«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

A paz não é simplesmente ausência de guerra, mas obra da justiça

Redação

Papa Francisco na Coreia do Sul

Publicamos a seguir a tradução oficial do discurso que o Papa Francisco pronunciou hoje, quinta-feira, durante a cerimônia de boas-vindas na "Blue House", o Palácio presidencial de Seul. O discurso original foi pronunciado em língua inglesa.

*  *  *  *  *  *  *

Senhora Presidente,
Distintos Membros do Governo e Autoridades Civis,
Ilustres Membros do Corpo Diplomático,
Queridos amigos!

Constitui para mim uma grande alegria vir à Coreia, a «terra do calmo amanhecer», e experimentar não só a beleza natural do país, mas também e sobretudo a beleza do seu povo e da sua riqueza histórica e cultural. No decurso dos anos, esta herança nacional foi posta à prova pela violência, a perseguição e a guerra; mas, não obstante essas provas, sempre prevaleceu o «calmo amanhecer», quando o calor do dia ainda não se impôs e a escuridão da noite já se foi, ou seja, uma inalterável esperança de justiça, paz e unidade. Que grande dom é a esperança! Não podemos desanimar na busca destas metas, que beneficiam não só o povo coreano mas também toda a região e o mundo inteiro.

Desejo agradecer-lhe, Senhora Presidente Park Geun-hye, a sua cordial recepção. Saúdo Vossa Excelência e os ilustres membros do Governo. Quero expressar o meu agradecimento também aos membros do Corpo Diplomático e a todos os presentes que contribuíram, com o melhor dos seus esforços, para a preparação da minha visita. Estou muito grato pela vossa hospitalidade, que imediatamente me fez sentir no vosso meio como em casa.

A minha visita à Coreia tem lugar por ocasião da VI Jornada Asiática da Juventude, que reúne jovens católicos de todo este vasto Continente numa jubilosa celebração da fé comum. Além disso, no decurso da minha visita, proclamarei Beatos alguns coreanos martirizados pela fé cristã: Paul Yun Ji-chung e os seus 123 companheiros. Estes dois acontecimentos que celebramos completam-se um ao outro. A cultura coreana possui uma boa compreensão da dignidade e sabedoria próprias dos antigos e honra o seu papel na sociedade. Nós, católicos, honramos os nossos antigos que sofreram o martírio pela fé, porque se prontificaram a dar a vida pela verdade em que acreditaram e de acordo com a qual procuraram viver. Ensinam-nos a viver plenamente para Deus e para o bem do próximo.

Um povo grande e sábio não se limita a amar as suas tradições ancestrais, mas valoriza também os seus jovens, procurando transmitir-lhes a herança do passado que aplica aos desafios do presente. Sempre que os jovens se reúnem, como sucede nesta ocasião, oferecem-nos a todos uma oportunidade preciosa para ouvirmos as suas esperanças e preocupações. E somos chamados também a refletir se estamos a transmitir de modo adequado os nossos valores às futuras gerações e qual tipo de sociedade nos preparamos para lhes entregar. Neste contexto, considero que seja particularmente importante, para nós, refletirmos sobre a necessidade de transmitir aos nossos jovens o dom da paz.
Presidente da Coreia do Sul, Park Geun-Hye, recebe o Papa Francisco em Seul

Este apelo reveste-se de um significado muito especial aqui na Coreia, uma terra que sofreu longamente por causa da falta de paz. Exprimo o meu apreço pelos esforços feitos a favor da reconciliação e da estabilidade na Península Coreana e encorajo tais esforços, que são o único caminho seguro para uma paz duradoura. A busca da paz por parte da Coreia é uma causa que nos está particularmente a peito, pois concorre para a estabilidade de toda a região e do mundo inteiro, cansado da guerra.

Mas a busca da paz constitui um desafio também para cada um de nós e, particularmente, para quantos de entre vós têm a tarefa de procurar o bem comum da família humana através do paciente trabalho da diplomacia. Trata-se do desafio perene de derrubar os muros da difidência e do ódio, promovendo uma cultura de reconciliação e solidariedade. De facto, enquanto arte do possível, a diplomacia baseia-se numa convicção firme e perseverante de que a paz pode ser melhor alcançada pelo diálogo e a escuta atenta e discreta, do que com recriminações recíprocas, críticas inúteis e demonstrações de força.

A paz não é simplesmente ausência de guerra, mas obra da justiça (cf. Is 32, 17). E a justiça, como virtude que é, faz apelo à tenacidade da paciência; não nos pede para esquecermos as injustiças do passado, mas que as superemos através do perdão, da tolerância e da cooperação. Exige a vontade de discernir e alcançar os objetivos reciprocamente vantajosos, construindo os alicerces do respeito mútuo, da compreensão e da reconciliação. Faço votos de que todos nós possamos dedicar-nos à construção da paz, à oração pela paz, reforçando o nosso compromisso de a realizar.

