21º Domingo do Tempo Comum – Ano A – HOMILIA
Evangelho: Mateus 16,13-20
Naquele tempo:
13 Jesus foi à região
de Cesareia de Filipe e ali perguntou a seus discípulos: “Quem dizem os homens
ser o Filho do Homem?”
14 Eles responderam: “Alguns
dizem que é João Batista; outros que é Elias; outros ainda, que é Jeremias ou
algum dos profetas.”
15 Então Jesus lhes
perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?”
16 Simão Pedro
respondeu: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo.”
17 Respondendo, Jesus
lhe disse: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano
que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu.
18 Por isso eu te digo
que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do
inferno nunca poderá vencê-la.
19 Eu te darei as
chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus;
tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus.”
20 Jesus, então,
ordenou aos discípulos que não dissessem a ninguém que ele era o Messias.
JOSÉ ANTONIO PAGOLA
O QUE NÓS DIZEMOS
Também
hoje, Jesus dirige aos cristãos a mesma pergunta que fez, um dia, a seus
discípulos: “E vós, quem dizeis que eu sou?”. Não nos pergunta, somente, para
que nos pronunciemos sobre sua identidade misteriosa, mas também para que
revisemos nossa relação com ele. O que lhe podemos responder a partir de nossas
comunidades?
Conhecemos
cada vez melhor Jesus, ou o temos “trancafiado em nossos velhos esquemas
cansativos” de sempre? Somos comunidades vivas, interessadas em colocar Jesus
no centro de nossa vida e de nossas atividades, ou vivemos cansados na rotina e
na mediocridade?
Amamos
a Jesus com paixão ou ele se converteu para nós em um personagem desgastado, ao
qual continuamos invocando, enquanto em nosso coração cresce a indiferença e o
esquecimento? Aqueles que se aproximam de nossas comunidades podem sentir a
força e a atração que Jesus tem para nós?
Sentimo-nos
discípulos e discípulas de Jesus? Estamos aprendendo a viver com seu estilo de
vida em meio da sociedade atual, ou nos deixamos arrastar por qualquer apelo
mais atraente aos nossos interesses? Não nos importamos de viver de qualquer
maneira, ou temos feito de nossa comunidade uma escola para aprender a viver
como Jesus?
Estamos
aprendendo a olhar a vida como a olhava Jesus? Olhamos, a partir de nossas
comunidades, para os necessitados e excluídos com compaixão e responsabilidade,
ou nos fechamos em nossas celebrações, indiferentes ao sofrimento dos mais
desvalidos e esquecidos: os que foram sempre os prediletos de Jesus?
Seguimos
Jesus colaborando com ele no projeto humanizador do Pai, ou continuamos
pensando que o mais importante do cristianismo é preocupar-nos, exclusivamente,
com a nossa salvação? Estamos convencidos de que o modo de seguir Jesus é
viver, cada dia, tornando a vida mais humana e mais alegre para todos?
Vivemos
o domingo cristão celebrando a ressurreição de Jesus, ou organizamos o nosso
final de semana vazio de todo sentido cristão? Aprendemos a encontrar Jesus no
silêncio do coração, ou sentimos que nossa fé desvanece abafada pelo ruído e o
vazio que há dentro de nós?
Cremos
em Jesus ressuscitado que caminha conosco cheio de vida? Vivemos acolhendo em
nossas comunidades a paz que ele deixou em herança aos seus seguidores? Cremos
que Jesus os ama com um amor que nunca acabará? Cremos em sua força renovadora?
Sabemos ser testemunhas do mistério da esperança que levamos dentro de nós?
Infelizmente,
não suspeitam o que Jesus poderia significar para eles. Marcel Légaut escrevia esta frase dura, porém, quem sabe, muito
real: “Esses cristãos ignoram quem seja
Jesus e estão condenados, pela sua própria religião, a jamais o descobrirem”.
NOSSA IMAGEM DE
JESUS
A
pergunta de Jesus: “Quem dizeis que eu sou?”, segue pedindo uma resposta aos
crentes de nosso tempo. Nem todos têm a mesma imagem de Jesus. E isto não
somente pelo caráter inesgotável de sua personalidade, mas, sobretudo, porque
vamos elaborando, cada um, nossa imagem de Jesus a partir de nossos interesses
e preocupações, condicionados pela nossa psicologia pessoal e o meio social ao
qual pertencemos, bem como, marcados pela formação religiosa que recebemos.
E,
entretanto, a imagem de Cristo que podemos ter, cada um, possui importância
decisiva para a nossa vida, pois condiciona nossa maneira de entender e viver a
fé. Uma imagem empobrecida, unilateral, parcial ou falsa de Jesus nos conduzirá
a uma vivência empobrecida, unilateral, parcial ou falsa da fé. Por isso, a
importância de se evitar possíveis deformações de nossa visão de Jesus e de
purificar nossa adesão a ele.
Por
outro lado, é pura ilusão pensar que alguém crê em Jesus Cristo porque “crê” em
um dogma ou porque está disposto a crer “no que a Santa Mãe Igreja crê”. Na
realidade, cada crente crê no que ele crê, isto é, naquilo que, pessoalmente,
vai descobrindo em seu seguimento de Jesus Cristo, ainda que, naturalmente, o
faça dentro da comunidade cristã.
Infelizmente,
são muitos os cristãos que entendem e vivem sua religião de tal maneira que,
provavelmente, jamais poderão ter uma experiência um pouco viva do que é
encontrar-se, pessoalmente, com Cristo.
Ainda
em um período muito precoce de sua vida, fizeram uma ideia infantil de Jesus,
quando, quem sabe, não haviam se colocado, com suficiente lucidez, as questões
e perguntas às quais Cristo pode responder.
Mais
tarde, não voltaram a repensar sua fé em
Jesus Cristo, ou porque a consideram algo trivial e sem importância alguma
para suas vidas, ou porque se contentam com conservá-la de maneira indiferente
e apática, sem nenhum eco em seu ser.
Traduzido
do espanhol por Telmo José Amaral de
Figueiredo.
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