«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

domingo, 13 de março de 2016

D E S C R É D I T O ! ! !

É hoje o dia. Ou não

Dora Kramer

É grande, mas relativo o peso das manifestações no destino do governo
MANIFESTAÇÃO A FAVOR DO IMPEACHMENT DA
PRESIDENTE DILMA ROUSSEFF, CONTRA LULA E O PT.

Avenida Paulista - São Paulo (SP)
Domingo, 13 de março de 2016
MAIS DE 1 MILHÃO E 400 MIL MANIFESTANTES
Segundo a Polícia Militar!

Já começo pedindo licença para nadar contra a corrente. Seja qual for a quantidade de gente que vá às ruas hoje protestar contra governo e o PT, não são os protestos o fator determinante para os destinos da presidente Dilma Rousseff e seu partido. Não se trata de excluir as manifestações do rol desses fatores, mas de ponderar que o peso é relativo.

De 2013 para cá, sempre que ocorreram protestos houve também a expectativa de que “as ruas” comandassem o rumo dos acontecimentos. O fato de a sociedade se manifestar pesou. Deu vozes e rostos à crescente insatisfação popular captada pelas pesquisas de opinião. Mas o tamanho ou a intensidade dos atos não foi o que determinou o desenrolar dos acontecimentos nesse período.

O último deles, por exemplo, realizado em dezembro do ano passado, teve uma participação aquém das expectativas dos organizadores a despeito de já contarem com a adesão dos políticos e partidos de oposição. Interpretou-se, na ocasião, que a adesão menor que das anteriores significava um alento para o governo e sinalizava a perda de força da possibilidade de impeachment.

Depois disso o que se viu foi uma verdadeira derrocada nas condições objetivas de sustentação do governo, pautada pelo avanço das investigações do Ministério Público, ações da Polícia Federal e decisões do Poder Judiciário. Nesse meio tempo, entre dezembro e março, não houve protestos de rua e o processo do impeachment esteve paralisado no Congresso por determinação do STF. No entanto, a situação se deteriorou.

E pelo andar da carruagem continuará nesse ritmo de ladeira abaixo independentemente da vontade de quem quer que seja: detratores ou defensores do governo. O processo agora é completamente diferente daquele que levou à queda de Fernando Collor, de cunho eminentemente político e, portanto, dependente do respaldo da sociedade. Ainda que por hipótese absurda ninguém aderisse às manifestações convocadas para hoje, o Planalto nem de longe poderia sentir-se aliviado.

As ruas, cumpre reiterar, são importantes. Mas hoje determinantes são as delações premiadas dos representantes de empreiteiras, o curso da Lava Jato de um lado e, de outro, as investigações que envolvem Lula da Silva, bem como as decisões que vier a tomar o ministro Teori Zavascki no Supremo. Seja em relação a determinações judiciais de primeira instância ou aos detentores de foro especial, dito privilegiado.

Golpes de mão

Qualquer tentativa de mudar o regime de governo de presidencialista para parlamentarista como solução para a atual crise é casuísmo. Golpe de mão. Só há saída decente na lei em vigor: renúncia, impeachment ou cassação da chapa por abuso de poder econômico na campanha eleitoral.

Vale lembrar as excelências adeptas dessa via meia-sola, a existência de uma decisão a respeito do assunto datada de 1993 e tomada em plebiscito popular que optou pelo presidencialismo. Fora de qualquer contexto razoável meia dúzia de parlamentares revogar posição assentada por milhões de cidadãos.

Se for o caso de propor uma mudança de regime para melhorar o sistema que se faça direito, com rito e tempo previstos.

Desse critério de legalidade estrita foge a excêntrica ideia de nomear Lula para um ministério com a finalidade de matar dois coelhos de uma vez: protegê-lo das decisões judiciais de primeira instância e abrir espaço para que ele assuma uma ofensiva governamental de recuperação. Em outras palavras, tomar a frente do governo deixando a presidente em papel decorativo.

Um autêntico golpe de mão no mandato de Dilma.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Política – Domingo, 13 de março de 2016 – Pág. A6 – Internet: clique aqui.

