«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

"Não sejam bispos com prazo de validade", diz Papa Francisco

Iacopo Scaramuzzi
Vatican Insider
18-09-2014

“Toda reforma autêntica da Igreja de Cristo começa pela presença” e “quando falta o Pastor ou não é possível encontrá-lo, estão em jogo o cuidado pastoral e a salvação das almas”.
Papa Francisco entre bispos - Vaticano

Os bispos não devem ser “apagados ou pessimistas”, mas, pelo contrário, devem cultivar e defender a “Evangelii Gaudium” [alegria do Evangelho]. Não devem ter “data de validade”, como “remédios que perdem a capacidade de curar”. Devem dialogar com as “grandes tradições” nas quais se encontram inseridos, sem necessidade de defender as próprias fronteiras. Que não pensem que devem “mudar o povo”; devem conduzi-lo, introduzi-lo em Deus, sobretudo os jovens e os idosos. Os bispos devem acompanhar os sacerdotes, inclusive aqueles que acabam nas favelas existenciais. Também não devem cair na “tentação” de sacrificar a própria liberdade rodeando-se de “cortes ou coros de consenso”; devem, ao contrário, exercer uma “paternidade” firme e suave. O Papa Francisco dirigiu estes conselhos aos bispos nomeados durante o ano e que recebeu na manhã da sexta-feira, dia 18 de setembro, em audiência.

“Estou muito contente em poder encontrar-me com vocês agora, pessoalmente, porque, na verdade, devo dizer que, de alguma maneira, já conheço vocês”, disse o Papa. “Há não muito tempo, vocês me foram apresentados pela Congregação para os Bispos ou pelas Igrejas Orientais”, prosseguiu Bergoglio. “Conheço os seus currículos e tenho grandes esperanças em suas potencialidades. Agora posso, finalmente, associar o primeiro conhecimento, mediante documentos, aos seus rostos, e depois de ter ouvido falar de vocês, posso ouvir pessoalmente o coração de cada um e fixar o olhar em cada um para descobrir todas as esperanças que Cristo e sua Igreja depositaram em vocês”, disse o Papa, convidando os bispos para “nunca darem como certo” o mistério que os investiu, a “não perder o estupor diante do plano de Deus, nem o temor de caminhar na consciência na sua presença e na presença da Igreja, que é, acima de tudo, sua”.

O Papa Francisco quis dirigir-se com simplicidade aos bispos, sobretudo para refletir sobre alguns temas que lhe interessam, a começar pelo inseparável “vínculo entre a estável presença do bispo e o crescimento do rebanho”. “Toda reforma autêntica da Igreja de Cristo começa pela presença” e “quando falta o Pastor ou não é possível encontrá-lo, estão em jogo o cuidado pastoral e a salvação das almas”. Dizem, prosseguiu Bergoglio, “que depois de anos de intensa comunhão de vida e de fidelidade, inclusive entre os casais as marcas da fisionomia dos esposos gradualmente comunicam-se reciprocamente, e ambos acabam por se parecer”; da mesma maneira, o amor do bispo pela Igreja que lhe foi confiada, “gradualmente permite imprimir a marca de vocês em seu rosto e, ao mesmo tempo, que vocês levem as características da sua fisionomia. Por isso, requer-se a intimidade, a assiduidade, a constância e a paciência”.

Neste sentido, “não servem os bispos felizes na superfície”: “Não sejam bispos, com prazo de validade, que tem necessidade de mudar sempre de endereço, como medicamentos que perdem a capacidade de curar, ou como aqueles alimentos que são jogados fora porque se tornaram inúteis”. Por conseguinte, não servem bispos “apagados ou pessimistas, que, confiados apenas a si mesmos e, portanto, que se renderam à escuridão do mundo ou se resignaram à aparente derrota do bem, gritam em vão que o forte foi atacado. Sua vocação – prosseguiu Bergoglio – não é ser guardiães de uma massa fracassada, mas guardiães da Evangelii Gaudium, e, portanto, vocês não devem se privar da única riqueza que podemos dar verdadeiramente e que o mundo não pode dar-se a si mesmo: a alegria do amor de Deus”.

“Além disso, peço-lhes – prosseguiu Francisco – que não caiam na tentação de mudar o povo. Amem o povo que Deus lhes deu, também quando eles ‘tiverem cometido grandes pecados’, sem jamais se cansar de ‘elevar-se até o Senhor’ para obter o perdão e um novo início”. Devemos “imitar a paciência de Moisés para guiar o povo, sem medo de morrer como exilados, mas consumindo até a última energia, não por vocês, mas para fazer entrar em Deus todos os que guiam. Não há nada mais importante que introduzir as pessoas em Deus! Encomendo-lhes, sobretudo, os jovens e os idosos. Os primeiros porque são nossas asas, os segundos porque são as nossas raízes. Asas e raízes sem as quais não saberíamos o que somos nem para onde devemos ir”.

O Papa dedicou uma reflexão particular aos sacerdotes dos quais cada bispo deve se encarregar: “Há muitos que já não procuram mais saber onde Ele mora, ou que moram em outras latitudes existenciais, alguns em favelas existenciais. Outros, esquecendo a paternidade episcopal ou, talvez, cansados de procurá-la em vão, vivem agora como se já não fossem pais ou acreditam que não necessitam de pais. Exorto-os a cultivar em vocês, Pais e Pastores, um tempo interior no qual possam encontrar espaço para os seus sacerdotes: recebê-los, acolhê-los, escutá-los, guiá-los. Gostaria que vocês fossem bispos acessíveis não pela quantidade de meios de comunicação dos quais dispõem, mas pelo espaço interior que oferecem para acolher as pessoas e suas necessidades concretas, dando a elas a totalidade do ensinamento da Igreja, e não um catálogo de arrependimentos. E que esta acolhida seja para todos, sem discriminação, oferecendo a firmeza da autoridade que faz crescer e a docilidade da paternidade que gera. E, por favor, não caiam na tentação de sacrificar sua liberdade circundando-se de cortes ou coros de consenso, pois nos lábios do Bispo a Igreja e o mundo têm o direito de encontrar sempre o Evangelho que nos liberta. E depois há o Povo de Deus que foi confiado a vocês. Quando, no momento da sua consagração, o nome da sua Igreja foi proclamado, reverberava o rosto de todos aqueles que Deus estava confiando a você”.

“Eu vejo em vocês sentinelas, capazes de despertar as suas Igrejas, levantando-se antes do amanhecer ou no meio da noite para despertar a fé, a esperança e a caridade; sem se deixar atormentar e sem se conformar com a queixa nostálgica de um passado fecundo [...] Cavem ainda mais em suas fontes, com a coragem de remover as incrustações que ocultam a beleza e o vigor de seus antepassados, peregrinos e missionários, que implantaram Igrejas e criaram civilizações”.

“Ao final do nosso encontro – concluiu o Papa – permitam ao Sucessor de Pedro que os olhe profundamente do alto do Mistério que nos une de maneira irrevogável. Hoje, ao ver suas diferentes fisionomias, que refletem a inexaurível riqueza da Igreja espalhada por toda a Terra, o bispo de Roma abraça a Igreja católica. Não é necessário recordar as singulares e dramáticas situações de nossos dias. Quanto gostaria, pois, que ressoasse, através de vocês, em cada Igreja uma mensagem de encorajamento.”

Para ler o discurso do Papa Francisco aos novos bispos na íntegra,
clique aqui.

Tradução de André Langer.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Segunda-feira, 22 de setembro de 2014 – Internet: clique aqui.

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