«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 19 de março de 2016

O que significa Lula ministro da Casa Civil?

Acabou o governo de Dilma, recomeça
aquele de Lula

Eliane Cantanhêde

O ex-presidente Lula superestimou a sua força e subestimou a gravidade da situação ao tentar uma manobra radical para tentar salvar, ao mesmo tempo, a própria pele e o mandato de Dilma Rousseff.
PRESIDENTE DILMA ROUSSEFF
Discursa na cerimônia de posse de Lula como Ministro-Chefe da Casa Civil
Palácio do Planalto (Brasília - DF), 16 de março de 2016

Lula, que sempre achou que podia tudo, avaliou que assumiria, de fato, o lugar de Dilma, reverteria o jogo e voltaria ao poder, de direito, nos braços do povo. Deu tudo errado.

Se pecou pela ousadia sem limite, a nomeação de Lula para um terceiro mandato indireto – ou “mandato tríplex”, na irreverência de Brasília – foi também de uma inoportunidade irritante: apenas três dias depois de milhões de pessoas saírem às ruas contra Lula, Dilma e PT. Elas gritaram “fora Lula” e Dilma fez o oposto, botou Lula para dentro do Planalto, desdenhando da Justiça e das investigações da Lava Jato.

Os manifestantes reagiram voltando às ruas, cercando o próprio Palácio do Planalto e reacendendo o temor de confrontos. O juiz Sérgio Moro não deixou por menos: retaliou liberando gravações comprometedoras de Lula e a conversa entre ele e Dilma em que falam do “termo de posse”, para ser usado “se necessário”. É considerado prova.

As gravações mostram como ele e Dilma arquitetaram a artimanha para fugir de Moro e cair no ambiente bem mais aconchegante do Supremo Tribunal Federal. Se isso não é tentativa de obstrução da Justiça, é o quê? O anúncio da volta de Lula era para ser um fato espetacular, mas foi um tiro n’água.

A hipótese de Lula nos braços do povo parece cada vez mais distante, lembrando a melancólica reação de Jânio Quadros quando desembarcou em São Paulo depois da renúncia. Olhou para um lado, olhou para o outro e indagou na sua solidão: “Cadê o povo?” Lula, como ele, pode não estar notando, ou acreditando, o quanto a sociedade lhe virou as costas.

A mirabolante nomeação de Lula foi recebida não só com fortes protestos nas ruas, mas resistência até mesmo dentro do governo. Enquanto o presidente da CUT alardeava que, com Lula, o governo “vai mudar radicalmente e dar uma guinada à esquerda” (populista e gastadora), o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, entrincheirava-se em defesa dos fundamentos econômicos e de uma política responsável.

A primeira ação do novo “superministro” Lula foi tentar dobrar o PMDB, enroscando-se com o já tão enroscado presidente do Senado, Renan Calheiros, e nomeando o peemedebista Mauro Lopes para a Aviação Civil quatro dias depois de a convenção nacional do PMDB proibir os membros do partido de aceitar cargos no governo. Foi uma provocação ostensiva, uma declaração de guerra contra o vice Michel Temer e a cúpula do fundamental PMDB.

Ou seja: ao renunciar na prática em favor de Lula, Dilma:
* pôs uma pá de cal no seu mandato moribundo,
* irritou os manifestantes de domingo,
* cutucou as onças da Lava Jato com vara curta,
* abriu uma guerra com o PMDB,
* acendeu um sinal de alerta nos economistas e nas estatais e bancos públicos.

E para quê? Foi tudo um tiro n’água, como já dito aqui, ou pior: um tiro no pé. Nunca o impeachment pareceu tão palpável quanto ontem à noite.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Política / Análise – Quinta-feira, 17 de março de 2016 – Pág. A8 – Internet: clique aqui.

