«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

A PETROBRÁS... AINDA ! ! !

Ex-diretor diz que Lula intensificou uso político da Petrobrás

ANTONIO PITA E FERNANDA NUNES

Segundo ex-diretor da Petrobrás, dizia-se na estatal que ex-presidente estava impressionado com atuação de Paulo Roberto Costa, preso por suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro 
Ildo Sauer - Ex-Diretor da Petrobrás
Envolvido no processo que investiga a polêmica compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, o ex-diretor de Gás e Energia da Petrobrás Ildo Sauer quebrou o silêncio e admitiu ao Broadcast que "o governo de coalizão" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva permitia que partidos indicassem dirigentes para obter "ajuda". Segundo ele, "o folclore" na Petrobrás era que Lula estava impressionado com a contribuição do ex-diretor de abastecimento Paulo Roberto Costa, atualmente preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro.

O ex-diretor classifica ainda como "piada" o argumento da presidente Dilma Rousseff, que, na época presidia o conselho de administração da estatal, de que aprovou a aquisição de Pasadena com base em um resumo executivo falho, conforme a própria presidente afirmou ao [jornal] O Estado de S. Paulo, em março, por meio de nota. Na entrevista, Sauer afirma que a presidente Dilma se notabiliza por procurar um culpado sempre que aparece um problema e conta que a relação entre a direção da Petrobrás e o governo era tensa.

O senhor teve acesso ao resumo executivo para compra da refinaria de Pasadena feito por Cerveró?

Ildo Sauer: O sumário executivo serve como notícia de que há uma pauta. Os membros do conselho e mais ainda o presidente (do órgão) têm acesso a toda documentação. E o estatuto permite a ele pedir qualquer informação adicional à diretoria ou contratar consultoria externa. Ninguém decide com base em resumo. Isso é uma piada.

A presidente Dilma Rousseff diz que se baseou em um resumo executivo "falho" para aprovar a compra da refinaria.

Ildo Sauer: Eu conheço a senhora Rousseff há pelo menos 14 anos. Ela se notabiliza por procurar um culpado sempre que aparece um problema. Essa é a competência dela. Ela deve ter visto que havia algum problema e chutou na canela do Nestor (Cerveró, ex-diretor da Área Internacional responsável pelo resumo técnico sobre a compre de Pasadena). Como presidente do conselho, ela dizer que o resumo executivo era falho é uma piada. O estatuto diz que é privativa do conselho a decisão sobre aquisição e participações em empresas.

Como era a relação da presidente com o ex-diretor Nestor Cerveró?

Ildo Sauer:  O diretor é subalterno ao conselheiro. A presidente dizer que era tutelada pelo diretor, que lhe faltou informações completas, é uma inversão completa da lógica. Mas não me surpreende. Por que a conduta histórica dela é essa, muito errática. Quem impediu que a Petrobrás aceitasse o resultado da primeira arbitragem contra a Astra, quando os belgas fizeram a put option, foi o conselho. Isso está nos autos.

Mas todo o conselho ou só a presidente?

Ildo Sauer: O presidente do conselho representa o governo dentro da empresa. Os demais conselheiros são eleitos pelos votos do majoritário, o governo, e pelos minoritários. Há um ritual de aceitação da superioridade do governo. Quando há divergência de interesses entre a empresa e a política do governo gera conflito.

Havia conflitos?

Ildo Sauer: São notórias as divergências. Primeiro, as minhas com ela quanto à conduta do setor elétrico, que virou esse desastre. Também dela com o Gabrielli (José Sergio Gabrielli, ex-presidente da estatal). O ambiente ficava pesado. Não vou falar dos outros. Havia uma nítida situação de quem representava quem lá dentro. Eu e Estrella (Guilherme Estrella, ex-diretor de Exploração e Produção) tínhamos convicção de que éramos apenas representantes dos interesses da Petrobrás, seus acionistas e da população brasileira. Nenhum interesse estava atrás de nós.

E dos demais diretores?

Ildo Sauer: À medida que foram sendo nomeados despachantes de interesses... É uma pequena ironia. Quando fui demitido, diz o folclore que o Lula (ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva) se queixou a um deputado que eu não ajudava e que ele estava muito impressionado com a ajuda de Paulo Roberto, que ajudava muito. Eu não ouvi dele, ouvi de intermediários.

Como assim despachante de interesses?

Ildo Sauer: O governo de coalizão do presidente Lula passou a permitir que grupos de parlamentares e partidos se reunissem para indicar dirigentes.  Não sei por que eles estavam lá, se é para fazer gestão eficaz não precisa ter apoio de partido. Não me envolvia com isso por que não achava que era pertinente. Acabei demitido por que diziam que eu não ajudava. O que seria “ajudar”, até hoje eu não sei.

Quando esse processo começou?