Queridos amigos, os vossos esforços como líderes políticos e civis visam, em última análise, construir um mundo melhor, mais pacífico, mais justo e próspero para os nossos filhos. A experiência ensina-nos que, num mundo cada vez mais globalizado, a nossa compreensão do bem comum, do progresso e do desenvolvimento deve ser, em última análise, não só de carácter econômico mas também humano. A Coreia, como a maioria das nações desenvolvidas, enfrenta relevantes problemáticas sociais, divisões políticas, desigualdades econômicas e preocupações na gestão responsável do meio ambiente. Como é importante que a voz de cada membro da sociedade seja ouvida, promovendo-se um espírito de comunicação aberta, de diálogo e cooperação! É igualmente importante que se dedique especial atenção aos pobres, àqueles que são vulneráveis e a quantos não têm voz, não somente indo ao encontro das suas necessidades imediatas mas também promovendo-os no seu crescimento humano e espiritual. Nutro a esperança de que a democracia coreana se há-de fortalecer cada vez mais e que esta nação demonstrará primar também na «globalização da solidariedade» que é hoje particularmente necessária: a solidariedade que tem como objectivo o desenvolvimento integral de cada membro da família humana.

Vinte e cinco anos atrás, na sua segunda visita à Coreia, São João Paulo II manifestou a convicção de que «o futuro da Coreia dependerá da presença entre o seu povo de muitos homens e mulheres sábios, virtuosos e profundamente espirituais» (8 de Outubro de 1989). Hoje, fazendo-me eco de tais palavras, asseguro-vos o desejo constante da comunidade católica coreana de participar plenamente na vida da nação. A Igreja deseja contribuir para a educação dos jovens e para o crescimento de um espírito de solidariedade para com os pobres e desfavorecidos, contribuir para a formação de jovens gerações de cidadãos prontos a oferecer a sabedoria e clarividência herdadas dos seus antepassados e nascidas da sua fé a fim de se enfrentarem as grandes questões políticas e sociais da nação.

Senhora Presidente, Senhoras e Senhores, agradeço-vos mais uma vez a vossa recepção e hospitalidade. O Senhor vos abençoe a vós e ao querido povo coreano. De modo especial, o Senhor abençoe os idosos e os jovens que, preservando a memória e inspirando coragem, são o nosso maior tesouro e a nossa esperança para o futuro.


Fonte: ZENIT.ORG – Seul, 14 de agosto de 2014 – Internet: clique aqui.

Papa pede à ONU intervir e por fim à violência no Iraque

Federico Cenci

Em carta enviada hoje a Ban Ki-moon, Bergoglio afirma que tais atos "não podem não despertar as consciências de todos os homens e mulheres de boa-vontade a ações concretas de solidariedade
Ban Ki-moon - Secretário Geral da Organização das Nações Unidas (ONU)

“Ao renovar o meu apelo urgente à comunidade internacional para intervir e por fim à tragédia humanitária em andamento, encorajo todos os organismos competentes das Nações Unidas, especialmente os responsáveis pela segurança, a paz, o direito humanitário e a assistência aos refugiados, a prosseguirem seus esforços, em conformidade com o Preâmbulo e os artigos pertinentes da Carta das Nações Unidas.”

A voz do Papa Francisco chega a Nova York e estremece o Palácio de Vidro, sede da ONU. Mais um apelo do Santo Padre pelo fim do "sofrimento intolerável" dos cristãos no Iraque chega aos ouvidos de Ban Ki-moon, Secretário das Nações Unidas.

Na carta de hoje, o Papa disse que estava “com o coração apertado e angustiado” diante dos “dramáticos acontecimentos dos últimos dias no norte do Iraque”. As imagens dos cristãos e outras minorias religiosas curvados pela violência e perseguição dos jihadistas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante provocam comoção no Santo Padre,  que afirma estar angustiado também pela “destruição de seus lugares de culto e do patrimônio religioso”.

Daí a decisão de enviar ao povo iraquiano o cardeal Fernando Filoni, Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, que já serviu no país como representante dos predecessores, Papa São João Paulo II e Papa Bento XVI. “Um gesto - reafirma o Bispo de Roma – “para manifestar a minha proximidade espiritual e expressar a minha preocupação, assim como de toda a Igreja Católica, com o intolerável sofrimento de pessoas que desejam somente viver em paz, harmonia e liberdade na terra de seus antepassados”.

Com "o mesmo espírito" com que confiou a missão ao cardeal Filoni, o Papa agora se dirige a Ban Ki-moon, para expor-lhe “as lágrimas, os sofrimentos e os gritos de desespero dos cristãos e das outras minorias religiosas na amada terra do Iraque”. E solicitar que prossigam “os esforços da ONU pela segurança, a paz, o direito humanitário e a assistência aos refugiados” no país.

Além disso, “os ataques violentos que têm se alastrado ao longo do norte do Iraque não podem não despertar as consciências de todos os homens e mulheres de boa-vontade a ações concretas de solidariedade”, que podem “proteger quantos são atingidos ou ameaçados pela violência e para assegurar assistência necessária e urgente a tantas pessoas deslocadas, bem como o seu retorno seguro às suas cidades e às suas casas”.

 A história é mestra de vida, assim, o Papa Francisco recorda “as trágicas experiências do século XX” que “obrigam a comunidade internacional, em particular através de normas e mecanismos de direito internacional, a fazer tudo o que lhe for possível para deter e prevenir novas violências sistemáticas contra as minorias étnicas e religiosas”.

Fonte: ZENIT.ORG – Roma, 13 de agosto de 2014 – Internet: clique aqui.

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