«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 4 de março de 2016

Brasil em recessão ! ! ! Há saídas ? ? ?

“Fora um milagre, crescimento não voltará”

Entrevista com José Alexandre Scheinkman
Economista e Professor na Universidade Columbia (Estados Unidos)

Luiz Guilherme Gerbelli

Para Scheinkman, economia brasileira precisa de reformas
para conseguir crescimento sustentável
JOSÉ ALEXANDRE SCHEINKMAN
Economista brasileiro e Professor na Universidade de Columbia (EUA)

O economista José Alexandre Scheinkman vê problemas de diferentes horizontes para a economia brasileira. Ele defende que a economia do País precisa de reformas e aumentar a produtividade para voltar a crescer. “Sem resolver essas questões, vai ser praticamente impossível um crescimento continuado. Vamos continuar na chamada armadilha da renda média, de que em um determinado momento pareceu ser possível escapar”, disse Scheinkman, professor da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos. A seguir os principais trechos da entrevista concedida ao jornal O Estado de S. Paulo.

Como o sr. analisa o quadro da economia?

Scheinkman: Há problemas de diferentes horizontes no Brasil. No curto prazo, eu diria que é sobre a chamada nova matriz econômica. Foram medidas econômicas que causaram muitos problemas para a economia brasileira. Algumas das ideias já começaram a ser desmontadas, como o controle do preço da gasolina. O segundo problema está relacionado com o déficit de curto prazo. O governo hoje tem um déficit primário e nominal muito alto. Um terceiro problema tem a ver com o processo automático de aumento de despesas incompatível com o tamanho da economia brasileira. E isso só pode mudar com reformas estruturais de longo prazo.

E quais os riscos de o País não resolver essas questões?

Scheinkman: O desmonte da nova matriz econômica é uma condição necessária para retornar ao crescimento. Sem isso, a gente só vai voltar a crescer se, de repente, houver um milagre – se o preço do barril do petróleo for a US$ 200 ou a China voltar a crescer 10% ao ano. Fora um milagre, vai ser difícil voltar a crescer.

E as questões fiscais de médio prazo?

Scheinkman: Precisamos de um Banco Central com mais credibilidade para que a política monetária seja mais independente e efetiva. Se o País não fizer isso, a inflação vai continuar acima da meta.

E no longo prazo?

Scheinkman: As questões de longo prazo são ainda mais importantes porque o Brasil não vai conseguir manter um crescimento sustentável com a situação fiscal que se desenha. Também é incrível a ineficiência dos programas brasileiros. Sem resolver essas questões, vai ser praticamente impossível um crescimento continuado. Vamos continuar na chamada armadilha da renda média, de que em um determinado momento pareceu ser possível escapar.

Além das questões fiscais, quais os outros desafios da economia brasileira?

Scheinkman: A produtividade brasileira não acompanha a produtividade das economias avançadas. Os países que conseguiram mudar de patamar de desenvolvimento se aproximaram da produtividade da fronteira, no caso, da dos Estados Unidos, o país mais produtivo do mundo. Desde a década de 80, nesse período todo, a produtividade do Brasil cresceu menos do que a americana. É claro que, sem esse crescimento de produtividade, nós não vamos conseguir sair do nível de renda que temos hoje em dia.
SOMENTE COM UM SÉRIO E EFICAZ INVESTIMENTO EM EDUCAÇÃO HAVERÁ
DESENVOLVIMENTO DURADOURO NO PAÍS

O que fazer para melhorar a produtividade do Brasil?

Scheinkman: É preciso um programa de reformas enorme, com melhoria da educação. O Brasil também tem muitas empresas pequenas e precisamos passar por um processo que traga uma melhoria da produtividade para essas companhias. Por fim, é preciso criar uma legislação que atraia investimentos em infraestrutura. Na contramão, o governo Dilma atrapalhou o processo de concessões.

Essa agenda é do governo?

Scheinkman: O atual ministro da Fazenda está muito envolvido na criação dessa matriz. E existem pressões de economistas ligados ao PT. É difícil ser superotimista e achar que tudo isso vai acontecer.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Economia – Sexta-feira, 4 de março de 2016 – Pág. B5 – Internet: clique aqui.

