ISRAEL X HAMAS: Como terminar a guerra
THOMAS L. FRIEDMAN
THE NEW YORK TIMES
Thomas Loren Friedman - jornalista norte-americano |
Esta
é uma geração de líderes árabes, palestinos e israelenses especializados em
construir túneis e muros. Nenhum deles pensou em erguer pontes e portas. Na
sexta-feira refleti sobre como tanta criatividade tem sido usada numa guerra e o
quão pouco é aplicada para se fazer a paz.
Israel
desenvolveu um sistema de interceptação de foguetes que imediatamente calcula
se um foguete do Hamas atingirá uma área urbanizada em Israel ou se cairá no
mar ou no deserto, evitando assim gastar US$ 50 mil num interceptor. Se o
governo israelense tivesse aplicado esta mesma engenhosidade para tentar forjar
um acordo com a moderada Autoridade Palestina [AP] na Cisjordânia, o Hamas estaria
muito mais isolado hoje - não Israel.
O
Hamas, por seu lado, usando picaretas, pás e furadeiras, desenvolveu um
labirinto de túneis em Gaza sob o nariz de Israel. Se o grupo, que só tem
trazido ruína para a população de Gaza, tivesse aplicado a mesma criatividade
para construir na superfície, teria criado a maior empresa de construção do
mundo árabe nos dias atuais, e mais escolas.
Mesmo
antes de um cessar-fogo estável, autoridades de Israel e da AP vêm discutindo
os princípios de um acordo duradouro para Gaza. Como Egito, Jordânia, Arábia
Saudita e Emirados Árabes odeiam o Hamas - por seus vínculos com a Irmandade
Muçulmana - tanto quanto Israel, há potencial para um acordo para Gaza que de
fato mobilize árabes moderados, palestinos e Israel. Mas exigirá que Israel,
Hamas e EUA [Estados Unidos da América] eliminem velhas regras sobre quem não deve falar com quem.
Eis a
razão: O Hamas é um terrível inimigo de Israel e não deve suspender esta guerra
sem um acordo que encerre o bloqueio de Gaza. Israel não deve também terminar a
guerra sem ter eliminado o maior número de túneis do Hamas e instalar no local
um regime para desmilitarizar Gaza e impedir a importação de novos foguetes.
Como
nem Israel ou Egito querem dominar Gaza, a única chance de as metas serem
adotadas é se a AP for convidada a ir a Gaza (da qual foi expulsa em 2007). E,
como explicou-me um dos principais assessores do presidente Mahmoud Abbas,
Yasser Abed Rabbo, isso só ocorrerá se os palestinos formarem um governo de
unidade nacional com o Hamas e Israel concordar em retomar as negociações com
esse governo sobre o fim da ocupação da Cisjordânia.
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