«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 14 de junho de 2011

''URSS era mais livre do que a Rússia de hoje'' [Incrível!!!]

ENTREVISTA - Archie Brown*

Renata Miranda e Talita Eredia

De acordo com analista, Rússia não conseguiu se transformar em democracia plena após o fim da União Soviética

As políticas implementadas por Mikhail Gorbachev nos últimos anos da União Soviética teriam contribuído para a queda do regime comunista durante a Guerra Fria. De acordo com o professor de ciências políticas da Universidade Oxford Archie Brown, Gorbachev era a favor da transformação política. Vinte anos após a eleição de Boris Yeltsin como o primeiro presidente da Federação Russa, porém, ele acredita que a situação da liberdade política no país piorou. A seguir, trechos da entrevista concedida por Brown por telefone ao Estado.

O fim do comunismo na Rússia foi inevitável?

Não acredito que tenha sido inevitável. Depois de 1985, quando Mikhail Gorbachev tornou-se o líder soviético, o regime ainda usava todos os instrumentos de coerção e poderia ter continuado assim por um longo tempo. Aliás, se a União Soviética não tivesse entrado em colapso, o regime comunista teria se beneficiado do grande aumento nos preços de petróleo e do gás que ajudaram a consolidar a popularidade de Vladimir Putin.

Quais foram os fatores que contribuíram para o fim do comunismo na Rússia?

Não acredito que tenha sido uma crise que tornou a reforma inevitável, mas sim uma reforma que provocou a crise. Em 1988, Gorbachev era a favor da transformação política e chegou a abraçar a ideia de pluralismo. Então, se tivesse de dar uma razão pela qual o comunismo acabou na União Soviética seria a implementação de suas novas políticas.

Entre essas políticas estavam medidas econômicas?

Não. A área mais fraca no plano de governo de Gorbachev era a economia. Ele deu prioridade para o fim da Guerra Fria e para a reforma do sistema político soviético. Então, nos dois últimos anos da União Soviética, a economia estava em uma espécie de limbo, porque já não seguia o antigo modelo, mas também ainda não era uma economia de mercado.

Na sua opinião, o que mudou da Rússia comunista para a Rússia governada por Vladimir Putin e Dmitri Medvedev?

Nos dois últimos anos da União Soviética havia mais liberdade e pluralismo político do que há hoje na Federação Russa. Atualmente, a Rússia tem um modelo híbrido de governo. Há certos elementos de pluralismo político e alguns jornais que são relativamente livres. No entanto, as eleições ainda são bastante previsíveis. Os partidos políticos - tirando a legenda do governo Rússia Unida - são fracos. A Duma (Câmara Baixa) é subserviente ao Executivo. E, no geral, houve um movimento para longe da democracia. Eu diria que a Rússia nunca conseguiu se transformar em uma democracia plena.

Por que, na sua opinião, a Rússia não se tornou uma democracia plena? O que faltou para concretizar o processo?

A cultura política da Rússia fez com que uma democracia plena fosse difícil de ser concretizada. Um grande problema, porém, é que Boris Yeltsin não estava interessado em construir instituições democráticas. Por isso, acredito que Yeltsin é, em parte, responsável pelo fato de a democracia na Rússia não ter se desenvolvido completamente após o fim do comunismo.

Países como Cuba e Coreia do Norte ainda mantêm regimes comunistas. Na sua opinião, esse tipo de governo ainda é viável?

Não acho que é uma forma boa de governo, mas acho que é um tipo de regime que pode continuar por um longo tempo porque os líderes desses países estão preparados para utilizar todos os meios de coerção, tornando assim quase impossível a sobrevivência de uma oposição forte. Só depois de ocorrer a liberalização de regimes assim é que esse modelo de governo corre o risco de ser desmantelado. Do contrário, esses regimes podem ter um longo tempo de vida. É só olharmos para a Coreia do Norte, por exemplo. É um país com um sistema de governo ineficiente, onde as pessoas passam fome, e, mesmo assim, o comunismo persiste.

Há exemplos positivos?

Um caso bastante diferente é o da China, que teve uma reforma econômica bem sucedida. O regime cubano também teve alguns sucessos, como o excelente serviço de saúde da ilha. No entanto, Cuba também está mudando e até chegou a fazer algumas concessões recentemente. Quando o regime cubano começar a se liberalizar - especialmente tendo em conta a idade avançada de Raúl Castro e o afastamento de Fidel do poder -, o modelo comunista na ilha corre sério risco de ser extinto. É verdade também que, logo após o colapso da União Soviética, muitos acharam que o comunismo acabaria em Cuba em questão de dias. Então, é bastante notável que hoje, 20 anos depois, ainda exista um regime comunista na ilha.

Archie Brown [foto acima] é professor de ciências políticas da Universidade Oxford; é autor do livro Ascensão e Queda do Comunismo, que será lançado em agosto pela Editora Record.

Fonte: O Estado de S. Paulo - Internacional - Domingo, 12 de junho de 2011 - Pg. A17 - Internet: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110612/not_imp731232,0.php

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