Marcha à ré

Celso Ming

O desastre do PIB não é consequência da crise externa;
é obra do governo Dilma, que praticou uma política econômica errada

Em 2014, quando as Contas Nacionais revelavam fracasso do Produto Interno Bruto (PIB = soma de tudo aquilo que o país produz em um ano), o então ministro da Fazenda, Guido Mantega, dizia que não se podia olhar pelo retrovisor, que era preciso olhar para a frente, pelo para-brisa. Era puro papo-furado, porque o que veio depois é o que vemos. Desta vez, esse tipo de conversa nem pode ser retomada. Já se sabe que o que vem pela frente é ruim ou até pior do que aconteceu em 2015.

O recuo do PIB, dentro do previsto, ficou nos 3,8% em relação ao nível de 2014. O brasileiro ficou mais pobre porque a renda média (renda per capita) caiu 4,6% em relação à de 2014, com a agravante de que o pobre e o cidadão de classe média devem ter perdido mais renda do que o das classes favorecidas, porque este tem mais condições de se defender da inflação e do estrago provocado pela recessão.

O governo continua dizendo que esse tombo é consequência da crise externa. Engolir essa história é acreditar em duendes. Só a Rússia (-3,8%) e a Venezuela (-4,5%), dois grandes exportadores de petróleo, apresentaram números parecidos com os do Brasil. Esse desastre é obra nossa; é do governo Dilma, que praticou uma política econômica errada.

Três são os números mais relevantes entre os apresentados nessa quinta-feira pelo IBGE.

1º) O primeiro deles é o novo naufrágio da indústria: 6,2%, em comparação com 2014. Mas, se for tomado o segmento da indústria de transformação, o afundamento é ainda maior: 9,7%; e o da construção civil, grande empregador de pessoal, 7,6%. Mais uma vez, salvou-se a agropecuária (crescimento de 1,8%), mas este é um setor que pesa cerca de 5,0% no PIB.

2º) O segundo é o Consumo das Famílias, segmento festejado em anos anteriores como grande propulsor do crescimento econômico e da renda nacional. O tombo, de 4,0%, mostra que o poder aquisitivo foi ralado pela inflação e pelo desemprego. Desta vez, o consumo externo (exportações) foi bem (aumento de 6,1%), mas é uma conta que também pesa pouco no PIB, coisa de 13,0%.

3º) E o terceiro número mais relevante tem a ver com o investimento, que tecnicamente leva o nome e sobrenome de Formação Bruta de Capital Fixo. A queda em relação a 2014 foi de 14,1%. Esse desempenho foi especialmente desastroso porque investimento de hoje é produção de amanhã. Se a semeadura se retrai dessa forma, é inevitável o impacto sobre a safra futura. E essa é uma das razões por que olhar a paisagem pelo retrovisor não entusiasma ninguém (veja ainda abaixo).

O forte recuo de 2015 funciona como embalo negativo para 2016. Qualquer recuperação terá de suplantar a atual velocidade da marcha à ré. Esse é um dos motivos pelos quais as projeções sobre o comportamento do PIB de 2016 não são muito diferentes do resultado de 2015. O Boletim Focus, por exemplo, que registra a expectativa de cerca de 100 consultorias, bancos e departamentos econômicos de empresas, aponta para este ano novo recuo do PIB de 3,45%. O próprio Banco Central passou a trabalhar com queda do PIB de 3,0%. Se um número dessa ordem se confirmar, em dois anos a economia brasileira terá se esvaziado em cerca de 8%.

O gráfico abaixo mostra como investimento e poupança deslizam ladeira abaixo.

POUPANCINHA

O Brasil consome demais pelo que quer crescer. Sobra pouca coisa para a poupança. Esse é um dos fatores que seguram o avanço. Só para comparar, o padrão asiático é poupança de 30% a 35% do PIB, mais do que o dobro do brasileiro. O da China é superior a 50%. Quando o governo estimula ainda mais o consumo, com crédito subsidiado, como aconteceu quando prevaleceu a Nova Matriz Macroeconômica, o baixo crescimento passa a ser opção de política econômica.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Economia – Sexta-feira, 4 de março de 2016 – Pág. B2 – Internet: clique aqui.

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