«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

COMO FUNCIONAM POLÍTICOS E PARTIDOS NO BRASIL

Resiliência atômica

José Roberto de Toledo

Nesse sistema político brasileiro, o indivíduo só é poderoso
quando vira uma organização


Se alguma bomba H não explodir antes, o prognóstico para o Brasil em 2016 é de mais sangria da economia pela política. Como um vampiro suga suas vítimas, o sistema partidário e eleitoral abriu as veias do País para drenar até a última gota. Apocalipse à parte, não há perspectiva de que se lhe desgrude os caninos. Ao menos não antes de março, numa previsão otimista.

Agora é o recesso, depois é o carnaval. Daí irão e virão recursos e embargos ao Supremo Tribunal Federal sobre o rito do impeachment de Dilma Rousseff. Prazos, instâncias, quóruns, tudo será motivo para questionamentos e pedidos de esclarecimento. Julho é mês de recesso. Agosto tem Olimpíada. Em setembro e outubro haverá eleição - fora os 14 feriados e pontos facultativos já oficializados para Brasília. Fim de 2016.

Sobra uma janela estreita, entre abril e junho, para um lado sobrepujar o outro - ou fecharem um acordo entre si. Mesmo sendo incerto fazer projeções para daqui a quatro meses, é provável que os arsenais de antis e prós continuem se equivalendo. Nesse cenário, não há vencedores. Segue o bombardeio intermitente, com vítimas aqui e acolá, a provocar tanta fumaça que turva toda previsão econômica e futiliza quaisquer planos de investimento.

Mesmo que um grupo prepondere, será um sanguessuga por outro. Sem uma disrupção no sistema político é cada vez mais improvável que o Brasil supere o “stop and go” [para e vai] econômico - com paradas progressivamente mais longas em relação aos períodos de avanço.

Na política brasileira atual, manda quem doa, obedece quem recebe. O dinheiro é o principal vetor de qualquer eleição, rivalizando em influência apenas com a inércia eleitoral (já estar no poder ou ser herdeiro de quem lá está).

Raros candidatos se elegem graças à militância espontânea. Na Câmara dos Deputados, os paradigmas da exceção são a família Bolsonaro e Jean Willys - dois extremos da trena ideológica. Recebem muitos votos por poucos reais, relativamente aos colegas. Seus cabos eleitorais podem ser gratuitos, mas não são desinteressados. Willys e Bolsonaros têm agendas que vão ao encontro estrito do que pretendem seus eleitores. É do jogo.

Mais congressistas representassem lobbies explícitos, mais transparente seria a disputa. Mas a maioria é uma mão-de-voto maleável e dependente dos recursos que a elegem - sejam o dinheiro, a inércia ou a combinação dos dois. 
NÃO EXISTE IDEOLOGIA DE PARTIDO NO BRASIL!
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Quem não é sócio do clube do poder tem que pagar uma joia para entrar. Sua eleição tende a custar bem mais caro do que a dos incumbentes e parentes. Mas mesmo quem já é associado tem que arcar com seus estipêndios. Se não existe nem almoço grátis, quanto menos eleição. Daí ganharem força dentro dos partidos aqueles capazes de alavancar doações eleitorais não apenas para si, mas também para os colegas. E não é pelo seu charme.

Doações começam com cargos. Podem ser diretorias de estatais, cadeiras de ministro, presidências ou lideranças partidárias. Qualquer posição que permita criar dificuldades, oferecer facilidades ou ambos. Nesse sistema, o indivíduo só é poderoso quando vira uma organização. Representando múltiplos interesses, adquire resiliência [= capacidade de se recobrar facilmente ou se adaptar à má sorte ou às mudanças] no poder. Vale para partidos e políticos.

Tornam-se duros na queda os que não se lambuzam sozinhos. Ficam de pé aqueles que são generosos ao distribuir fatias de poder e zelosos ao guardar os registros da distribuição. Os resilientes montaram redes de financiamento baseadas em empresas e pessoas físicas cujos negócios dependem do governo. Dão, recebem, distribuem - há décadas. Quanto maior, mais resiliente é a rede. Se uma parte é lavada a jato, outras ocupam seu espaço.

O sistema tem tanta resiliência que, como as baratas, talvez escapasse até de uma hecatombe nuclear. Melhor não testar.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Política – Quinta-feira, 7 de janeiro de 2016 – Pg. A6 – Internet: clique aqui.

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