«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

CLIMA: ESTE É O DESAFIO DO MILÊNIO ! ! !

Mundo vai a Paris por acordo do clima

Giovana Girardi

País chega à conferência com desafio de mudar modelo de desenvolvimento
Mais de 10.000 sapatos, incluindo pares enviados pelo papa Francisco,
cobriram parte da praça da República de Paris para simbolizar a impossibilidade
de organizar manifestações na cidade por ocasião da Cúpula do Clima (COP21) por causa da ameaça terrorista
(Foto: Eric Gaillard/Reuters)

Chefes de governo e de Estado, ministros e diplomatas de 195 países do mundo se reúnem a partir deste domingo, 29 de novembro, em Paris, para tentar fechar um acordo global que busque evitar uma mudança catastrófica no clima do planeta.

Grosso modo, essa é a expectativa que se tem da 21ª Conferência do Clima da ONU – que garanta, em um documento, um futuro climático seguro para todos que estiverem por aqui nas próximas décadas e séculos.

Na prática, porém, o resultado da conferência deverá ser mais um ponto de partida que um ponto final. A questão complexa se desenrola em metas de redução de emissões de gases de efeito estufa, em transferência de tecnologia, em financiamento. E em resolver velhos atritos entre países desenvolvidos e em desenvolvimento.

Porque a crise das mudanças climáticas pode ser global, mas as soluções, assim como as consequências da inação, são em sua maioria locais.

Os temas abordados se relacionam com as metas apresentadas pelo Brasil em sua INDC (sigla em inglês para o conjunto de intenções que os governos apresentaram como contribuição à Conferência de Paris). O País se propôs a reduzir suas emissões em 37% até 2025 e em 43% até 2030, com base nos valores de 2005. Para conseguir isso, entre outras ações, o governo promete:
  • zerar o desmatamento ilegal na Amazônia até 2030,
  • reflorestar 12 milhões de hectares e
  • aumentar a participação de fontes renováveis (excluídas a hidráulica) na matriz elétrica para 23%.

ESTAS SÃO AS METAS COM AS QUAIS O BRASIL ESTÁ SE COMPROMETENDO

Contribuição histórica

As reportagens mostram que na ponta onde as questões têm de ser resolvidas, os desafios não são poucos. Na Amazônia, por exemplo, apesar de ter ocorrido uma redução de 82% no desmatamento entre 2004 e 2014, a taxa da perda florestal se estabilizou em cerca de 5.000 km² por ano (3,3 vezes o tamanho da cidade de São Paulo). A taxa mais recente, de agosto de 2014 a julho de 2015, apresentou uma alta de 16% em relação ao ano anterior, chegando a 5.831 km². O número é considerado incômodo para o Brasil apresentar na COP, uma vez que ele representa mais emissões. O governo federal trabalha com uma estimativa de que pelo menos 60% disso é ilegal, mas só Mato Grosso considera que a ilegalidade é de cerca de 90%.

O Estado liderou neste ano o desmatamento na Amazônia e tanto o governo local, quanto Ibama e ONGs que atuam no Estado relatam dificuldades para baixar essa taxa.

A saída para resolver as emissões do desmatamento legal que vai poder continuar existindo (o Código Florestal assegura a supressão vegetal de 20% do terreno de propriedades privadas na Amazônia), na proposta do governo, é fazer o reflorestamento de 12 milhões de hectares. Altos custos e resistência de proprietários, como observado em Mato Grosso, também devem dificultar o alcance dessa meta – que muitos especialistas em uso da terra ainda dizem ser aquém do necessário.

De 1990 a 2014, período para o qual há cálculos das emissões brasileiras, o País lançou na atmosfera 59,6 gigatoneladas (Gt) de CO-equivalente. O desmatamento da Amazônia respondeu sozinho por 41% deste total (20,4 Gt COe).

Se a meta de zerar o desmatamento for alcançada e outras ações para diminuir as emissões da pecuária forem tomadas, a preocupação se volta para a energia. A expectativa dos especialistas é que para 2030 o setor passe a responder por 50% das emissões anuais do País. Em 2014, já foi responsável por 30,7%, pela primeira vez superando a pecuária no posto de segundo maior emissor, e colando no desmatamento, que mantém a liderança, com 31,2% das emissões. Os dados são do mais recente levantamento do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg).

Contribuição futura

Historicamente celebrado por ser um dos países com a matriz elétrica mais limpa, por conta da forte presença de hidrelétricas, que não poluem (em oposição a térmicas movidas com combustíveis fósseis, comuns na maioria do mundo), o Brasil não vinha se preocupando muito com as emissões de energia. Não quando o problema gritante era o desmatamento.

Mas nos últimos quatro anos, o cenário começou a mudar. Sucessivas crises hídricas têm levado a um maior acionamento de termoelétricas no Brasil. Aqui não usamos carvão, o pior dos fósseis, como é comum na China, mas óleo combustível e gás natural ainda assim são poluentes. Com isso a emissão no Brasil do setor aumentou 171% de 2011 a 2014.

Com o crescimento populacional nos próximos anos e uma eventual retomada do crescimento econômico, vai aumentar a demanda por energia, não só a elétrica, como a de combustíveis para transporte. Para não ter um aumento de suas emissões totais, o País precisa aumentar a oferta de fontes renováveis.

