ECONOMIA BRASILEIRA ... VAI MAL!
PIB cai 0,6% no segundo trimestre e
Brasil entra em recessão técnica
GUSTAVO SANTOS FERREIRA
Produção
de bens e serviços da economia nacional também foi negativa no primeiro
trimestre de 2014, em 0,2%, de acordo com correção anunciada pelo IBGE;
indústria teve recuo de 1,5%
O
Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil sofreu variação negativa de 0,6% no
segundo trimestre de 2014 comparado ao resultado dos três meses imediatamente
anteriores - informou nesta sexta-feira, 29, o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). Em relação ao segundo trimestre do ano passado,
a queda foi ainda maior: de 0,9%.
Nesta
versão das Contas Nacionais, também foram revisados os dados do primeiro
trimestre deste ano: a alta de 0,2%, anunciada em maio, foi corrigida para
recuo de 0,2% ante o último trimestre de 2013. Foi revisado para baixo também o
terceiro trimestre de 2013, da queda de 0,3% para 0,6%. Esse resultado e o do
último trimestre só não foram inferiores ao do primeiro trimestre de 2009,
quando a atividade econômica regrediu 1,7%.
Entre
as três atividades econômicas componentes do PIB, a indústria teve o pior
desempenho no segundo trimestre [2014]: queda de 1,5% - é a quarta queda seguida do
setor. O segmento de serviços recuou 0,5%. A produção da agropecuária subiu
0,2%. Pela ótica do consumo, o das famílias cresceu 0,3%; e o do governo, caiu
0,7%.
O
Brasil alcançou a metade do ano com uma taxa de poupança de 14,1% - quase a
mesma do segundo trimestre de 2001, quando o índice ficou em 14,0% do PIB. Esse
fator está diretamente ligado à capacidade investimento de um país, por
representar o que sobra de dinheiro para na economia quando excluímos o consumo
das famílias e os gastos do governo. A taxa de investimento até junho foi de
16,5%. Está próxima dos 16,4% do PIB apresentados em período equivalente em
2006.
No
segundo trimestre do ano, a chamada Formação Bruta de Capital Fixo
(representada pela taxa de investimento) caiu 5,3% sobre os primeiros três
meses do ano. Comparada ao mesmo período do ano passado, despencou 11,2%. Esse
item é o estoque de bens duráveis, como máquinas e equipamentos e investimentos
em infraestrutura, destinados a aumentar a produção.
Recessão
Fica
constatada, assim, a recessão técnica da atividade econômica brasileira -
embora essa tese não seja unânime (o IBGE, por exemplo, refuta a ideia). De
todo modo, a recessão técnica ocorre quando, por duas vezes seguidas, a soma
trimestral da produção de riquezas de um país é menor que a obtida
anteriormente. Ou seja, na prática, boa parte de economistas e analistas de
mercado do mundo inteiro consideram agora que o PIB do Brasil entrou em
processo de redução.
A
última vez que isso aconteceu foi no auge da crise financeira mundial, entre
outubro de 2008 e fevereiro de 2009 - mostra a base de dados do IBGE. As
turbulências da economia internacional eram incomparavelmente mais severas que
as atuais - ainda que, até hoje, a economia mundial não tenha recuperado
totalmente a prosperidade de antes.
Com esse
resultado, o atual governo retoma, em seu último ano de mandato, cenário
econômico semelhante ao do primeiro semestre de Luiz Inácio Lula da Silva na
Presidência. A variação negativa do PIB no primeiro semestre de 2003, por outro
lado, viria a ser revertida para uma taxa anual média de crescimento de 4,0%,
conquistada entre 2003 e 2010 - bem acima do ritmo de expansão média de 2,3%
por ano do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, entre 1995 e 2002.
O
mercado aposta neste ano, mostra pesquisa do Banco Central, em avanço de 0,7%
do PIB. Caso isso se confirme, a média de crescimento deste governo será de
1,7%. Na próxima segunda-feira, 1.º, nova consulta a analistas e consultorias
será divulgada. Já por 13 vezes consecutivas a expectativa do mercado piorou.
Fonte: ESTADÃO.COM.BR – Economia –
Sexta-feira, 29 de agosto de 2014 – 09h00 – Texto atualizado às 11h35 –
Internet: clique aqui.
Contas do governo têm pior resultado para meses de julho em
18 anos
Alexandro Martello
No
mês passado, houve déficit primário de R$ 2,19 bilhões, diz Tesouro.
Foi
o pior resultado para o mês da série histórica, que começa em 1997.
As
contas do governo registraram um déficit primário (despesas maiores que
receitas, sem a inclusão de juros) de R$ 2,19 bilhões em julho deste ano,
informou a Secretaria do Tesouro Nacional nesta sexta-feira (29). É o pior
resultado para meses de julho desde o início da série histórica, em 1997.
