerda e seu partido, o PT.

Até levantaram a cabeça aqueles que preferem ver na manobra da nova Presidente de colocar um banqueiro para liderar a economia como uma forma de “mudar e deixar tudo como está”. Assim, Dilma teria colocado Levy como ministro da Fazenda para catequizá-lo, ou seja, para convertê-lo ao petismo, e não para regenerar o barco econômico que ameaçava afundar o país em uma recessão severa e que os investidores locais e estrangeiros perdessem a confiança.

Os políticos devem sempre ser criticados e vigiados pelos meios de comunicação e pela oposição, porque está em sua natureza a tentação de abusar do poder e de colocar seus interesses pessoais ou do partido acima do bem da nação. Da mesma forma, devem receber, no entanto, uma margem de confiança ao reconhecerem explícita ou implicitamente um erro na sua gestão, e têm a coragem de mudar o rumo do navio.

Dilma, com a decisão que acaba de tomar, a de colocar o presente e o futuro imediato econômico do país em mãos mais ortodoxas e neoliberais do que exigia a esquerda de seu partido, provou que desta vez ouviu aquele grito da rua: “Em primeiro lugar, o Brasil”.

Há, dentro de suas tropas e dos que se sentem órfãos da campanha eleitoral contra a direita, pessoas que começam a falar de traição à causa e da admissão, pelo menos de forma implícita, que a política econômica de seu primeiro mandato havia fracassado.

Traição ou sabedoria? “Sapientis est mutare consilium”, diziam os filósofos latinos, ou seja, são sábios aqueles que têm a coragem de mudar de ideia. É o caso de Dilma, que teria tido o bom senso de entender que, pelo bem do Brasil, precisava mudar de rumo para salvar o navio que começava a afundar?

É o que parece, a julgar pela raiva que sua decisão tem despertado nas pessoas que preferiam uma Dilma incapaz de mudar, porque, segundo eles, há uma única verdade na política, que nunca deve ser mudada, nem frente às evidências dos fatos, sob pena de trair a causa e a ideologia.

E se, ao contrário, têm razão os que ainda alimentam a esperança de que também esta manobra arriscada de Dilma possa ser parte de uma operação maquiavélica que pretenda fingir que se tratou de uma mudança na economia quando, na verdade, ela continuará sendo a capitã do navio e sua nova equipe apenas serão comparsas que ela será capaz de domar com o tempo?

E por que não podemos lhe dar, neste momento, uma margem de confiança de que se tratou de uma decisão, talvez até dolorosa para ela de que, como pedia a maioria não só dos 51 milhões de cidadãos que votaram contra ela, mas também muitos daqueles que a preferiram nas urnas, o mais importante, o primeiro, o indiscutível, é que na hora de decidir deve-se levar em conta, que “antes” e “acima de tudo”, está o futuro Brasil?

De um Brasil, além do mais, rico, criativo e com vontade de triunfar, que pode e merece mais do que uma economia agonizante, deprimida e sufocada pelos golpes da corrupção. Uma economia que, no final, devolveria os pobres de volta a seu antigo inferno de pobreza e marginalização, como pode ser observado nos países corroídos por um populismo anticientífico e antieconomicista incapaz de criar bem-estar, nem mesmo para os mais pobres.

Fonte: El País – Opinião/Coluna – 28 de novembro de 2014 – 17h01 – Internet: clique aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.