«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

O ESTADO ESTÁ EM CRISE NO BRASIL!

PSDB não soube atuar na oposição, afirma Giannotti

PEDRO VENCESLAU

Entrevista com José Arthur Giannotti (Filósofo)
José Arthur Giannotti - Filósofo

Referência teórica entre integrantes do PSDB - é muito próximo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso -, o filósofo José Arthur Giannotti diz que o partido não conseguiu se articular como oposição durante os governos petistas, razão pela qual está virtualmente fora do 2.º turno da eleição presidencial.

Para o futuro, o filósofo prevê uma divisão ideológica entre os tucanos. De um lado, mais à esquerda, José Serra, líder nas pesquisas para a vaga paulista no Senado. De outro, mais à direita, o governador Geraldo Alckmin, favorito na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes. Aécio Neves, diz Gianotti, deixará o topo da pirâmide partidária.

Como explica o fato de Marina Silva ter roubado do PSDB os eleitores antipetistas, como mostram as pesquisas de intenção de voto da disputa presidencial?

Giannotti: Em primeiro lugar é preciso esclarecer que sou um "tucanoide", e não um tucano. Já fui petista e agora meu voto é útil. Estávamos com um cenário polarizado entre PT e PSDB. Mas o PT veio para o centro, se corrompeu e criou uma situação em que o adversário não existia como força política. Quando você não tem uma oposição organizada, em geral quem ocupa esse espaço é uma dissidência da própria base aliada (como ocorreu com Eduardo Campos e Marina Silva, ex-ministros do governo Lula). O PSDB não conseguiu se articular como oposição.

Por quê?

Giannotti: Porque não teve discurso. Na medida em que o PT foi para o centro, ele roubou o discurso do PSDB. O PT virou o grande interlocutor com as forças capitalistas e populares, o que era o projeto da social democracia.
Mas embora tenha sempre poupado o ex-presidente Lula, Aécio se posicionou claramente como candidato de oposição a Dilma durante a campanha...

Giannotti: Ficou com uma imagem meio ambígua. Tanto é assim que ele precisa agora sair correndo para Minas Gerais para salvar a candidatura que ele apoia. Aécio não afirmou uma liderança realmente decisiva. E no Senado demorou. A oposição ficou apenas verbal e não teve força para fazer a luta política entre amigos e inimigos. Quando isso acontece, ou há dissidência na base aliada ou surge a demanda por um salvador da pátria. Já assisti ao Fernando Collor e ao Jânio Quadros.

Dá para compará-los com Marina, como fez Dilma?

Giannotti: Não, mas dá para lembrar deles na medida em que vem alguém religiosamente para salvar a pátria e depois tem uma enorme complicação na montagem do governo. A Marina não é um Collor, mas no sistema ela estava isolada. Não soube organizar o partido dela, a Rede, e foi obrigada a se aliar ao Eduardo Campos. Quando o avião cai, ela se acha predestinada a salvar a pátria e começa com esse discurso. A partir do desastre, ela lembra Jânio e Collor ao dizer que veio para salvar a pátria. O resultado é que o Aécio começou a murchar. Ao meu ver, essa tendência é irreversível. Agora temos um problema muito sério: uma crise de Estado.

Há uma crise de Estado?

Giannotti: Nossos analistas, que estão fortemente marcados pelo sociologismo, não veem essa crise. Quem viu e disse isso foi uma jurista, a Carmem Lúcia. Uma crise de Estado acontece quando você decide em cima e a decisão não chega embaixo. E o Estado, dessa forma, não funciona. Já temos uma crise de decisão. Ela continua se Dilma ou Marina vencerem.

E se o Aécio vencer?

Giannotti: O Aécio não vai ganhar.

Como seria um segundo mandato de Dilma?

Giannotti: O PT e particularmente o Lula vão interferir muito mais no governo. Ele vai interferir na política econômica. Já obrigou a Dilma a dizer que o novo governo terá uma nova equipe.

E o governo Marina?

Giannotti: Ela teria que organizar sua base e sua equipe de governo. Obviamente não vai precisar desta base aliada enorme que destruiu o Estado para ser construída e criou 39 ministérios. Nem a Dilma lembra quais são os ministros. Marina precisa encontrar uma nova funcionalidade.

O que será do PSDB depois da eleição?

Giannotti: Teremos um PSDB estilhaçado, mas tenho a impressão que o partido sairá com governadores e senadores fortes.

Aécio deixará de ser a grande liderança tucana nacional?

Giannotti: Ele voltará ser o que sempre foi: uma liderança do PSDB, mas não mais a ponta da pirâmide. Ideologicamente, o partido aparece com duas pontas: o Alckmin bem mais à direita e o Serra bem mais à esquerda.

Aécio disse que, em caso de derrota, vai para a oposição. Acha que isso vai acontecer?

Giannotti: Tenho a impressão que não. Nem ele nem o PSDB. Ele vai compreender que para fazer o antipetismo é preciso que ele apoie a Marina. Há um fenômeno interessante. O antipetismo está bem instalado na política brasileira hoje. É uma tremenda força. E não venham dizer que é esquerda contra direita.

A pauta evangélica tem grande peso na campanha presidencial. Como avalia isso?

Giannotti: Estamos assistindo à montagem de uma enorme bancada evangélica. Quando há uma crise de Estado, os conflitos religiosos aparecem. Quando não há uma estrutura do poder central organizando a sociedade, Deus aparece como o centralizador. Isso está evidente no Oriente Médio. O avanço evangélico é um sintoma da crise de Estado.

O fato de a Marina ser evangélica pesa nesse sentido?

Giannotti: Isso colabora para que ela venha na onda da salvação da pátria e do Estado.

Por que as manifestações de junho não formaram líderes ou candidatos?

Giannotti: Movimento popular desse tipo é como fogo-fátuo. Ele surge e desaparece. Essas redes sociais são extremamente importantes, mas não criam líderes. As lideranças políticas são, na verdade, formadas pelo processo partidário.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Internacional – Domingo, 14 de setembro de 2014 – Pg. A29 – Internet: clique aqui.

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