«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Previsão do tempo para 2040

José Antonio Marengo Orsini*

Mesmo com corte de emissões, eventos extremos e altas temperaturas ficarão mais frequentes no Brasil; o climatologista José Marengo dá uma amostra do que pode estar nos telejornais no futuro
SECA NO NORDESTE É A MAIS LONGA E GRAVE DOS ÚLTIMOS 40/50 ANOS!!!

Vida de meteorologista tem lances inusitados. Uma vez, quando trabalhava no CPTEC (Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Inpe) me ligou uma noiva querendo saber se choveria no dia 23 de setembro, pois tinha sua festa de casamento planejada para aquela data. Detalhe: ela ligou no dia 18 de março. Obviamente não dá para saber se vai chover daqui a seis meses – a previsão do tempo é feita com até sete dias de antecedência.

Mesmo que a tecnologia tenha melhorado, como melhorou, e que a confiança das pessoas na previsão do tempo seja maior hoje do que no passado, as incertezas aumentam quanto mais se tentar enxergar adiante, devido à natureza essencialmente caótica dos fenômenos meteorológicos. Mesmo que seja possível prever o tempo para as próximas seis horas e para a próxima estação do ano, o acerto será maior numa previsão para hoje pela noite que para fevereiro 2016.

Agora, já pensou como seria a previsão de tempo num futuro mais quente, como aqueles projetados pelo IPCC, o painel do clima da ONU? Resultados de pesquisas em todo o mundo sugerem que, mesmo com o sucesso do Acordo de Paris e quaisquer que sejam os esforços feitos para limitar as emissões de gases de efeito estufa, ondas de calor mais fortes e frequentes e episódios de chuvas intensas e períodos secos e secas seriam inevitáveis nos próximos 30 anos.

Até 2040, a frequência de:
  • episódios de calor extremos,
  • chuvas intensas e
  • secas vai aumentar, independente das emissões de dióxido de carbono na atmosfera.

Trata-se de uma conta a pagar pelos gases de efeito estufa que já emitimos no passado, em grande parte enquanto protelávamos a decisão de fazer algo a respeito.

Imagine em um dia qualquer, digamos, de fins de fevereiro de 2040, a moça de tempo falando o seguinte:

«Temperaturas podem chegar até 39º C na média em São Paulo e há previsão de uma onda de calor a partir de amanhã, com máximas previstas de 42º C durante os próximos quatro dias. Recomenda-se às pessoas não se exporem entre 10h e 15h horas ao sol e se hidratarem continuamente. Já no Nordeste, as máximas amanhã podem chegar ate 42º C em Fortaleza e Recife, mas tem previsão e pancadas de chuva intensa pela tarde, e de noite as mínimas pode chegar ate 32º C. A seca nessa região continua no seu quinto ano. No Norte do Brasil, a seca que começou em 2038 continua se estendendo pela Amazônia, e a secura do ar favoreceu um maior número de queimadas, que bateram um novo recorde ao crescerem 200% em relação a 2039. As temperaturas médias chegam a até 45º C. Com a baixa do nível dos rios, o transporte fluvial foi cancelado na região até segunda ordem. No Sul do Brasil, as chuvas intensas continuam pelo quinto dia consecutivo, e o risco de deslizamentos de terra no Vale de Itajaí aumentou, e as máximas em Porto Alegre podem chegar a 35º C».
 
JOSÉ ANTONIO MARENGO ORSINI
Climatologista
É claro que em 2040 as previsões mostradas na mídia podem ser mais sofisticadas, com mapas e imagens 3D, e a ótima Maria Júlia Coutinho [apresentador da TV Globo] poderá ter dado lugar a uma apresentadora ou um apresentador do tempo virtual. O que não muda, porém, é que o futuro terá um clima mais quente e com mais eventos extremos, e que se um imenso esforço de políticas de redução de gases de efeito estufa não for feito para amenizar o aquecimento global, a previsão de tempo no futuro deixará de ser uma parte amena dos jornais para virar uma dor de cabeça para a população e os governantes.

* José Antonio Marengo Orsini é doutor em meteorologia pela Universidade de Wisconsin-Madison (EUA) e chefe de pesquisas do Cemaden (Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais). Participou dos relatórios de avaliação 4 e 5 do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) e é membro do Painel Brasileiro sobre Mudanças Climáticas.

Fonte: Envolverde – Notícias – Segunda-feira, 4 de janeiro de 2016 – Internet: clique aqui.

