O CUSTO DE PRIVILEGIAR O USO DO AUTOMÓVEL
Alexandre Pelegi
Congestionamento em São Paulo - capital |
Há
alguns anos a ANTP realiza estudos e levantamentos para quantificar os custos
envolvidos na mobilidade urbana. É o SIM – Sistema de Informações da Mobilidade,
que faz a análise dos dados coletados em cidades com população acima de 60 mil
habitantes. Este banco de dados permite o acompanhamento das várias facetas de
caráter econômico e social envolvidas na dinâmica do transporte e trânsito
urbanos das cidades brasileiras que, juntas, respondem por 61% da população do
país e 71% da frota de veículos.
O mais
recente relatório do SIM, com informações referentes a 2012, nos permite
conhecer, com profusão de dados, indicadores importantes para a compreensão da
atual situação da mobilidade urbana no país. O custo da mobilidade nas 438
cidades abrangidas pelo relatório chegava, naquele ano, ao valor de R$ 184,3
bilhões. Este custo resulta da soma dos custos pessoais (arcados pelos usuários
ou por empregadores quando há uso de vale transporte) mais os custos públicos
(manutenção do sistema viário, arcados pelo poder público).
Dentre
os muitos dados coletados e analisados pelo SIM, há resultados que nos permitem
entender melhor a justeza de ações públicas que visam priorizar o transporte
coletivo. Refiro-me ao custo do patrimônio envolvido na mobilidade urbana das
438 cidades, estimado em R$ 2,48 trilhões. Para chegar a este número o
relatório do SIM responde a uma pergunta objetiva: quanto custaria remontar, a
valores de hoje, o atual sistema de mobilidade?
O custo
do patrimônio, assim, resulta da soma dos valores:
- dos veículos que circulam por ruas e trilhos das cidades (carros, motos, ônibus, trens metropolitanos e de metrô)
- mais a infraestrutura utilizada para sua circulação, viária e metroferroviária.
Alexandre Pilegi Editor da Revista de Transportes Públicos (ANTP) |
Uma das
conclusões a que se pode chegar é a de que o gasto com infraestrutura nas
cidades brasileiras tem beneficiado historicamente e de maneira gritante o
transporte individual – basta olhar para as ruas e avenidas de qualquer cidade
para enxergar como os carros são preponderantes na ocupação do espaço, quando
em movimento ou estacionado.
São
dados importantes, justo num momento em que, em muitas cidades do país, brotam
queixas contra as ações realizadas por Prefeituras em prol do transporte
coletivo. Refiro-me, principalmente, à implantação de corredores, à ampliação
de rodízios, à redução de vagas de estacionamento para maior fluidez dos
ônibus, além da implantação de projetos cicloviários.
Por
fim, mas não menos importante: os valores revelados pelo SIM não só justificam
qualquer ação em prol do transporte coletivo, como demonstram que tal postura,
apesar de tardia, é absolutamente necessária. Em qualquer sociedade
democrática, o bem-estar coletivo tem de estar acima dos interesses
individuais.
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