Ildo Sauer: O ambiente na Petrobrás começou a ficar envenenado, em primeiro lugar, nessa relação conflituosa com o TCU [Tribunal de Contas da União], na definição clara dos papeis de cada um para evitar a zona de sombra que envolve recursos. Depois, quando o petróleo explodiu de preço, a Petrobrás passou a investir US$ 30 bilhões, 40 bilhões, 50 bilhões por ano. Então ela virou foco de interesse da chamada base de apoio político. Leia-se partidos e políticos. Que passaram cada vez mais a querer indicar dirigentes. O governo de coalizão do Lula aprofundou aquilo que já vinha do governo Fernando Henrique.

Você percebia essa influência no dia a dia da empresa?

Ildo Sauer: Não só sentia como me manifestei publicamente. Em dezembro de 2006 dei uma entrevista e depois recebi uma ligação do então ministro de Minas e Energia (Silas Rondeau) dizendo que o presidente da República tinha ficado injuriado e que teria consequências. Era o período de auge de divergências. Eu disse (na entrevista) que quem criticava minha gestão é quem não entendia o papel do dirigente de uma empresa pública. Aqueles que me criticam, exigindo a venda de gás pela metade do custo para fazer uma usina no Ceará, como era a pressão do governo na época, na verdade queriam converter o dirigente num despachante de interesses.

O que disseram após a entrevista?

Ildo Sauer: Avisaram que isso não era tolerável. Fiz isso publicamente, pois internamente não tinha mais sentido manifestar a minha convicção. Ouvi da própria Rousseff: “O Ildo não é do governo, ele é um petroleiro”. Que lambança é essa? Não tem divergência nenhuma entre defender a Petrobrás, para que funcione como empresa, e ajudar o governo, desde que o governo queira fazer o que precisa ser feito.

O senhor tinha conhecimento de irregularidades?

Ildo Sauer: Quando isso acontece, acontece com muita sutileza. O despachante é bom quando faz tudo e nada transparece. Parecia que aquilo de fato era o que precisava ser feito. Examinei Pasadena com todo rigor em termos técnicos e empresariais. Agora se havia alguma coisa escondida... Cabia ao conselho fiscalizar os diretores. Não os diretores olhar com desconfiança os colegas. É evidente que tendo em vista a história anterior dos gestores, tinha que olhar com todo o rigor.

As indicações políticas influenciaram o negócio de Pasadena?

Ildo Sauer: Quem pode responder são os próprios gerentes que fizeram as negociações ou uma investigação policial entorno das negociações, e eu sugiro lá fora. Se houve algo de errado, então o Ministério Público e a Polícia Federal tinham que investigar quem fez, e não generalizar.

Há politização das investigações de Pasadena?

Ildo Sauer: O que não entendo é por que abrir uma questão sete anos depois do ocorrido? Esse procedimento abre um precedente extremamente grave na gestão de empresas públicas. Nenhum dirigente sério e competente vai querer assumir em um ambiente desse tipo e vão para lá os despachantes de aluguel, os que alugam crachá para fazer qualquer coisa, como aquele que está na cadeia hoje.

É um desafio diferenciar a sua conduta à do ex-diretor Paulo Roberto Costa?

Ildo Sauer: Não há nenhuma dificuldade. Quem junta os diferentes em um lugar só é esse relatório do TCU, que não examinou individualmente a responsabilidade de cada um.  Eu e o Estrella (Guilherme Estrella, ex-diretor de Exploração e Produção) estamos muito mais distantes do assunto do que o Conselho de Administração (eximido de responsabilidade pelo Tribunal).

Como o senhor avalia Pasadena?

Ildo Sauer: Ela teria custado cerca de US$ 320 milhões sem litígios, mais UR$ 500 milhões de Revamp (adaptação para processar o petróleo brasileiro). O projeto que aprovei em 2006 era esse. Se tivesse sido feito, o negócio seria lucrativo nos últimos quatro anos.

O TCU errou no relatório?

Ildo Sauer: Quem comete o equívoco de dizer que um diretor demitido em 2007 ainda estava decidindo em 2009, evidentemente está sujeito a cometer outros equívocos (inicialmente, Sauer foi apontado por prejuízos causados também no processo de litígio com a belga Astra Oil; depois o TCU o excluiu desse trecho do processo). Isso não quer dizer que eu conteste a importância de ter um TCU independente. Mas tem que afinar os métodos.

O TCU bloqueou seus bens...

Ildo Sauer: Respeito o TCU, mas tem que focalizar e não expor à execração pública pessoas que têm uma trajetória.

Como o senhor avalia sua passagem pela empresa?

Ildo Sauer: No fim de 2007, quando fui demitido,  a Petrobrás valia US$ 226 bilhões, o dobro de hoje. Tínhamos notórias divergências com o governo, especialmente sobre investimento e os preços dos combustíveis. Havia pressão, mas a diretoria conseguia manter os preços competitivos.

O que causou a mudança?

Ildo Sauer: A crise internacional. Mas ela nunca se recuperou por intervenção da Dilma, que impôs sua vontade arbitrária em decisões como, por exemplo, a de congelar os preços dos derivados.

Fontes: O Estado de S. Paulo – Política – Quinta-feira, 4 de setembro de 2014 – Pg. A11 e ESTADÃO.COM.BR – Política – 03 de setembro de 2014 – 16h46 – Internet: clique aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.