«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Fica claríssimo quem ganha no Brasil!

Margem dos bancos com crédito cresce 60% em
2 anos e Banco Central pede redução

Fabrício de Castro, Adriana Fernandes

Diferença entre o custo de captação dos bancos e o que eles cobram nos empréstimos passou de 25,3 pontos porcentuais em 2014 para 40,7 pontos este ano; para diretor do Banco Central, instituições precisam mudar o relacionamento com os clientes
EDIFÍCIO-SEDE DO BANCO CENTRAL

O diretor de Relacionamento Institucional e Cidadania do Banco Central, Isaac Sidney, disse ao Estado que os bancos precisam diminuir a diferença entre as taxas que cobram nos empréstimos e a que pagam na captação dos recursos, o chamado spread bancário.

“Precisamos reduzir o custo do spread bancário ao cidadão, para o Estado, para o País e as instituições financeiras poderem dar sua parcela de contribuição.”

Dados do Banco Central mostram que, em pouco menos de dois anos, o spread bancário subiu 15,40 pontos porcentuais. Em dezembro de 2014, os bancos captavam dinheiro a uma taxa média de 12% ao ano e emprestavam a 37,3%. Em agosto deste ano, o custo da captação mal tinha se mexido – estava em 12,3% ao ano –, mas os empréstimos chegaram a 53%. Ou seja, o spread passou de 25,3 para 40,7 pontos porcentuais, uma alta de 60%. O movimento ocorreu a despeito de a Selic (a taxa básica de juros) ter subido muito menos no período, de 11,75% para 14,25% ao ano.

Segundo Sidney, o caminho a ser seguido passa por uma nova política entre bancos e clientes que privilegie o relacionamento de longo prazo. “A variedade de tarifas bancárias e seus valores, muitas vezes excessivos, precisam ser substituídos por relações sustentáveis, de longo prazo”, afirmou.

O professor Ricardo Rocha, do Advance Program in Finance do Insper, afirma que o spread subiu porque, com a crise, os bancos “decidiram se defender”. “Com a Selic alta e num ambiente de crise, eles enxergaram que o risco de conceder crédito ficou maior. Ninguém quer dar dinheiro aos piores tomadores, então todo mundo sobe as taxas”, disse.
ISAAC SIDNEY MENEZES FERREIRA
Diretor de Relacionamento Institucional e Cidadania do Banco Central

CONCENTRAÇÃO

Outro problema é que, no Brasil, o setor bancário é concentrado. Rocha lembra que apenas cinco bancos são responsáveis por cerca de 80% das operações de crédito e, em função da baixa concorrência, a redução do spread é dificultada. “Se olhar pela lógica do banqueiro, ele faz maiores provisões porque hoje há muita empresa em recuperação judicial. A lógica é que, quando você tem uma baixa concorrência na oferta de crédito, alguém vai pagar a conta pelos que não pagam”, diz Rocha.

Essa situação vem se intensificando em 2016. Em meio à crise no Brasil e às dificuldades das economias também no exterior, a operação local do banco HSBC foi vendida ao Bradesco e, mais recentemente, o varejo do Citibank foi comprado pelo Itaú Unibanco. O mercado de crédito ficou ainda mais concentrado.

A questão do spread bancário faz parte de um dos “pilares da agenda do Banco Central”, conforme afirmou no início de outubro o presidente da instituição, Ilan Goldfajn, a senadores da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Na ocasião, o spread chegou a ser qualificado como “jabuticaba brasileira” pelo senador Armando Monteiro (PTB-PE). “Não é à força que vamos reduzir o spread bancário; há várias questões de médio e longo prazo”, respondeu Goldfajn na ocasião.

Em 2012, quando a Selic atingiu o menor patamar da história, o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega fez pressão para que os bancos reduzissem os spreads. O movimento até ocorreu na prática, mas teve uma curta duração.

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) afirmou que não comenta sobre juros, spread e temas da conjuntura econômica.

Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal
já têm juros mais altos que os de bancos privados

Fernando Nakagawa

Política adotada pelos governos de Lula e Dilma, com taxas de juros mais baixas, foi deixada para trás e, em algumas linhas de crédito, bancos públicos passaram a cobrar mais caro para fazer frente à crise e aumentar a rentabilidade

Bancos públicos foram na contramão da concorrência e ajustaram gradualmente o juro cobrado dos clientes nos últimos meses. O movimento foi suficiente para mudar radicalmente o ranking do crédito do Banco Central. Se no passado recente Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal operavam os juros mais baixos, agora as duas instituições já cobram algumas das maiores taxas. Entre os cinco grandes, o Banco do Brasil tem o maior juro no financiamento de veículos e a Caixa opera o segundo maior no crédito rotativo do cartão de crédito.

