«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

PRECISAMOS MUDAR NOSSOS HÁBITOS EM RELAÇÃO AO MEIO AMBIENTE

País melhora o ar, mas descaso com as águas continua

VALÉRIA FRANÇA

O investimento na expansão do saneamento diminuiu nos últimos 14 anos,
deixando o Brasil entre os piores índices do mundo
Praia de Tramandaí (litoral norte do Rio Grande do Sul) poluída com petróleo em 2012

Em apenas cinco anos o Brasil conseguiu mudar totalmente a imagem entre os ambientalistas ao redor do mundo ao alcançar um inesperado patamar de 80% de redução de CO2. Ao poluir menos, virou modelo, mas deixou questões importantes de lado. Não vem cuidando da fauna e muito menos de seu potencial hídrico – o que é ainda mais preocupante.

“Urgente hoje não é a poluição do ar, mas a das águas dos rios e mares”, diz a bióloga Adriana Gonçalves Moreira, especialista em meio ambiente do Banco Mundial. “Do ponto de vista de conservação de todos os biomas nacionais, o marinho é o que recebeu menos atenção.” Das áreas protegidas no continente, 30% são de florestas e 10%, de cerrado.

Já o mar tem apenas 2% de área protegida. “Isso é um problema mundial.” Os EUA também demarcam apenas 2% de território marítimo protegido, e Índia, 5%, por exemplo. Calcula-se que 77% dos poluentes despejados no mar acabem se concentrando na região costeira, que reúne o habitat marinho mais vulnerável. Os acidentes com cargueiros, principalmente os que levam petróleo bruto, são responsáveis por 10% da poluição dos mares do globo.

No Brasil, 87% do lixo encontrado nas águas do Atlântico vêm do território costeiro e impactam diretamente 267 espécies. Há muitos registros de tartarugas e golfinhos que morrem pela ingestão de plásticos, confundidos com algas. O Brasil também fica devendo em saneamento básico. Segundo estudo realizado pelo Instituto Trata Brasil e pelo Conselho Empresarial Brasileiro pelo Desenvolvimento Sustentável, apenas 37,5% de todo o esgoto gerado no País recebe algum tipo de tratamento.

O estudo também levantou o nível de saneamento em 120 países, estabelecendo um ranking, no qual o Brasil fica em 112º lugar. Desde 2000, houve redução no processo de expansão do setor de 4,6% para 4,1% ao ano. Outro problema são os pesticidas – o País é campeão mundial do uso na agricultura – , um tipo de poluição invisível, que também impacta o ecossistema marinho.

Soluções

Falta política de uso racional. “As águas devem ter uso múltiplo”, diz Marcos Thadeu Abicalil, arquiteto e urbanista especializado em águas e saneamento do Banco Mundial. “O esgoto tratado pode ter um reaproveitamento indireto.” Um bom exemplo disso, segundo o arquiteto, é o Aquapolo Ambiental – que nasceu de uma parceria entre a Odebrecht Ambiental e a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) – , um centro de tratamento e fornecimento de água de reúso industrial para o Polo Petroquímico do ABC, em São Paulo.
Aquapolo Ambiental - São Paulo

O projeto transforma o esgoto previamente tratado em água para atividades industriais, como o resfriamento de turbinas. O método gera economia de água potável equivalente ao consumo de 500 mil habitantes. “Temos de diversificar e ser mais limpos”, diz a economista Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS). “Precisamos ter uma cadeia limpa do início ao descarte.”

Ícone do descaso com o meio ambiente, o Rio Tietê atinge nível zero de O2 no trecho entre Suzano e São Paulo. “O despejo direto de esgoto doméstico e empresarial acaba com o potencial de uso, que poderia até ser de abastecimento”, diz Abicalil, referindo-se à seca que a maior capital do País está atravessando.

Do total de água tratada no Brasil, 36% é perdida em vazamentos. Em São Paulo, 30% dos investimentos vão para a reposição da rede, que está envelhecida.

“O Brasil não resolveu problemas de acesso à água, que são do século passado, e agora tem que lidar com as questões das mudanças climáticas.”