Para compreender melhor o que significa "superávit primário", clique aqui.
O
resultado aconteceu em um mês de fraca arrecadação federal. Em julho, a
arrecadação do governo caiu 1,6% frente ao mesmo mês do ano passado, configurando
o menor resultado para meses de julho desde 2010.
Com o
menor nível de atividade da economia brasileira e reduções tributárias
(desonerações), o governo tem coletado menos impostos.
Acumulado do ano
Nos
sete primeiros meses deste ano, ainda segundo dados do Tesouro Nacional, as
contas do governo registraram um superávit primário de R$ 15,23 bilhões. O
superávit é a economia feita para pagar juros da dívida pública e tentar manter
sua trajetória de queda.
Com
isso, recuou 60% frente ao mesmo período do ano passado, quando o esforço
fiscal somou R$ 38,31 bilhões. Foi o pior resultado para o período de janeiro a
julho desde 1999, quando o superávit foi de R$ 14,66 bilhões.
Meta fiscal de 2014
O fraco
desempenho das contas públicas até julho torna mais difícil alcançar a meta de
superávit primário estabelecida para este ano.
Ao
anunciar em fevereiro o corte de R$ 44 bilhões no orçamento deste ano, o
ministro da Fazenda, Guido Mantega, revelou que o objetivo fiscal de todo o
setor público (governo, estados e municípios), neste ano, é de R$ 99 bilhões, o
equivalente a 1,9% do PIB, o mesmo percentual registrado em 2013.
Somente
para o governo, a meta foi fixada em R$ 80,8 bilhões neste ano, ou 1,55% do
PIB. Até junho, portanto, o governo cumpriu 18,8% da meta anual.
O
governo federal confirmou que conta com receitas extraordinárias, como aquelas
do Refis da Copa, programa de parcelamento de tributos atrasados, e não
recorrentes (como de concessões) para arrecadar mais e tentar atingir a meta
fiscal deste ano.
Somente
com o Refis da Copa, podem ingressar de R$ 18 bilhões a R$ 20 bilhões nos
próximos meses, segundo informou Mantega nesta semana. Além disso, o governo
também espera receber R$ 13 bilhões em concessões (incluindo o leilão do 4G),
que são valores pagos por empresas pela execução de serviços públicos, como
manutenção de rodovias e aeroportos.
Dividendos,
concessões e CDE
O
superávit primário recuou 60% nos sete primeiros meses deste ano apesar de o
governo ter recebido mais dividendos (parcelas dos lucros) das empresas
estatais. De janeiro a julho de 2014, os dividendos pagos pelas empresas
estatais ao Tesouro Nacional somaram R$ 10,49 bilhões, contra R$ 7,76 bilhões
no mesmo período do ano passado. O aumento foi de R$ 2,73 bilhões neste ano.
Por
outro lado, caíram as receitas de concessões e subiram os pagamentos feitos à
Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) até julho. As concessões, que
renderam R$ 6,1 bilhões nos sete primeiros meses de 2013, engrossaram os cofres
públicos em R$ 2,65 bilhões no mesmo período deste ano. Ao mesmo tempo, foram
pagos R$ 5,3 bilhões para a CDE em 2014. No mesmo período do ano passado, os
aportes à CDE somaram R$ 518 milhões.
Essa
parcela de R$ 5,3 bilhões paga de janeiro a julho pelo governo faz parte de um
valor total de até R$ 13 bilhões estimados com recursos orçamentários para todo
este ano. Desde o final de 2012, o país vem utilizando mais energia gerada
pelas termelétricas por conta do baixo nível dos reservatórios de
hidrelétricas. A operação das térmicas ajuda a poupar água dessas represas, mas
tem um custo maior, que normalmente seria repassado às contas de luz.
Receitas, despesas
e investimentos
De
acordo com dados do governo federal, as receitas totais subiram 6,8% nos sete
primeiros meses deste ano, contra o mesmo período do ano passado, para R$ 702
bilhões. O crescimento das receitas foi de R$ 44,4 bilhões de janeiro a julho
deste ano.
Ao
mesmo tempo, as despesas totais cresceram 10,5% nos sete primeiros meses deste
ano, para R$ 564 bilhões. Neste caso, a elevação foi de R$ 53,66 bilhões. Os
gastos somente de custeio, por sua vez, avançaram bem mais de janeiro a julho:
16,7%, para R$ 122 bilhões.
Já no
caso dos investimentos, os gastos somaram R$ 47,1 bilhões de janeiro a julho
deste ano, informou o Tesouro Nacional, valor que representa um aumento de
21,3% frente a igual período de 2013 (R$ 38,8 bilhões).
No caso
das despesas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que somaram R$
33,8 bilhões nos sete primeiros meses de 2014, houve alta de 27,9% sobre igual
período do ano passado (R$ 26,5 bilhões), informou a Secretaria do Tesouro
Nacional.
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