«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 11 de junho de 2011

Livro reproduz debate entre frei e cientista


MARISA LAJOLO*
ESPECIAL PARA A FOLHA


Em "Conversa sobre a Fé e a Ciência", 
Betto e Marcelo Gleiser defendem suas ideais sem menosprezar leigos 

Mesmo um leitor jejuno em ciência e descrente de religiões encontra seu espaço no diálogo que deu origem a "Conversa sobre a Fé e a Ciência".

É como se, meio disfarçado num cantinho, o leitor assistisse à conversa e fosse ficando cada vez mais interessado, meio aliviado de não ter de meter sua colher torta em conversa alheia.

Mas esse silêncio não confina o leitor à passividade; ao contrário, estimula-o a percorrer suas ideias sobre os temas em pauta na conversa, concordar ou discordar, menos ou mais, do que dizem. O grande prazer que o livro reserva aos leitores talvez se deva à perspectiva básica e primária com que ciência e fé são tratadas no livro.

Digo-o no melhor sentido: substantivos abstratos, muitas vezes escritos com maiúsculas, ciência e fé ocupam milhões de páginas de livros, já custaram milhares de vidas e ocupam o pensamento de homens e mulheres.

No livro, são abordadas de uma perspectiva de profundo interesse pela humanidade.

A discussão que o livro registra parece ancorar-se na hipótese de que o ser humano sobre a terra sentiu-se sempre desafiado a entender-se a si e a seus arredores.

E as respostas milenares com que vem respondendo a esse desafio são o que se chama ciência, religião, arte.

É, portanto, no sentido simultaneamente vago e amplo da expressão "humanismo" que este livro pode constituir leitura fundamental.

A BELEZA DA PROCURA
Sem propor respostas imediatas ou tranquilizadoras para os mistérios da vida e do mundo, o livro aponta a beleza da busca de respostas e dos diferentes caminhos assumidos na procura.

Mas o sentido humano em que se desenrola a discussão não a banaliza. A ciência, a fé e a arte são tratadas por vozes que as vivem a fundo.

O leigo não se sente desrespeitado por concessões ou facilitações conceituais. Marcelo sabe que nem tudo o que diz é de fácil compreensão, como Betto sabe que as correntes de estudos bíblicos em que fundamenta alguns de seus argumentos não são de trânsito cotidiano.

Mas a assimetria não intimida os debatedores. Pois eles falam do que sabem e do que sabem porque vivem.

Antecedendo a discussão, uma breve autobiografia de cada debatedor sabiamente detém-se nos aspectos cotidianos de suas vidas. Com isso, o leitor nem se assusta nem se sente excluído da roda da conversa.

A orfandade de Marcelo Gleiser, seu interesse por vampiros, a força da vivência familiar de frei Betto, suas indecisões vocacionais, por exemplo, trazem para suas vozes o peso de experiências compartilháveis.

Mas, figura das mais complexas e misteriosas, parece que o leitor também aprecia diferenças entre si e os seres cujas vozes ouvem nos livros.

Eles talvez não tenham tido a experiência carcerária de Betto, nem a vivência internacional de Marcelo. E é talvez isso que torna as vozes lidas mais ricas.

É nessa dialética que o leitor se encanta e reconstrói em si a alteridade que pode ser experimentada vertiginosamente pelo leitor, que entra na conversa e a traz para dentro de sua vida. Sai, assim, mais humanizado, como se imerso num profundo sentimento de pertencer.

* MARISA LAJOLO é professora de literatura da Unicamp e da Universidade Mackenzie.

CONVERSA SOBRE A FÉ E A CIÊNCIA

AUTOR: Frei Betto, Marcelo Gleiser e Waldemar Falcão
EDITORA: Agir
QUANTO: R$ 44,90 (336 págs.)
AVALIAÇÃO: ótimo

Fonte: Folha de S. Paulo - Ilustrada/livros - Sábado, 11 de junho de 2011 - Pg. E9 - Internet: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1106201130.htm

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