Fonte: O Estado de S. Paulo – Especial/Fóruns Estadão Brasil 2018/Meio Ambiente – Segunda-feira, 1 de setembro de 2014 – Pg. X2 – Internet: clique aqui.

Mudar hábitos é a única saída

Bárbara Bretanha e Valéria França

Organizadas em função dos automóveis, 
cidades precisam de outro planejamento
Ricardo Abromovay - professor do Departamento de Economia FEA/USP

O mundo está entrando na era antropocênica, segundo cientistas. A interferência do homem no meio ambiente foi tão grande que, pela primeira vez, ele alterou o clima do planeta. Ninguém sabe responder como o planeta vai conviver com 4°C a mais na temperatura no fim do século.

Acabou a época das reclamações. “Não podemos mais viver das discussões dos problemas, precisamos partir para as soluções o mais rápido possível”, diz o economista Ricardo Abramovay, um dos debatedores do Fórum Estadão Brasil 2018 de Meio Ambiente. “Não dá para enxergar o meio ambiente como pedaços fragmentados. As chuvas do Sudeste e as geleiras dos Andes dependem da Amazônia.”

O Brasil precisa mudar a forma de viver, de produzir e de pensar a economia. Foi esse o recado dos especialistas que se apresentaram na última quinta-feira, no Insper, na Vila Olímpia, zona sul de São Paulo. Hoje, o Brasil tem 1 carro para 4,4 habitantes. Há dez anos, a proporção era de 1 automóvel para 7,4 brasileiros. “As cidades estão desfiguradas pelo automocentrismo”, diz Abramovay. Pesquisa realizada pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) aponta que 40% de tudo que se constrói em São Paulo têm como objetivo armazenar automóveis.

O excesso de veículos, um dos principais responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa, é grande agravante para o problema do aquecimento global e das mudanças climáticas. A indústria automobilística tende a investir em novas tecnologias – que podem transformar o carro em uma plataforma compartilhada e capaz de produzir informações para melhor orientar o planejamento urbano.

Carros elétricos e mais recentemente os chamados híbridos, já se transformaram em realidade em montadoras como Toyota e Fiat, porém ainda não possuem preços competitivos para o mercado. “Mas a ideia não é que o carro elétrico substitua os que temos nas ruas. Isso seria inconcebível”, diz Abramovay. A ideia é que o carro seja um produtor de informação compartilhada.

Compartilhamento

Mercedes-Benz, Volkswagen, Ford e Renault são algumas das montadoras que dão suporte para o car sharing, projeto europeu de compartilhamento de carro alugado, que ficou popular em 2010 pela facilidade que as tecnologias de conexão, como as redes sociais, permitem que várias pessoas usem o mesmo carro. Calcula-se atualmente 3 milhões de usuários. Até 2020, a expectativa é que esse número aumente em mais de oito vezes. “Investimento em bens e serviços públicos e coletivos apoiados em mídias digitais podem ser alternativa para esses modelos predatórios”, afirma o economista.

A sociedade, que consome ainda indiscriminadamente, precisa se engajar. “Existe uma desconexão entre percepção de risco e a variabilidade ambiental. A mudança comportamental ainda é muito incipiente”, afirma Patrícia Pinho, do Centro de Ciência do Sistema Terrestre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). De acordo com a pesquisadora, os grupos precisam se organizar para criar alternativas coletivas, como sistemas de carona dentro de um mesmo bairro.

“O que está em jogo é a sobrevivência e a qualidade de vida, não só a renda”, diz ela. O recado: sem planejamento sustentável, as cidades entrarão em colapso.

Brasil e os automóveis

71,6 milhões de toneladas de CO2 são produzidas anualmente por veículos a gasolina no Brasil

1,6 bilhão de árvores teriam de ser plantadas para compensar as emissões

1 carro para 4 habitantes é o tamanho da frota nacional

mercado do mundo no comércio de veículos

Fonte: O Estado de S. Paulo – Especial/Fóruns Estadão Brasil 2018/Meio Ambiente – Segunda-feira, 1 de setembro de 2014 – Pg. X7 – Internet: clique aqui.

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