«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

A POLÍTICA BRASILEIRA COMO ELA É ! ! !

O autorretrato de Dilma

Editorial

Por ter chorado numa entrevista ao dizer que fora "injustiçada" pelo ex-presidente Lula, a candidata Marina Silva foi alvo de impiedosos comentários de sua rival Dilma Rousseff. "Um presidente da República sofre pressão 24 horas por dia", argumentou a petista. "Se a pessoa não quer ser pressionada, não quer ser criticada, não quer que falem dela, não dá para ser presidente da República." E, como se ainda pudesse haver dúvida sobre a sua opinião, soltou a bordoada final: "A gente tem que aguentar a barra". Passados apenas oito dias dessa suposta lição de moral destinada a marcar a adversária perante o eleitorado como incapaz de segurar o rojão do governo do País, Dilma acabou provando do próprio veneno.
Dilma Rousseff entrevistada pela equipe de jornalismo do "Bom Dia Brasil" (21/09/2014)

Habituada, da cadeira presidencial, a falar o que quiser, quando quiser e para quem quiser - e a cortar rudemente a palavra do infeliz do assessor que tenha cometido a temeridade de contrariá-la -, a autoritária candidata à reeleição foi incapaz de aguentar a barra de uma entrevista de meia hora a três jornalistas da Rede Globo, no "Bom dia, Brasil". A sabatina foi gravada domingo [21/09] no Palácio da Alvorada e levada ao ar, na íntegra, na edição da manhã seguinte do noticioso. Os entrevistadores capricharam na contundência das perguntas e na frequência com que aparteavam as respostas. Se foram, ou não, além do chamamento jornalístico do dever, cabe aos telespectadores julgar.

Já a conduta da presidente sob estresse, em um foro público, por não ditar as regras do jogo nem, portanto, dar as cartas como de costume entre as quatro paredes de seu gabinete, é matéria de interesse legítimo da sociedade. Fornece elementos novos, a menos de duas semanas das eleições, sobre o que poderiam representar para o Brasil mais quatro anos da "gerentona" quando desprovida do conforto dos efeitos especiais que lustram a sua figura no horário de propaganda e, eventualmente, do temor servil que infundiu aos seus no desastroso primeiro mandato. Isso porque os reverentes de hoje sabem que não haverá Dilma 3.0 em 2018 nem ela será alguém na ordem das coisas a partir de então.

A presidente, que tão fielmente se autorretratou no Bom Dia Brasil é, em essência, assim: não podendo destratar os interlocutores, maltrata os fatos; contestadas as suas versões com dados objetivos e ao alcance de todos quantos por eles se interessem, se faz de vítima como a Marina Silva a quem, por isso, desdenhou. Cobrada por não responder a uma pergunta, retruca estar "fazendo a premissa para chegar na conclusão (sic)", ensejando a réplica de ficar na premissa "muito tempo". É da natureza dessas situações com hora marcada que o entrevistado procure alongar-se nas respostas para reduzir a chance de ser atingido por novas perguntas embaraçosas. Some-se a isso o apreço da presidente pelo som da própria voz - e já estaria armado o cenário de confronto entre quem quer saber e quem quer esconder.

Mas o que ateou fogo ao embate foram menos as falsidades assacadas por Dilma do que a compulsiva insistência da candidata, já à beira de um ataque de nervos, em apresentá-las como cristalinas verdades. Quando repete que não tinha a mais remota ideia da corrupção em escala industrial na diretoria de abastecimento da Petrobrás ocupada por Paulo Roberto Costa de 2004 (quando ela chefiava o Conselho de Administração da estatal) a 2012 (quando ocupava havia mais de um ano o Planalto), não há, por ora, como desmascarar a incrível alegação. Mas quando ela afirma e reafirma - no mais desmoralizante de seus vexames - que a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) não mede desemprego, mas taxa de ocupação, e não poderia, portanto, ter apurado que 13,7% dos brasileiros de 18 a 24 anos estão sem trabalho, é o fim da linha.

Depois da entrevista, o programa fez questão de convalidar os números da jornalista que a contestava. De duas, uma, afinal: ou Dilma, a economista e detalhista, desconhece o que o IBGE pesquisa numa área de gritante interesse para o governo - o que simplesmente não é crível - ou quis jogar areia na verdade, atolando de vez no fiasco. De todo modo, é de dizer dela o que ela disse de Marina: assim "não dá para ser presidente da República".

