«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 2 de janeiro de 2016

O que herdamos em 2016 - Em que avançamos

Adriana Carranca

Quando há vontade política, consegue-se o imprevisto e até
o que julgávamos impossível.
Vontade política nasce da pressão pública.

Ano novo, vida nova? Não. Aos que pularam as sete ondas, jogaram rosas para Iemanjá: desculpem-me a carranquice, é força do sobrenome, mas o mundo segue exatamente como o deixamos em 2015 – o calendário gregoriano é uma invenção cristã. Mas há motivos para celebrar. Listo aqui sete conquistas importantes do ano findo que herdamos para 2016:
POBREZA NO MUNDO DIMINUIU PARA 10% EM VISTA DE 37% EM 1990

[1ª] O menor índice de extrema pobreza na História. O ano começa com menos de 10% da população vivendo com renda inferior a U$ 1,90 ao dia, segundo o Banco Mundial. São ainda 700 milhões de pessoas. Mas são menos do que os 37% de 1990. Não significa que vivamos em um mundo menos desigual. Os ricos estão muito mais ricos e os pobres, um pouco menos pobres (para compreender o fenômeno, inclua entre as promessas para 2016 a leitura de O Capital no século XXI, de Thomas Piketty – Intrínseca, 2014).

[2ª] A vacina contra o ebola. Testada na Guiné, protegeu 100% dos vacinados expostos ao vírus, informou a Organização Mundial da Saúde (OMS). A boa notícia veio após o maior surto desde a descoberta do vírus, com mais de 11 mil mortos. Também houve avanço nas pesquisas da vacina contra a malária, embora a disseminação de outras formas de prevenção ainda seja a principal arma contra a doença, que mata mais do que terrorismo e guerras somados.
VACINA CONTRA O EBOLA É TESTADA COM SUCESSO NA GUINÉ

[3ª] O fim da poliomielite na África. Em agosto, o continente completou 12 meses sem novos casos da doença. Isso foi possível graças a milhares de voluntários que participaram dos esforços da OMS, Unicef e Fundação Bill e Melinda Gates para imunizar todas as crianças na Nigéria – desafio e tanto em um país de tribos nômades, conflitos regionais e radicalismo religioso. Se novos casos não surgirem até julho de 2017, a África será declarada livre da doença. O vírus que já circulou por 125 países resiste no Afeganistão e no Paquistão.

[4ª] Dois acordos históricos. O restabelecimento das relações diplomáticas entre Estados Unidos e Cuba e o acordo nuclear com o Irã, embora frágil, mostraram que é possível avançar politicamente, sem a derrubada imediata de regimes autoritários com guerras que acabam por produzir cenários piores do que antes.
RAÚL CASTRO E BARACK OBAMA
Cuba e Estados Unidos reatam as relações diplomáticas e reabrem as embaixadas

[5ª] A vitória da democracia. Eleições históricas em Mianmar, em novembro, garantiram maioria parlamentar à Liga Nacional pela Democracia, da líder da oposição Aung San Suu Kyi. Embora os militares mantenham privilégios políticos, parecem dispostos a compartilhar o poder pela primeira vez desde 1960. Houve outros avanços, como a troca democrática de governos em Burkina Faso, Nigéria e Tanzânia.

[6ª] O avanço dos direitos civis. Nos Estados Unidos, o casamento gay passou a ser reconhecido legalmente em todo o território nacional. O mesmo na Irlanda. Moçambique descriminalizou as relações entre pessoas do mesmo sexo. Na China, a política de um filho foi abolida.

[7ª] Um Nobel da Paz para a Primavera Árabe. A vitória do quarteto tunisiano foi um alento para milhões que foram às ruas por liberdade e uma prova de que um caminho mais democrático e pacífico é possível no mundo árabe, apesar dos maus exemplos de Egito, Líbia, Síria e Iêmen. 
AUNG SAN SUU KYI
Oposicionista vence as eleições democráticas em Mianmar após anos de ditadura militar

Foram conquistas históricas, não antecipadas há um ano. Mostram sobretudo que, quando há vontade política, consegue-se o imprevisto e até o que julgávamos impossível (no Brasil, a operação Lava Jato não me deixa mentir). Vontade política nasce da pressão pública. Por quase dois séculos, prevaleceu a ideia malthusiana de que a pobreza era inevitável. Em 2000, quando a ONU convocou os estados membros a reduzi-la, 43% da população ainda viviam nessa condição. Em uma década, caiu para 21% e agora à metade disso. A transformação que possibilitou o avanço foi a consciência coletiva de que a pobreza não é natural, mas uma distorção.

Reconhecer o inaceitável – na desigualdade, no terrorismo, nas guerras, na xenofobia – seria um bom começo para 2016. Que seja um ano melhor a todos.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Internacional – Sábado, 2 de janeiro de 2016 – Pg. A7 – Internet: clique aqui.

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