5 evidências que as mudanças climáticas
já são realidade

EcoDebate
06-01-2016
Temperatura registrada foi de 43,4 graus a bordo de um coletivo no Fonseca (Niterói, RJ), em 15/02/2014.
Números foram aferidos por meteorologista da UFRJ (Igor Balteiro)

2015 foi um ano conturbado para o meio ambiente com desastres como o da barragem em Mariana (MG), mas também com esperanças, por conta da assinatura do Protocolo de Paris que definiu o novo acordo global. Mas e por que isso é importante? Porque é preciso que todas as nações se unam para evitar o aumento da temperatura na Terra e suas consequências. E que consequências são essas?

Confira abaixo cinco evidências que o gerente de estratégias de conservação da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, André Ferretti, elencou comprovando que as mudanças climáticas e seus efeitos já chegaram.

1. Aumento da temperatura

De acordo com a ONU, 2015 foi o ano mais quente da história, por conta do aquecimento global, que já se sabe, é causado pelo homem. No Brasil, as altas temperaturas foram sentidas durante todo o ano. A cidade do Rio de Janeiro registrou neste ano 43,2º C, com sensação térmica de 47º C, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia. A temperatura é a mais alta desde 1915, quando teve início a medição. Outras capitais também tiveram recordes como Brasília (DF) que registrou a segunda maior temperatura da história, com 35,1º, Manaus (AM), que atingiu 38,6º, maior registro desde 1925 e Belém (PA), que atingiu 38º, recorde de calor desde que se iniciaram as medições em 1897.

2. Falta de Água

A crise da água no Sudeste não é mais novidade. Desde 2014 a queda na quantidade de chuvas já é realidade. Porém, a ação do homem na degradação da vegetação nativa no entorno dos rios e reservatórios, além da falta de investimento, contribuiu para potencializar a crise hídrica. Da mesma forma, essa redução das áreas naturais contribui para as alterações do clima, pois as vegetações nativas possuem papel fundamental na regulação do microclima, além de, quando são desmatadas, emitirem gases de efeito estufa. Apesar da redução do interesse desse assunto na mídia, os níveis nos reservatórios paulistas continuam alarmantes. De acordo com a companhia de água de São Paulo (Sabesp), o Sistema Cantareira, um dos mais importantes do estado, continua com nível de cerca de -10%, isto é, ainda utilizando o chamado volume morto. [Neste início de 2016, o sistema Cantareira saiu do volume morto, mas continua em níveis muito críticos!] 
SISTEMA CANTAREIRA - São Paulo
O volume de água atual deixa ver as marcas de onde a água chegava anteriormente

3. Enchentes

Se alguns estados sofrem com a escassez de água, o Sul do país foi atingido por chuvas devastadoras que causaram enchentes nos três estados. No Rio Grande do Sul, o rio Guaíba, que corta a capital gaúcha atingiu números alarmantes no ano passado, chegando a 2,80 metros, alagando diversos pontos da cidade. Em Santa Catarina, as perdas por conta das enchentes ultrapassaram os R$500 milhões, de acordo com a Defesa Civil. O Paraná registrou algo raro em 2015: vários tornados foram visualizados na cidade de Marechal Cândido Rondon, neste mês de novembro, quando os ventos chegaram a 115km/h. Com grande destruição, o prefeito da cidade decretou situação de emergência. Os eventos climáticos extremos são consequência direta das mudanças climáticas.

4. Desertificação

A falta de água que causa tantos transtornos para as pessoas também tem consequências enormes para a natureza. Com a alteração do clima e a redução na quantidade de chuva, o Brasil ampliou as regiões atingidas pela seca. No final de outubro deste ano, dados de satélite da Agência Espacial Norte Americana (NASA) mostraram que o Sudeste perdeu 56 trilhões de litros de água, na pior seca das últimas décadas na região. O Nordeste também perdeu 49 trilhões de litros. A falta de água no solo causa um processo chamado desertificação, no qual o ambiente vai se modificando até transformar-se em uma paisagem árida ou de um deserto propriamente dito.

5. Extinção de espécies

Com essas mudanças na temperatura e ciclos de chuvas alterados, a biodiversidade mundial e brasileira sofre cada vez mais. Segundo estudo publicado na revista Science, uma em cada seis espécies pode ser extinta por conta das mudanças climáticas, sendo que as regiões que devem sofrer mais são América do Sul, Austrália e Nova Zelândia. Aqui no Brasil, especialistas calculam que metade das espécies de plantas da Amazônia pode desaparecer até 2050. Segundo eles, essa redução no número de árvores, emite gases de efeito estufa, o que, por sua vez, alimenta as alterações do clima. É um ciclo vicioso.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Quinta-feira, 7 de janeiro de 2016 – Internet: clique aqui.

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