«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 21 de novembro de 2015

34º Domingo do Tempo Comum – Ano B – Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo – HOMILIA

Evangelho: João 18,33b-37


Naquele tempo:
33b Pilatos chamou Jesus e perguntou-lhe: «Tu és o rei dos judeus?».
34 Jesus respondeu: «Estás dizendo isto por ti mesmo, ou outros te disseram isto de mim?».
35 Pilatos falou: «Por acaso, sou judeu? O teu povo e os sumos sacerdotes te entregaram a mim. Que fizeste?».
36 Jesus respondeu: «O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo,
os meus guardas lutariam para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui».
37 Pilatos disse a Jesus: «Então tu és rei?». Jesus respondeu: «Tu o dizes: eu sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz».

JOSÉ ANTONIO PAGOLA

EXAME DIANTE DO TESTEMUNHO DA VERDADE

Dentro do processo no qual se decidirá a execução de Jesus, o evangelho de João oferece um surpreendente diálogo entre Pilatos, representante do Império mais poderoso da Terra e Jesus, um rei algemado que se apresenta como testemunha da verdade.

Pilatos, justamente, quer, ao que parece, saber a verdade que se encerra naquele estranho personagem que tem diante de seu trono: «És tu o rei dos judeus?». Jesus responderá expondo sua verdade em duas afirmações fundamentais, muito apreciadas pelo evangelista João.

«Meu reino não é deste mundo». Jesus não é rei ao estilo que Pilatos possa imaginar. Não pretende ocupar o trono de Israel nem disputar com Tibério seu poder imperial. Jesus não pertence a esse sistema no qual se move o procurador de Roma, sustentado pela injustiça e mentira. Não se apoia na força das armas. Tem um fundamento completamente diferente. Sua realeza provém do amor de Deus ao mundo.

Porém, Jesus acrescenta em seguida algo muito importante: «Sou rei... e vim ao mundo para dar testemunho da verdade». É neste mundo que ele quer exercer sua realiza, porém de uma forma surpreendente. Não vem governar como Tibério, mas ser «testemunha da verdade» introduzindo o amor e a justiça de Deus na história humana.

Esta verdade que Jesus traz consigo não é uma doutrina teórica. É um chamado que pode transformar a vida das pessoas. Jesus já o havia dito: «Se vos mantiverdes fiéis à minha Palavra... conhecereis a verdade e a verdade vos libertará». Ser fiel ao Evangelho de Jesus é uma experiência única, pois leva a conhecer uma verdade libertadora, capaz de tornar nossa vida mais humana.

Jesus Cristo é a única verdade que é permitida ao cristão viver.

Perguntemo-nos:
  • Não precisamos, na Igreja de Jesus, fazer um exame de consciência coletivo diante da «Testemunha da Verdade»?
  • Atrevemo-nos a discernir, com humildade, o que há de verdade e o que há de mentira em nosso seguimento de Jesus?
  • Onde há verdade que liberta e onde há mentira que nos escraviza?
  • Será que não necessitamos dar passos para maiores níveis de verdade humana e evangélica em nossas vidas, em nossas comunidades e em nossas instituições?
    Joseph Goebbels, autor desta famosa frase,
    foi um político alemão e Ministro da Propaganda na Alemanha nazista de 1933 a 1945

CONTRA A MENTIRA

Não é frequente escutar alguém defendendo o direito do homem à verdade. Alguém pode se perguntar por que não se escutam, em nossa sociedade, gritos de protesto contra a mentira, ao menos, com a mesma força com que se grita contra a injustiça.

Será que não somos conscientes da mentira que nos envolve por todos os lados? Será que quando exigimos justiça nos sentimos somente vítimas e nunca opressores? Será que, para gritar contra a mentira, a hipocrisia e o engano, é necessário viver com um mínimo de sinceridade pessoal?

A mentira é, hoje, um dos pressupostos mais firmes de nossa convivência social. O mentir é aceito como algo necessário tanto no complexo mundo da prática política e da informação social, como na «pequena comédia» de nossas relações pessoais de cada dia.

O homem contemporâneo se vê obrigado a pensar, decidir e atuar evolvido em uma densa névoa de mentira e falsidade. Indefeso diante de um cerco de enganos, inverdades e mentiras ardilosas do qual é difícil libertar-se. Como saber a «verdade» que se oculta atrás das decisões políticas dos diversos partidos? Como descobrir os verdadeiros interesses que se encerram atrás de campanhas e ações perante as quais nos toca defender ou rejeitar? Como atuar com lucidez em meio à informação deformada, parcial e interessada que diariamente nos vemos obrigados a consumir?

Alguém dirá que a mentira é necessária para agir com eficácia na construção de uma sociedade mais livre e mais justa. Porém, realmente, há alguém que possa garantir que estamos fazendo um mundo mais humano quando, a partir dos centros de poder, se oculta a verdade, quando entre nós se utiliza a calúnia para destruir o adversário, quando se obriga as massas simples para serem protagonistas de sua história a partir de uma situação de engano e ignorância?

No fundo de todo ser humano há uma busca pela verdade e dificilmente se construirá algo verdadeiramente humano sobre a mentira e a falsidade. Na mensagem de Jesus há um convite para se viver na verdade perante Deus, perante si mesmo e perante os outros. «Eu vim para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta minha voz» (João 18,37). Não é absurdo que se volte a escutar em nossa sociedade aquelas palavras inesquecíveis de Jesus, que são um desafio e uma promessa para todo ser humano que busca, sinceramente, uma sociedade mais humana: «A verdade vos libertará» (João 8,32).

Traduzido do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: Sopelako San Pedro Apostol Parrokia – Sopelana – Bizkaia (Espanha) – J. A. Pagola – Ciclo B (Homilías) – Internet: clique aqui.

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