Após o estouro da crise em 2008, bancos estatais foram protagonistas quando os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff incentivaram o consumo via queda de juros. O plano, porém, mudou. No ano passado – ainda no governo Dilma – os dois bancos federais começaram a elevar lentamente os juros em reação à subida da taxa Selic e diante de necessidade de melhorar a estrutura de capital, como revelou o jornal O Estado de S. Paulo no início do ano. 
PAULO CAFFARELLI
Presidente do Banco do Brasil

Com a chegada de Michel Temer ao Palácio do Planalto, o movimento ganhou velocidade. Em maio, o peemedebista indicou Paulo Caffarelli para a presidência do Banco do Brasil e Gilberto Occhi para a Caixa. Sob o novo comando, os dois bancos adotaram o discurso de recompor receitas para recuperar a rentabilidade perdida nos anos de ação mais agressiva. Pouco mais de quatro meses com a nova chefia e as instituições já exibem juros bem próximos dos concorrentes. Às vezes, até maiores.

Para o economista Roberto Troster, sócio da Troster & Associados, a mudança da política do Banco do Brasil e Caixa é o reconhecimento de que a persistência dessa ação mais agressiva poderia colocar em risco o futuro dos próprios bancos estatais. “Essa recomposição acontece porque o governo viu que, se não mudasse, os bancos iriam quebrar. Afinal, precisam de lucro para continuar emprestando”, disse.
GILBERTO OCCHI
Presidente da Caixa Econômica Federal

Carros

Um dos símbolos dessa guinada está no crédito para veículos. No fim de 2015, o Banco do Brasil tinha juro médio de 26,5% ao ano, o menor entre os cinco grandes bancos – Banco do Brasil, Itaú, Bradesco, Caixa e Santander. Com a atual crise no setor automotivo, a demanda despencou e concorrentes reagiram com redução das taxas.

O juro médio do Santander, por exemplo, caiu quase 5 pontos e atualmente, perto de 24%, é o mais competitivo do grupo, segundo dados do Banco Central de 15 de setembro. Bradesco e Itaú reduziram taxas entre 1 e 2 pontos no mesmo período. Já o Banco do Brasil, na contramão, subiu ligeiramente o juro para 27,2% e, diante da queda dos demais, agora concede o crédito com o maior juro médio. Na Caixa, o custo ficou praticamente estável e atualmente é o terceiro mais caro.

Outro exemplo aparece no crédito rotativo do cartão. No fim de 2015, clientes da Caixa que não quitavam a fatura integral tinham de pagar 350,4% ao ano. Na época, era a menor taxa entre os cinco grandes. Desde então, o número tem subido de elevador: 412% em março, 433% em maio, 459% em agosto e 508,2% em 15 de setembro. Com a escalada, a Caixa deixou de ser a mais barata para ocupar o posto de segunda mais cara. O banco federal está apenas atrás do Santander, pratica o maior juro rotativo: 581% ao ano.

Entre as demais linhas acompanhadas pelo BC, o Banco do Brasil é o segundo mais caro no crédito consignado para aposentados, a Caixa é a segunda mais cara no consignado para empregados de empresas privadas e, no cheque especial, a opção mais barata deixou de ser do Banco do Brasil e passou a ser do Bradesco.
DILMA ROUSSEFF
Faz pronunciamento à nação brasileira quando era Presidente da República

PARA LEMBRAR

Em 2012, na véspera do Dia do Trabalho, o governo elevou o tom na briga contra os juros altos cobrados pelos bancos. A presidente Dilma Rousseff aproveitou um pronunciamento, em cadeia nacional de rádio e televisão, para orientar os clientes a exigirem “melhores condições” de financiamento.

No discurso, Dilma classificou como “inadmissível” o custo dos empréstimos no Brasil e recomendou às instituições privadas seguirem o “bom exemplo” dos bancos estatais, que já haviam feito pelo menos duas rodadas de corte de juros nas principais linhas de financiamento.

“É inadmissível que o Brasil, que tem um dos sistemas financeiros mais sólidos e lucrativos, continue com os juros mais altos do mundo”, afirmou a presidente, em seu pronunciamento aos trabalhadores.

Na avaliação da presidente, havia espaço para cortes, e ela recomendou às instituições privadas que seguissem a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil. “A Caixa e o Banco do Brasil escolheram o caminho do bom exemplo e da saudável concorrência de mercado, provando que é possível baixar os juros cobrados dos seus clientes em empréstimos, cartões, cheque especial, inclusive no crédito consignado”, afirmou.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Economia & Negócios – Terça-feira, 18 de outubro de 2016 – Pág. B1 – Internet: clique aqui; Economia & Negócios – Segunda-feira, 17 de outubro de 2016 – Pág. B1 – Internet: clique aqui.

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