«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

É possível ser otimista em 2016?

O pior está por vir

Editorial

Em um ano, mais 2,5 milhões de brasileiros entraram para a lista de desempregados, elevando para 9,1 milhões o total de trabalhadores procurando emprego.
EM 2015 1 MILHÃO, CENTO E OITENTA E QUATRO MIL TRABALHADORES
COM CARTEIRA ASSINADA PERDERAM SEU EMPREGO!!!

Esses números, que constam da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referente ao trimestre agosto-outubro de 2015, mostram a rapidez com que o desemprego se alastra e dão a dimensão social da crise em que o País está mergulhado.

O pior é que não há indicações de melhora no horizonte. Com o agravamento da crise a partir do início do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, o desemprego parece ter adquirido força própria. Foram rompidos padrões observados em anos anteriores, quando o número de desempregados aumentava no início do ano, por causa das demissões dos trabalhadores temporários contratados para atender ao aquecimento dos negócios no fim do ano anterior, mas decrescia rapidamente nos meses seguintes.

Colocados num gráfico, os números da Pnad Contínua mostram que o desemprego não diminuiu em nenhum período do ano passado. O que se observa nesse gráfico é o crescimento ininterrupto do número de desempregados desde o trimestre móvel setembro-novembro de 2014, com a eliminação do pico normalmente atingido no primeiro semestre do ano seguinte. No trimestre setembro-novembro de 2014, havia 6,45 milhões de desempregados, o que significa que, até o trimestre agosto-outubro de 2015 (9,1 milhões de desempregados), o aumento foi de 40,7%.

Observe-se que esse aumento decorre principalmente do fato de que pessoas que antes não estavam à procura de trabalho, e por isso não eram contabilizadas na população economicamente ativa, passaram a buscar uma ocupação, incorporando-se imediatamente à lista dos desempregados. Este é outro efeito da crise. Entre os fatores que levaram essas pessoas a procurar trabalho está um dos aspectos mais nocivos da crise do mercado de trabalho: o fechamento de vagas no mercado formal, que oferece melhores salários e garantias como férias remuneradas, previdência social e décimo terceiro salário. 
HÁ UMA ESTREITA RELAÇÃO ENTRE QUEDA DO PIB (Produto Interno Bruto = a soma de todas as riquezas produzidas pelo País) e o AUMENTO DO DESEMPREGO
VEJA ESTE GRÁFICO

Em um ano, 1,184 milhão de pessoas perderam emprego com carteira assinada, de acordo com a Pnad Contínua. “Diante disso, outros membros da família, antes inativos, acabam saindo para buscar emprego”, na interpretação do coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo. É um fenômeno que deve se manter nos próximos meses. “Enquanto ocorrer redução na carteira assinada, a tendência é (a procura por vaga) aumentar”, previu Azeredo. Ou seja, o número de desempregados deve continuar crescendo, pois, ao aumento do desemprego no mercado formal, há, no início de cada ano, o fechamento das vagas temporárias. O pior ainda está por vir.

Esse efeito é parcialmente mitigado pelo fato de que muitos dos que perderam emprego passam a trabalhar por conta própria e aparecem nas estatísticas como pessoas ocupadas. Em um ano, o número de trabalhadores por conta própria aumentou 913 mil. Mas é um número que deve ser analisado com cuidado. Trabalhar por conta própria na situação atual “não é uma opção, é uma falta de opção”, destacou o funcionário responsável pelas estatísticas do mercado de trabalho do IBGE. O trabalhador passa a trabalhar por conta própria porque perdeu emprego e renda.

Mesmo quem continua trabalhando sente os efeitos da crise. A renda real média do trabalhador até outubro era 1,0% menor do que a de um ano antes. A massa real habitual paga aos ocupados, por sua vez, teve queda de 1,2% em um ano até outubro.

O desemprego tornou-se um problema mundial. Mas é pior no Brasil do que na maioria dos países com nível de desenvolvimento igual ou superior ao nosso. Numa lista de 34 países, o desemprego no Brasil é maior do que o de 25 deles, de acordo com estatísticas referentes ao terceiro trimestre de 2015 divulgadas há pouco pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Fonte: O Estado de S. Paulo – Notas e Informações – Domingo, 17 de janeiro de 2016 – Pg. A3 – Internet: clique aqui.

