«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 7 de junho de 2011

O LUGAR DOS FILHOS NA FAMÍLIA [Não deixe de ler!]


ROSELY SAYÃO*

Saber que é possível acionar parentes em caso de necessidade reconforta e dribla a solidão humana


"A partir de que idade posso pedir à minha filha, agora com sete anos, que ajude nas tarefas de casa?"
"Minha filha de 19 anos me pediu um carro para ir à faculdade, mas acho que ela deve conquistar isso com seu próprio esforço. O problema é que, financeiramente, eu poderia fazer isso, e ela não se conforma com minha negativa. Será que estou errado?"

Essas duas dúvidas, encaminhadas a mim por uma mãe e por um pai, parecem bem diferentes, não é mesmo? Afinal, trata-se de uma criança e de uma jovem. Além disso, no primeiro caso a demanda é da mãe; no segundo, da filha. Entretanto, ambas permitem boa reflexão a respeito do lugar que destinamos aos filhos na família.

De alguns anos para cá, parece que a missão dos pais em relação aos filhos é tornar a vida deles boa, fácil, confortável, rica em consumo de diversos tipos, a mais parecida com a de seus pares e, acima de tudo, feliz e prazerosa.

Em troca de tudo isso, poucas coisas, todas interligadas: que sejam bons alunos, tirem boas notas, passem no vestibular e arrumem um trabalho com boa remuneração.
Fazer parte do grupo familiar e demonstrar isso cumprindo seus rituais, assumindo suas obrigações, compartilhando seus princípios, valores e tradições tornaram-se questões que, pelo jeito, os pais hesitam em repassar aos filhos. As perguntas feitas pelos leitores ilustram bem isso.
Arrumar sua cama, retirar o prato da mesa, colocar as roupas no local a elas destinado parecem tarefas que não cabem mais aos filhos. Ou, no mínimo, elas suscitam muitas dúvidas em seus pais.
Será que estes devem ou podem exigir que seus filhos adolescentes compareçam a um mínimo de encontros familiares, ou que respeitem as regras da casa ou, ainda, que eles se contentem com o fato de não terem tudo o que os pais poderiam lhes dar?

Creio que não é grande o número de pais que respondem afirmativamente, e sem pensar muito, a tais questões. É que a maioria considera que os filhos precisam estudar e se divertir, estar com os amigos, que têm o direito de ter tudo o que seus pais não tiveram e que agora podem lhes oferecer etc.

Não ocorre de imediato aos pais que o fato de alguém ser filho ""e fazer parte, portanto, de uma família"" é algo que acarreta ônus e bônus. Assim é a vida em relação a tudo, não é, caro leitor?

Ter um nome, um sobrenome, um tipo de vida, pertencer a uma panelinha como é a família e conviver com seu grupo social têm lá seus benefícios. E as responsabilidades correspondentes, nada?

Levar os estudos sempre em frente, mesmo que com alguns tropeços ""o que, aliás, é prerrogativa de quem ocupa o lugar de aluno"", não é nada mais do que formação, aprendizado de vida. Faz parte, portanto, dos benefícios recebidos por fazer parte daquela família.

É com o cumprimento das obrigações familiares, que vão do comparecimento ao almoço de domingo ou coisa que o valha à colaboração com as tarefas domésticas, passando pela convivência com os parentes mesmo sem apreciar muito a companhia deles, que os filhos respondem ao fato de terem um grupo de pertencimento.

E isso é um aprendizado que, como qualquer outro, às vezes se mostra chato, maçante e até um pouco desagradável. Mas, lá na frente, em um futuro que pode estar próximo, poderá fazer toda a diferença na vida dessa nova geração.

Afinal: estar em qualquer lugar do mundo, sem a presença física de qualquer integrante da família, mas saber que, caso seja necessário, você pode acionar ou ser acionado por qualquer um deles, é algo reconfortante que dribla a inevitável solidão humana e produz serenidade.

* ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (Publifolha).

Fonte: Folha de S. Paulo - EQUILÍBRIO - Terça-feira, 7 de junho de 2011 - Pg. 8 - Internet: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq0706201109.htm

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