Fiapos de esperança

Eliane Cantanhêde

Todos os lados sabem que não dá mais para esperar, está se tornando
uma questão de vida e morte – sobretudo para o País.
RICARDO JANOT
Causou surpresa e desconfiança a atitude do Procurador-Geral da República em deixar para
sexta-feira, dia 11 de março, à noite, a apresentação de solicitação de
abertura de inquérito contro o Presidente do Senado Renan Calheiros

Se causou espanto o pedido de prisão preventiva de Lula por três promotores de São Paulo, não é menos surpreendente o procurador Rodrigo Janot pedir a abertura do sétimo inquérito contra o presidente do Senado, Renan Calheiros, justamente na sexta-feira à noite. Terá sido por acaso? Ou confirma o desespero de quem sabe que o governo não tem mais jeito?

Mesmo ministros do Supremo, tão escaldados, estranharam a oportunidade do pedido de Janot, horas antes da convenção em que o PMDB colocaria o pé fora do governo e dois dias depois do jantar em que pemedebistas e tucanos selaram um pacto de união para tocar o País após a queda de Dilma Rousseff – considerada favas contadas.

Dilma afundava na Câmara e contava com Renan no Senado, mas até essa boia furou, quando Renan concluiu que ela não tem condições de concluir o mandato. Daí a entrada em campo dos profissionais da política, no PMDB e no PSDB, para não deixar o País cair no vácuo. Pode até ser injusto, mas a leitura em Brasília é que Janot parece dar um aviso a Renan: se ele se “comportar bem”, a pressão continua só em cima de Eduardo Cunha, mas, se ele abandonar Dilma no oceano da ingovernabilidade, aí tem troco.

É mais um lance para confirmar a situação crítica de Dilma, que se agarra a boias furadas e a fiapos de esperança para tentar se segurar no mandato até 2018. Renan é a boia furada e o ex-presidente Lula é o fiapo de esperança, numa falsa escolha de Sofia. Se Dilma não nomear Lula para “primeiro-ministro”, seu governo acaba. Se nomear, acaba também.

Dilma, Lula e o PT, portanto, entram na fase do desespero, enquanto o País mantém a interrogação e o mundo político começa a preparar a resposta para essa interrogação. Todos os lados sabem que não dá mais para esperar, está se tornando uma questão de vida e morte – sobretudo para o País. 
MANIFESTAÇÃO NA AVENIDA PAULISTA - SÃO PAULO
Em todo o país, estima-se em, ao menos, 5 milhões de manifestantes nas ruas
pedindo o afastamento da Presidente Dilma!

É por desespero que a presidente da República faz algo raiando ao patético: chama a imprensa para negar que vá renunciar! Quem não imaginava a possibilidade passou a considerá-la. Assim como atraíra antes para dentro do Planalto a palavra “impeachment”, Dilma agora carimba na sua testa o termo “renúncia”.

É uma forma elementar de autoenfraquecimento e com um detalhe que piora tudo: ares de soberba. “Testemunharam que não tenho cara de renúncia?”, disse aos jornalistas, de nariz em pé, ironizando a versão – dada pelos seus próprios assessores, diga-se – de que esteja “resignada” com o triste fim da primeira mulher eleita presidente no Brasil. Um desastre.

Presidente de um país afundado em crises, à frente de um governo que não governa, rechaçada pelo PT, abandonada pelo PMDB e o PSB, rejeitada pela sociedade, em confronto aberto com o Congresso, amparada melancolicamente por Jaques Wagner e José Eduardo Cardozo – que não têm alternativa –, resta a Dilma agora jogar a toalha, resignada ou não, e ceder a cadeira e o comando para Lula.

Mas... se não se pode subestimar o carisma e a genialidade política de Lula, também não se deve superestimar um ex-presidente que sacoleja, desengonçado, dentro de um lava-jato: depoimento de horas à PF, condução coercitiva determinada pela Justiça, até um atrevido pedido de prisão preventiva feito por promotores estaduais.

Que Dilma está acabada, não há dúvida. Mas será que Lula tem condições de virar o jogo, recuperar o respeito do Congresso, a confiança do empresariado, a idolatria da maior parte da população e fazer o ajuste fiscal, salvar o governo, a própria pele e, enfim, o País?

Tem muita gente boa acreditando que sim, mas há controvérsias, porque a única coisa visível nesse movimento mirabolante é o desespero de quem não tem saída, o derradeiro esperneio antes da, digamos, “resignação”. É muita mágica para um mágico tão combalido. E com o povo na rua!

Fonte: O Estado de S. Paulo – Política – Domingo, 13 de março de 2016 – Pág. A8 – Internet: clique aqui.

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