«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Cientistas proclamam que estamos no nascimento de uma nova era geológica


Aquecimento global, aumento do nível dos mares, extinção em massa de espécies: 
a humanidade está mudando o planeta de tal forma que um número cada vez maior de cientistas quer proclamar uma nova era geológica. 
Em entrevista à “Spiegel Online”, o geólogo britânico Jan Zalasiewicz defende a ideia da era Antropocena.

A entrevista é de Christian Schwägerl, publicada pela Der Spiegel e reproduzida pelo Portal Uol, 06-06-2011.

Jan Zalasiewicz [foto ao lado] é professor sênior do Departamento de Geologia da Universidade de Leicester na Inglaterra. A maior parte do trabalho de Zalasiewicz é baseada na estratigrafia: o geólogo estuda a história da Terra através da análise de camadas de rocha (estratificação). Seu livro “A Terra Depois de Nós: Que Legado os Humanos Deixarão nas Rochas?” questiona sobre que tipo de mundo os alienígenas encontrariam se pousassem na terra daqui a 100 milhões de anos. Zalasiewicz foi um dos primeiros geólogos a adotar o novo termo “Antropocena”. O termo foi cunhado pelo químico atmosférico holandês e vencedor do prêmio Nobel Paul J. Crutzen e significa “era do homem”.

Eis a entrevista.

A humanidade está mudando a Terra de tantas maneiras e a longo prazo que se justifica mudar o nome da atual era Holocena para Antropocena?

A humanidade provoca mudanças significativas na biodiversidade da Terra. Nossas emissões de CO2 levam a fenômenos como o aquecimento global e a acidificação do oceano. A lista de impactos humanos sobre o sistema da Terra é muito longa. Algumas dessas mudanças estão em andamento. Outras, como o aumento do nível do mar que provavelmente resultará do atual aquecimento global, apenas começaram, e acontecerão durante os próximos séculos e milênios. Baseado em nossos conhecimentos atuais, certamente há motivos para defender criação de uma nova era chamada Antropocena. Nossas mudanças envolvem a remodelação dos caminhos sedimentares que constroem novas camadas de solo. Isso inclui a construção dos estratos feitos pelo homem, que nós chamamos de cidades.

O que precisa ser feito cientificamente para determinar se nós já estamos vivendo na era Antropocena?

Devemos primeiro demonstrar que as mudanças ambientais globais que aconteceram são suficientes para deixar sinais distintos e significativos nos estratos que estão se formando hoje e continuarão a se formar no futuro. Estou falando sobre sinais que marcam claramente a era Antropocena como um intervalo separado no tempo geológico. Assim, precisamos mostrar que o termo é geologicamente justificável. Em segundo lugar, precisamos estabelecer que um termo formal como este será, acima de tudo, útil para os cientistas, em vez de ser um empecilho ou um problema.

A ideia da era Antropocena foi oficialmente lançada pelo vencedor do prêmio Nobel Paul Crutzen em 2002 na revista Nature. Ela mudou sua forma de pensar como geólogo?

Ela cristalizou uma consciência crescente de que as mudanças ambientais que estão em andamento são significativas numa escala de tempo geológica, e devem ser estudadas dentro de um contexto geológico da história profunda da Terra. Para um geólogo que é treinado para considerar períodos muito longos de tempo, este é um grande passo.

Há muita resistência à ideia Antropocena nos círculos de geologia, uma vez que ela pode ser vista como um termo precoce e especulativo?

Há alguma resistência, certamente, por esses mesmos motivos, e por causa da acusação de orgulho. Mas minha impressão é de que também existe um interesse considerável em apoiar esse conceito. O interesse e o apoio são duas coisas diferentes, é claro. Mas, por exemplo, quando o termo foi discutido na Comissão de Estratigrafia da Sociedade Geológica de Londres, 21 entre os 22 estratigrafistas acharam que o termo tinha mérito e deveria ser melhor explorado. A sociedade é composta por uma seleção de estratigrafistas escolhidos por seu conhecimento técnico, não por radicalismo ambiental.

A crítica de que, quando os seres humanos se declaram uma força geológica isso não passa de uma atitude de orgulho, como se fossemos donos do planeta, é justificada?

Existe esse perigo, é claro. Num sentindo, nós “somos donos” do planeta, uma vez que atualmente somos o predador dominante da Terra. Mas também, é claro, não somos tão importantes para a biosfera planetária quanto, por exemplo, as populações de micróbios. Sem eles, toda vida logo chegaria ao fim. Nós não temos um papel tão importante assim, longe disso. O que está expresso na ideia Antropocena é nosso impacto como espécie isolada.

A ideia da humanidade como dona da Terra – isso não é desconcertante?

Embora hoje possamos dizer que “somos donos” do planeta, não é o mesmo que dizer que o controlamos. Nosso experimento global com o CO2 é algo que praticamente todo governo gostaria que fosse controlado, e apesar disso, somos incapazes de fazer isso coletivamente por enquanto. Isso parece evocar outros sentimentos que não o orgulho.

Você vê na era Antropocena algo mais do que apenas um termo geológico? É uma nova forma de pensar o papel da humanidade na Terra?

Esta é, quase que certamente, parte da atração do termo para o público mais amplo. O termo encapsula e integra uma ampla variedade de fenômenos que normalmente são considerados separados. Ele também oferece um sentido de escala e significado para a mudança antropogênica global. Ele enfatiza a importância da longa história geológica da Terra como um contexto para entender melhor o que está acontecendo hoje.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos - On-Line - 06/06/2011 - Internet: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=44023

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.