«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Sociólogo critica "nova esquerda" europeia



VAGUINALDO MARINHEIRO
ENVIADO ESPECIAL A LISBOA


Para o português Boaventura de Sousa Santos, partidos sofreram derrota eleitoral por não se diferenciarem da direita
Professor de Coimbra defende reavaliação da dívida portuguesa e diz que o euro, como está, não é mais sustentável  

O sociólogo português Boaventura de Sousa Santos [foto ao lado] acredita que os partidos de centro-esquerda estão sendo derrotados pelas urnas na Europa por não conseguirem se diferenciar da direita.
No domingo, o Partido Socialista português teve a pior votação em 20 anos, e o PSD, de direita, fez o novo premiê. Duas semanas antes, o espanhol sofreu derrota histórica.

Professor catedrático da Universidade de Coimbra, Sousa Santos, 70, lançou o livro "Portugal. Ensaio Contra a Autoflagelação", em que diz que seus conterrâneos tendem a se culpar por tudo. Leia os principais trechos de sua entrevista à Folha.

Folha - A eleição foi marcada por vitória da direita, encolhimento da esquerda e alta abstenção. O português está entre a apatia e a revolta contra o último governo?

Boaventura de Sousa Santos - Não me teria surpreendido uma abstenção ainda mais alta. Nenhum dos partidos disse na campanha como governaria se ganhasse. Se o fizesse, não seria eleito. O acordo com FMI, Banco Central Europeu e União Europeia não deixa dúvidas sobre o tipo de medidas impopulares que terão de ser tomadas e que vão afetar muito o bem-estar das pessoas. Os portugueses não estão apáticos. Estão expectantes. Leem os jornais e sabem o que está a passar na Grécia, um país um ano mais avançado que nós na desgraça.

A maioria parlamentar da direita mudará algo?

Sem dúvida. E temo que não seja para melhor. Portugal vai continuar o seu caminho europeu em contraciclo. Adotou o modelo do Estado social depois da revolução de 1974, quando estava já a entrar em crise na Europa. Agora, vai adotar o fundamentalismo neoliberal quando ele está em crise mundial e países ditos emergentes, entre os quais o Brasil, são festejados por ter desobedecido às receitas neoliberais.

Com a derrota do PS português, só 5 dos 27 países da EU estão sob governos de centro-esquerda. Por que o eleitor está rejeitando a esquerda?

As políticas liberais foram fielmente postas em prática pelos próprios partidos de centro-esquerda a partir do momento em que chamada Terceira Via dominou a social-democracia europeia.

A crise foi global, mas alguns países (os chamados periféricos) estão sofrendo mais para sair dela. Qual a explicação? 

Os países periféricos adotaram moeda forte ao mesmo tempo em que o bloco econômico em que se integravam, a União Europeia, se abria ao mercado internacional. Quem produz turismo, calçado e têxteis não está em tão boas condições para competir com a China quanto um país que produz aviões ou trens de alta velocidade.

E a crítica dos alemães de que gregos e portugueses, por exemplo, trabalham menos e descuidaram das finanças?

O preconceito do Norte contra o Sul vem de muito longe. Os frades alemães que visitavam a península Ibérica no século 17 já diziam isso e muito mais. Diziam que os latinos são preguiçosos, lascivos e pouco higiênicos. Em 1953, no pós-guerra, a Alemanha estava na bancarrota. Credores juntaram-se, perdoaram mais de metade da dívida e aceitaram receber juros compatíveis. É curta a memória dos alemães.

O sr. fala em reavaliar a dívida portuguesa. Isso não seria visto como calote disfarçado? 

Portugal tem de honrar os seus compromissos, ou seja, pagar a dívida que legitimamente deve, mas só essa. Parte da dívida decorre da manipulação especulativa de juros, resultante de promiscuidades de interesses entre especuladores e agências de rating, o que configura a suspeita de crimes financeiros. A divida que decorre dessa manipulação é ilegítima e não deve ser paga. Portugal deve sair da zona do euro? Foi um erro ter adotado a moeda comum? Só haverá saída sem tumulto da zona do euro se ela abranger mais de um país e for negociada. O euro como está é insustentável.

Leia a íntegra da entrevista: http://www1.folha.uol.com.br/mundo/926705-para-sociologo-centro-esquerda-perde-em-portugal-por-parecer-direita.shtml

Fonte: Folha de S. Paulo - Mundo - Quarta-feira, 8 de junho de 2011 - Pg. A17 - Internet: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft0806201110.htm

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PERFIL 

Intelectual se destacou nas ciências sociais 

DE SÃO PAULO

Boaventura de Sousa Santos é um dos principais intelectuais em língua portuguesa na área das ciências sociais. Português, dirige o Centro de Estudos Sociais da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, o Centro de Documentação 25 de Abril e a "Revista Crítica de Ciências Sociais".
Sousa Santos tem doutorado em sociologia do direito pela Universidade Yale (EUA) e é professor catedrático da Faculdade de Economia de Coimbra.
Publicou trabalhos sobre epistemologia, sociologia do direito, teoria pós-colonial, democracia, interculturalidade, globalização, movimentos sociais e direitos humanos.
É autor, entre outros livros, de "Para uma Revolução Democrática da Justiça" (Cortez, 2001). E já recebeu dezenas de prêmios por sua obra.

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