29º Domingo do Tempo Comum – Ano C – Homilia
Evangelho: Lucas 18,1-8
Naquele tempo:
1 Jesus contou aos discípulos uma parábola, para mostrar-lhes a necessidade de rezar sempre,
e nunca desistir, dizendo:
2 «Numa cidade havia um juiz que não temia a Deus, e não respeitava homem algum.
3 Na mesma cidade havia uma viúva, que vinha à procura do juiz, pedindo: “Faze-me justiça contra o meu adversário!”
4 Durante muito tempo, o juiz se recusou. Por fim, ele pensou: “Eu não temo a Deus, e não respeito homem algum.
5 Mas esta viúva já me está aborrecendo. Vou fazer-lhe justiça, para que ela não venha a agredir-me!”
6 E o Senhor acrescentou: “Escutai o que diz este juiz injusto.
7 E Deus, não fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele? Será que vai fazê-los esperar?
8 Eu vos digo que Deus lhes fará justiça bem depressa. Mas o Filho do homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?»
1 Jesus contou aos discípulos uma parábola, para mostrar-lhes a necessidade de rezar sempre,
e nunca desistir, dizendo:
2 «Numa cidade havia um juiz que não temia a Deus, e não respeitava homem algum.
3 Na mesma cidade havia uma viúva, que vinha à procura do juiz, pedindo: “Faze-me justiça contra o meu adversário!”
4 Durante muito tempo, o juiz se recusou. Por fim, ele pensou: “Eu não temo a Deus, e não respeito homem algum.
5 Mas esta viúva já me está aborrecendo. Vou fazer-lhe justiça, para que ela não venha a agredir-me!”
6 E o Senhor acrescentou: “Escutai o que diz este juiz injusto.
7 E Deus, não fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele? Será que vai fazê-los esperar?
8 Eu vos digo que Deus lhes fará justiça bem depressa. Mas o Filho do homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?»
JOSÉ
ANTONIO PAGOLA
O CLAMOR DOS QUE
SOFREM
A parábola da viúva e do juiz sem escrúpulos é, como tantos
outros, um relato aberto que pode suscitar nos ouvintes diferentes
ressonâncias. Segundo Lucas, é um chamado a orar sem desanimar-se, porém é
também um convite a confiar que Deus
fará justiça a quem lhe grita dia e noite. Que ressonância pode ter hoje em
nós este relato dramático que nos recorda tantas vítimas abandonadas
injustamente à sua própria sorte?
Na tradição bíblica, a
viúva é símbolo por excelência da pessoa que vive sozinha e desamparada.
Esta mulher não tem marido nem filhos que a defendam. Não conta com apoios nem
recomendações. Somente tem adversários que abusam dela, e um juiz sem religião
nem consciência ao qual não importa o sofrimento de ninguém.
Aquilo que a mulher
pede não é um capricho. Somente reclama justiça. Este é o seu
protesto repetido com firmeza diante do juiz: «Faze-me justiça». Sua petição é
a de todos os oprimidos injustamente. Um
grito que está na linha do que dizia Jesus aos seus: «Buscai o Reino de Deus e
sua Justiça».
É certo que Deus tem
a última palavra e fará justiça àqueles que gritam dia e noite. Esta é a
esperança que Cristo ascendeu em nós, ressuscitado pelo Pai de uma morte
injusta. Porém, enquanto não chega essa hora, o clamor daqueles que vivem
gritando sem que ninguém escute os seus gritos, não cessa.
Para uma grande
maioria da humanidade, a vida é uma interminável noite de espera.
As religiões pregam salvação. O cristianismo proclama a vitória do Amor de Deus
encarnado em Jesus crucificado. Entretanto, milhões de seres humanos só
experimentam a dureza de seus irmãos e o silêncio de Deus. E, muitas vezes, somos os mesmos crentes que
ocultamos seu rosto de Pai encobrindo-o com nosso egoísmo religioso.
Por que nossa
comunicação com Deus não nos faz escutar, finalmente, o clamor dos que sofrem
injustamente e nos gritam de mil formas: «Faze-nos justiça»?
Se, ao orar, nos encontramos de verdade com Deus, como não
somos capazes de escutar com mais força as exigências de justiça que chegam até
seu coração de Pai?
A parábola interpela a todos nós crentes. Continuamos
alimentando nossas devoções pessoais esquecendo aqueles que vivem sofrendo?
Continuaremos orando a
Deus para colocá-lo a serviço de nossos interesses, sem que nos importem muito
as injustiças que há no mundo?
E se orar fosse precisamente esquecer-nos de nós e buscar
com Deus um mundo mais justo para todos?
Traduzido do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.
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