Para assistir à gravação, em duas partes, dessa entrevista
com a presidente Dilma Rousseff e candidata à reeleição,
bem como, a transcrição das perguntas e respostas,
clique aqui.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Notas e Informações – Quarta-feira, 24 de setembro de 2014 – Pg. A3 – Internet: clique 

O tempo ruge

Dora Kramer

Os primeiros números da semana vão mostrando que o que se diz das pesquisas não é mero chavão: elas não antecipam o resultado das urnas; limitam-se a informar quais são as intenções do eleitorado em determinado momento.

Na atual campanha já houve diferentes momentos. Primeiro aquele em que a presidente Dilma Rousseff era franca favorita, cenário onde na versão de seu marqueteiro iria reinar "sobranceira" sobre os adversários reduzidos à categoria de "anões".

Depois, a queda acentuada da popularidade sinalizou as dificuldades, mas ainda se vivia a ilusão numérica de que a eleição seria ganha por ela em primeiro turno.

Lá pelo mês de julho, início de agosto as pesquisas indicavam um quadro bem adverso para a presidente. Ainda à frente, mas já com o tucano Aécio Neves apresentando um crescimento razoável para a casa dos 20%, enorme rejeição em São Paulo e situação periclitante no segundo turno. Ao ponto de Eduardo Campos com 8% das intenções de voto aparecer na simulação da etapa final com 30 pontos a mais, adquiridos obviamente no já famoso mau humor.

Em 13 de agosto deu-se a tragédia, Marina Silva assumiu a titularidade da chapa do PSB e o panorama mudou outra vez. De imediato o partido foi para o patamar dos dois dígitos, sem que Aécio perdesse nada. Em seguida Marina deslanchou, o tucano caiu de maneira drástica.

Ela chegou a abrir dianteira de 20 pontos em relação a ele no primeiro turno e a alcançar quase 10 à frente de Dilma no segundo. As forças que já se organizavam em torno do PSDB começaram a se dispersar, a fazer movimentos em direção à ex-senadora e os especialistas chegaram a tirar a seguinte fotografia daquele momento: do jeito que vai, Marina pode ganhar no primeiro turno.

Em seguida, viu-se que não foi. O próximo retrato mostrou o crescimento de Marina Silva estancado. Seja por força da artilharia de grosso (nos dois sentidos) calibre do PT ou pelo arrefecimento do entusiasmo do eleitorado com uma novidade que pode ter passado a ser visto como de pouca consistência, fato é que a onda não evoluiu para dimensões de tsunami.

Até a semana passada ainda não era possível falar em queda da candidata. Havia, antes, uma sinalização forte de resistência. Afinal de contas, com todas as condições a seu favor - inclusive o recurso à mentira contra o qual é impossível combater, dado o caráter abstrato do ataque - a campanha de Dilma Rousseff não havia conseguido derrubar a adversária como o pretendido.

As pesquisas Ibope/Estadão e CNT/MDA de ontem tiram as primeiras fotografia 12 dias antes da eleição e nelas registram o que já se pode chamar de queda de Marina Silva. Com 36% em uma e 38% na outra, Dilma ficou como estava; Aécio confirmou uma discreta recuperação e não avançou. Seu melhor índice é o mesmo: 19% no Ibope.

Mas, Marina descendo de 33% para 27%, na CNT, nem com muito boa vontade é possível ignorar o que significa. No início ganhou muito, depois estacionou e agora viu se reduzirem seus índices de intenções de votos. Se as urnas vão reproduzir esse quadro só as urnas dirão.

O retrato não lhe é favorável. Esses 27% representam exatamente o capital dela [Marina Silva] na última pesquisa, de abril, em que seu nome foi incluído quando nem candidata era. Na ocasião, já estava aliada a Eduardo Campos, o eleitorado havia sido informado que seria sua candidata a vice-presidente e vivia do patrimônio amealhado na campanha de 2010.

De lá para cá Marina esteve afastada da cena, não fez política. Absteve-se no segundo turno, preservou-se para um projeto de partido próprio que não deu certo e agora está de volta ao ponto de partida.

Sua distância de Aécio Neves caiu pela metade. Perdeu a dianteira em relação a Dilma no segundo turno. Ficou mais fácil para a presidente. E para os adversários a decisão está nas mãos do tempo. Que urge e ruge.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Política – Quarta-feira, 24 de setembro de 2014 – Pg. A6 – Internet: clique aqui.

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