«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Lixo pode virar arte


MARCELO GLEISER *

Temos que limpar o mundo sem depender dos governos. 
Se milhões de pessoas se juntarem, a situação irá mudar

SEMANA PASSADA tive o privilégio de participar do 4º Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade em Belo Horizonte. Mais de 2.000 pessoas lotaram o auditório para ouvir ideias sobre ambiente, educação e o que pode ser feito para mudarmos nossa relação com o planeta. Entre os participantes estava o genial Tião Santos, presidente da associação dos catadores do Aterro de Jardim Gramacho, o maior do mundo em volume de lixo.

Catadores são as pessoas que transitam pelos aterros coletando materiais recicláveis, que são revendidos para a indústria. Com isso, não só ganham seu sustento, como diminuem o volume absurdo de dejetos nos aterros. Só em Jardim Gramacho são mais de 2.500 deles.

Talvez muitos de vocês já conheçam o Tião, por sua participação no premiadíssimo documentário "Lixo Extraordinário" ou pelas aparições na mídia nacional.

Outra presença no painel era o também genial Rainer Nolvak, que arquitetou a limpeza da Estônia inteira em apenas um dia com a participação de 50 mil voluntários. Saí do evento inspirado.
"O momento em que algo se transforma em outra coisa é um momento mágico," disse Vik Muniz em "Lixo Extraordinário". É ele o artista plástico brasileiro que foi até Jardim Gramacho com o intuito de transformar lixo em arte. No processo, transformou vidas também. Com a colaboração de vários catadores, Vik criou obras de arte de grande beleza, restituindo dignidade a esses seres humanos com quem poucos se preocupam.

No entanto, é deles que vêm as lições que precisamos aprender. Parafraseando Tião: "Lixo é o que ninguém quer, o que as pessoas acham que não pode ser reutilizado. Mas na natureza o que vemos é que nada é descartado, sem uso. Somos nós os parasitas, os criadores de lixo. E não precisa ser assim".

Ele tem toda a razão. Praticamente tudo o que é produzido pode ser "desproduzido". Por exemplo: eletrônicos. Existem alguns centros, embora poucos, que recebem estes produtos para reciclagem. Foi sugerido no painel que a responsabilidade maior deveria ser dos fabricantes. Se eles criam e vendem os produtos, podem reabsorvê-los, reutilizando muito dos materiais.

Cada celular tem aproximadamente R$1 em ouro. Não é muito, mas quando consideramos que existem em torno de 5 bilhões de celulares no mundo (só no Brasil são mais de 200 milhões), isso muda.

A iniciativa de Nolvak de limpar o mundo está crescendo. Hoje é a vez do Rio, no programa Limpa Brasil! Let's Do it! (www.limpabrasil.com). Fico orgulhoso de ver o Rio tomando a iniciativa: é a primeira metrópole mundial a fazê-lo. A Europa deve fazê-lo no ano que vem.

Temos que limpar o mundo sem depender dos governos. As pessoas podem inspirar os políticos. Se milhões se juntarem, a situação irá mudar, até no nível corporativo. Afinal, até o McDonald's está servindo comida orgânica! As mudanças começam pequenas, em casa, nas escolas, nas comunidades. Mas com o poder da mídia social, logo a mobilização se espalha e mudanças de larga escala tornam-se possíveis. Em meio a tanto pessimismo, são ações assim que mostram que o mundo está mudando para melhor.

* MARCELO GLEISER é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro Criação Imperfeita.

Fonte: Folha de S. Paulo - Ciência - Domingo, 5 de junho de 2011 - Pg. C15 - Internet: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0506201104.htm

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