«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Corrupção em campo [Era só o que faltava!]

Editoriais 

Decisão de afrouxar controles e tornar sigilosos gastos das obras da Copa e da Olimpíada 
deve ser revista, sob risco de facilitar desfalque nas contas

Corrupção e fraudes são pragas corriqueiras em obras públicas no Brasil. O governo federal conhece bem essa realidade. Parece mais empenhado em ocultá-la, contudo, do que em combatê-la.

Só assim pode entender-se o duplo golpe que acaba de desferir na fiscalização dos preparativos para a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016.

De um lado, abranda os mecanismos de controle, ao abdicar da Lei de Licitações para realizar a concorrência das futuras obras. De outro, torna sigilosas as informações sobre custos, dificultando a detecção dos descalabros.

A pretexto de imprimir rapidez às obras, medida provisória aprovada pela Câmara dos Deputados criou o RDC (Regime Diferenciado de Contratações).

O sistema implica abrir mão de uma série de cautelas. Permite a contratação por "empreitada", na qual, em vez de discriminar serviços, as construtoras fixam o valor global da obra e se responsabilizam por eventuais contratempos.

Isso pode, de fato, agilizar a construção. Mas deve, também, encarecer os trabalhos, ao embutir os custos dos entraves. A contrapartida deveria ser mais transparência, não menos.

Na undécima hora, porém, o texto da MP foi alterado. Onde antes se dizia que "em qualquer caso" o orçamento da obra ficaria sempre disponível aos órgãos de controle interno e externo, após o resultado da licitação, a nova redação deixou explícito que tal informação "possuirá caráter sigiloso e será disponibilizada estritamente a órgãos de controle".

Com isso, instituições fiscalizadoras como o TCU (Tribunal de Contas da União) ficariam impedidas de divulgar o valor real.

O precedente dos Jogos Pan-Americanos, em 2007, é alarmante: houve aumento de quase 800% nos custos. De R$ 410 milhões, em 2002, a conta fechou em R$ 3,7 bilhões. Sob sigilo, Copa e Olimpíada seguirão no mesmo caminho e irão muito mais longe.

O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), justificou a adoção dos meios obscuros com a velha conversa dos fins virtuosos. Disse que "temerário é não ter a Copa".

O país foi definido como sede da Copa de 2014 em outubro de 2007. Nesses três anos e sete meses, quase nada se fez. A inoperância e a ineficiência concorrem, como de hábito, para patrocinar o campeonato de interesses escusos.

A MP do sigilo ainda sofrerá análise do Senado, onde se espera que seja alterada. Do modo como está, propicia desfalque mais que previsível nos cofres públicos.

O segredo nunca teve serventia para impedir as fraudes e a corrupção, só para acobertá-las.

Fonte: Folha de S. Paulo - Opinião - Sexta-feira, 17 de junho de 2011 - Pg. A2 - Internet: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1706201101.htm
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Lei Palocci

ELIANE CANTANHÊDE

BRASÍLIA - No caso do "agente 007", o 00 significa licença para matar. No do RDC (Regime Diferenciado de Contratações) aprovado pela Câmara para a Copa e a Olimpíada, o RDC é uma licença para desviar dinheiro público.

Desculpe a rudeza da constatação, mas não me ocorreu nenhum eufemismo ou sutileza para dizer que a mudança nas regras vai facilitar ainda mais o troca-troca nem sempre ético entre as verbas públicas e a ganância privada, agora sob o pretexto de agilizar e apressar as obras para 2014 e 2016.

Há boas críticas aos excessos da Lei de Licitações, a 8.666, mas, se com ela já acontece tudo o que acontece, imagina depois do RDC e da "flexibilização", com tudo rapidinho e por baixo dos panos?

Entre os cachos pendurados nessa árvore, destacam-se: a liberdade para aumentar sem limites os valores dos contratos na mesma licitação; e a decisão de manter sob sigilo os orçamentos de União, Estados e municípios para a Copa. Ou seja, em segredo, bem longe da curiosidade da imprensa e do legítimo direito de informação dos cidadãos. Por que será, hein?

É difícil explicar - e ninguém explicou até agora - por que raios os valores podem continuar subindo e o cidadão e a cidadã que pagam impostos (e que impostos!) não vão ter acesso às informações sobre quem paga, para quem paga, pelo quê paga e por quê paga. Parece até a história do Palocci.

O pior é o pretexto: apesar de todo o mundo saber há anos que a Copa vai ser no Brasil, as obras nos aeroportos e nos estádios estão a passos de tartaruga, tudo atrasado. No Pan de 2007, as obras foram estimadas em R$ 410 milhões e bateram em R$ 3,7 bilhões. Em 2014, ano de eleições gerais - para deputado, senador, governador e presidente da República -, vai ser uma festa.

Segundo o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, o sigilo é "absurdo, escandalosamente absurdo". Não há como discordar.

e-mail: elianec@uol.com.br

Fonte: Folha de S. Paulo - Opinião - Sexta-feira, 17 de junho de 2011 - Pg. A2 - Internet: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1706201104.htm
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OPINIÃO


A mais discutível das mudanças, na opinião do presidente da Sociedade Brasileira de Direito Público, Carlos Ari Sundfeld, é aquela que permite que a empresa contratada para executar a obra também seja responsável pelo projeto. 
O poder público poderá entregar um aeroporto inteiro a uma empresa que determinará como será e quanto custará a obra. Esse salto no escuro será fiscalizado pelo Tribunal de Contas da União e pelos congêneres estaduais. 
Além do rigor das auditorias não ser nacionalmente homogêneo nos tribunais de contas estaduais, o texto aprovado na Câmara inibe o acompanhamento público da execução orçamentária da obra.

Reportagem de Maria Cristina Fernandes e publicada pelo jornal Valor, 17-06-2011.

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