Nova afronta aos brasileiros

Editorial

«No Brasil é assim: quando um pobre rouba, vai para a cadeia; mas quando um rico rouba, vira ministro» – Frase “profética” de Lula em 1998
LULA & DILMA ROUSSEFF
Comemoram após ambos assinarem o "Termo de Posse" de Lula como Ministro
Brasília (DF), 16 de março de 2016

Confirmada a nomeação de Lula para não importa qual Ministério, Dilma Rousseff estará abrindo mão, de fato, de sua condição de chefe do governo, como preço a pagar pela possibilidade de prorrogação do prazo de sobrevivência do PT no poder. Ao mesmo tempo, ao transferir o comando do País a seu padrinho – que no domingo passado, na forma do Pixuleco, foi um dos principais alvos das clamorosas manifestações de protesto que tomaram conta do País –, Dilma desmascara o apreço que o lulopetismo alega ter pela “voz das ruas”. Fazer de Lula ministro de Estado, neste momento, é afrontar os brasileiros. Mais uma vez.

Afirmar que, uma vez ministro, Lula passará a governar de fato o País não é exagero retórico, como certamente alegarão os petistas, mas o desfecho natural da escalada por meio da qual Lula exigiu que Dilma, nos últimos meses, moldasse o Ministério segundo suas preferências e conveniências. Assim, ela se livrou de ministros com os quais mais se identificava, mas foram condenados pelo PT:
* Pepe Vargas, da Secretaria de Relações Institucionais;
* Miguel Rossetto, da Secretaria-Geral da Presidência;
* Joaquim Levy, da Fazenda;
* Aloizio Mercadante, da Casa Civil; e
* José Eduardo Cardozo, da Justiça.

Finalmente, Lula e o PT se deram conta de que o problema não era a equipe, mas a própria Dilma. E, ao que tudo indica, o chefão do PT, docemente constrangido, acabará cedendo aos apelos da tigrada e assumirá o poder de fato como último recurso para salvar a si mesmo e a seu partido.

Estará sendo implantado no País, então, o tal semipresidencialismo que algumas sumidades lulopetistas passaram a defender nos últimos dias, numa versão que concentrará nas mãos de Lula o poder político e em particular o comando da política econômica, restando a Dilma Rousseff a pompa e circunstância necessárias para salvar as aparências. Poderá continuar pedalando todas as manhãs pelas vizinhanças do Palácio da Alvorada.

Não há o que lamentar sobre o futuro imediato que parece reservado a Dilma Rousseff. Ela já está e continuará pagando o preço de sua inacreditável incompetência política e gerencial, agravada pela teimosia, arrogância e prepotência que esconde sob o manto de uma falsa altivez.

Para Lula, tornar-se ministro é mais que voltar ao poder. É obter foro especial – no caso, a Suprema Corte – para os vários processos em que consta como investigado. E, se o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir adotar o mesmo procedimento do mensalão, o foro privilegiado estará estendido a todos os demais implicados nesses processos, inclusive o clã Da Silva. Não é desprezível o peso dessa implicação judicial na decisão de Lula de superar sua “hesitação” e “aceitar” um Ministério. Mas isso não significa que ele se livrará da cadeia. Que o digam os “guerreiros do povo brasileiro”, também conhecidos como mensaleiros.

É claro que uma vez ministro Lula colocará todo o peso de sua influência política na tarefa de impedir o impeachment de Dilma. E terá à sua disposição todo o aparelho estatal, que usará com a desfaçatez que demonstrou cabalmente nos anos em que exerceu a Presidência.

Mas isso não é tudo – o que significa que pode vir coisa mais cabeluda por aí. Foram apresentadas a Dilma como conditio sine qua non para a “aceitação” do cargo de ministro por Lula medidas que levarão a economia nacional para o subsolo da cova funda em que já nos meteram. Entende Lula, com o apoio do PT e das entidades que o partido controla, que é indispensável agir rápida e vigorosamente em duas frentes:
1ª) acabar com essa história de ajuste fiscal e
2ª) promover a abertura de farto crédito para a compra de bens de consumo e investimentos em infraestrutura. Dinheiro para tudo isso? Dá-se um jeito, nem que seja metendo a mão nas reservas internacionais.

Se tudo isso de fato acontecer, o Destino, além de deixar órfãos os brasileiros, comprovará que Lula é bom profeta. Pois foi ele quem disse, em 1998:No Brasil é assim: quando um pobre rouba, vai para a cadeia; mas quando um rico rouba, vira ministro”.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Notas e Informações – Quarta-feira, 16 de março de 2016 – Pág. A3 – Internet: clique aqui.

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