Pessimismo em alta

José Roberto de Toledo

Na comparação mundial, Brasil deixou de ser um dos 
países mais otimistas,
mas há motivos de sobra para isso, entre eles:
cerca de 1 em cada 5 brasileiros sofreu uma perda de 
poder de consumo grande o suficiente para mudar de classe

O pessimismo dos brasileiros é o dobro de outros terráqueos. Na média mundial, 16% apostam que 2016 será pior do que 2015. No Brasil, a parcela pessimista chega a 32%. Não somos um Iraque, onde 56% da população acha que tudo vai piorar, mas tampouco estamos em guerra. Os dados são de pesquisa feita pela rede WIN em 68 países, a ser divulgada nesta segunda. Aqui, a sondagem foi conduzida pelo Ibope. A coluna antecipa alguns resultados.

Como no Brasil ainda prefere-se o Carnaval ao ISIS [grupo terrorista “Estado Islâmico”], e homem-bomba é apenas uma expressão reservada a delatores premiados, a fatia de otimistas continua sendo a maior do bolo nacional: 50% esperam um 2016 melhor do que foi 2015. É mais do que nos Estados Unidos (36%) e em outros 51 países, diria Pollyanna. Mas está pouco abaixo da média mundial (54%), que é puxada pelos novos campeões do otimismo: China (76%), Nigéria (78%) e Bangladesh (81%).

Outros 13% de brasileiros acham que tudo vai ficar como está, e o resto não soube ou não quis responder a pergunta do Ibope.

Se na comparação internacional o Brasil deixou de ser um dos países mais otimistas do mundo, é indisfarçável o rápido crescimento do pessimismo tupiniquim ao longo tempo. Seis anos atrás, só 6% dos brasileiros acreditavam que 2011 seria pior, enquanto 73% achavam que seria um ano ainda melhor do que 2010 já havia sido. Desde então, os pessimistas passaram para 8% (em 2011 e 2012), cresceram para 14% em 2013, pularam para 26% em 2014 e chegaram a inéditos 32% no final do ano passado.

Ao mesmo tempo, os otimistas saíram do patamar chinês (acima de 70%) de 2010 a 2012, para 57% em 2013, 49% em 2014 e 50% em 2015. Então o otimismo parou de cair? Em termos absolutos, sim. Mas, proporcionalmente ao pessimismo, ficou menor.

As causas dessa súbita mudança de humor dos brasileiros devem ser mais bem explicadas pelos demais itens da pesquisa a serem divulgados nesta segunda, mas não é preciso ser clarividente para saber que o problema é a economia do País. Nesse período, a curva de ascensão social da maioria da população foi perdendo força até inverter sua trajetória. Gente que estava melhorando no começo da década está, agora, andando para trás.

Isso fica claro em um dos cruzamentos da pesquisas Ibope. No final de 2014:
a.     as classes de consumo A+B somavam 30% da população.
b.     Um ano depois [2015], seu peso caiu para 23%.
c.     No mesmo período [2014-2015], a classe C emagreceu de 54% para 50%, e
d.    as classes D+E voltaram a engrossar o estrato mais baixo e vulnerável. De 16% da população em 2014, passaram a representar 27% em 2015.

Essa movimentação significa que em apenas um ano, cerca de 7% dos brasileiros caíram do topo para o meio da pirâmide de consumo, e 11% escorregaram do miolo de volta para a base da estrutura. Em outras palavras, cerca de 1 em cada 5 brasileiros sofreu uma perda de poder de consumo grande o suficiente para mudar de classe. Visto dessa perspectiva, o aumento de seis pontos do pessimismo dos brasileiros até que foi pequeno.

É como se apenas 1 em cada 3 dos que perderam status social ao longo de 2015 tivesse traduzido esse passo atrás em mais pessimismo. Há duas maneiras de interpretar esses números.

Na perspectiva do copo meio cheio, pode-se dizer que o brasileiro é, antes de tudo, um otimista, porque mesmo sofrendo revezes de renda e eventualmente perdendo o emprego ele ainda assim continua a acreditar em um futuro melhor.

Na perspectiva do copo meio vazio, pode-se projetar que o desastre de opinião pública é questão de tempo. Quando os outros dois terços que andaram para trás em 2015 perceberem que não estão conseguindo recuperar o terreno perdido, também devem aderir ao pessimismo, e a onda de mau humor crescerá mais.

Se esta última interpretação estiver correta, o Brasil deve continuar caindo no ranking mundial do otimismo em 2016.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Política – Segunda-feira, 18 de janeiro de 2016 – Pg. A7 – Internet: clique aqui.

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