Especialistas alertam que, apesar da meta de aumento da participação das renováveis (dos 9,9% atuais para 23% até 2030), o Brasil ainda tem previsão de concentrar a maior parte dos seus investimentos energéticos em combustíveis fósseis. O Plano Decenal de Energia prevê 71% dos investimentos em combustíveis fósseis e apenas 14% para novas fontes renováveis.

No Nordeste, por exemplo, observamos a expansão das usinas eólicas, mas o setor de energia solar ainda patina. Porque falta uma política orientada para facilitar sua ampliação.

Em comum a todas as histórias – de Micolinos, Neuris, Edivaldos, Cíceros, do Norte e do Sul do País – está o fato de que para o Brasil fazer sua parte na luta contra as mudanças climáticas, vai ter de mudar também seu modelo de desenvolvimento. E ainda tem muitos obstáculos a superar. 

Desmatamento: um vilão histórico

Giovana Girardi

Fazendeiros que colonizaram Estado de Mato Grosso começam a refazer área de floresta para preservar nascentes, mas resistem a reconstruir a reserva legal

Era 1971. Amândio Micolino, então com 40 anos, sonhava em ter cem cabeças de gado. Mas a terrinha de 15 hectares em Tenente Portela, no Rio Grande do Sul, não tinha condições para isso. Enquanto dava para plantar, porém, ele e a família se davam por satisfeitos. “A partir do momento em que precisou pôr calcário, veneno, adubo, aí apertou. Não dava mais para viver. Foi quando surgiu o plano do (pastor e pequeno produtor) Norberto Schwantes de tirar a gente de lá e trazer para Mato Grosso”, conta.

Micolino não pensou duas vezes. Trocou sua terra e uma casa que tinha acabado de construir, e ainda cheirava à tinta, por uma área de 475 hectares, apesar dos protestos da mulher, que só fazia chorar quando chegou naquele norte que não tinha nada. Tem certeza que fez um bom negócio. “O hectare da terra no Rio Grande custava mais de mil cruzeiros e em Mato Grosso, 12”, recorda. No auge de sua produção, chegou a ter 480 cabeças de gado.
O fazendeiro Amandio Micolino foi um dos primeiros colonizadores
que saíram do Sul do País para “desbravar” o Norte.
Arrependido, ele reflorestou parte da floresta de sua propriedade
(FOTO: Tiago Queiroz/Estadão)

No total, cerca de 2 mil famílias embarcaram no plano. Uma das cidades que construíram foi batizada de Canarana, nome do que era considerado o melhor capim da região. “Lembrava Canaã, a terra prometida. E aqui se plantando, tudo dá”, contou posteriormente Schwantes, no filme "Os Homens do Presidente (ou Plante que o João Garante)", de Paulo Rufino, de 1984, repetindo o bordão de Pero Vaz de Caminha.

Assim começava uma das primeiras histórias de colonização do Norte do País por fazendeiros do Sul. Um processo que culminaria em transformar o Mato Grosso no maior produtor de grãos do País, e também num dos campeões de desmatamento da Amazônia.

De acordo com o último levantamento do Prodes, o sistema de monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que fornece as taxas oficiais de perda anual da floresta, Mato Grosso, Rondônia e Amazonas foram os três Estados a concentrarem o aumento de 16% no corte raso registrado para o bioma entre agosto de 2014 a julho de 2015. Entre eles, Mato Grosso foi o líder, registrando a derrubada de 1.508 km² – quase 26% do total desmatado no ano na Amazônia Legal. No acumulado histórico, o Inpe calcula que foi perdido no Estado cerca de 40% da área de floresta.

Na divulgação dos dados na última quinta-feira (26 de novembro), a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, se disse surpresa com o avanço porque a maior parte das terras no Estado é de proprietários particulares (e não de terras sem dono – como ocorre no Pará, ainda o líder de desmatamento em área absoluta –, que são em teoria mais fáceis de escapar de uma multa porque não há um responsável pelo local). E a maioria do produtores, segundo Izabella, já fez o Cadastro Ambiental Rural (CAR), instrumento adotado na revisão do Código Florestal, em 2012, com o propósito justamente de conter o avanço do desmatamento.

No campo, porém, a situação é mais complicada, explicam organizações não-governamentais que atuam no Estado. De acordo com Alice Thualt, diretora adjunta do Instituto Centro de Vida (ICV), ainda há uma lentidão na implementação do Código Florestal.

“Isso coloca o produtor rural e o assentado em uma situação de não saber muito bem o que vai acontecer, quando e como vai ser a validação do Cadastro Ambiental Rural (CAR). Isso tudo cria incerteza quanto às regras do jogo, que faz com que nessas regiões não se tenha Estado. Então as pessoas acham que podem apostar na ilegalidade”, afirma. “Essa taxa de desmatamento que a gente tem hoje lembra muito um tempo que a gente achava que já tinha passado”, complementa. O valor atual é o mais alto desde 2008.

Os dados sugerem que as metas do governo para conter as emissões de gases estufa, cuja principal fonte historicamente foi o desmatamento da Amazônia, podem ficar comprometidas. O plano é chegar a 2020 com uma taxa anual de 3.925 km² e zerar o desmatamento ilegal até 2030.

Para Andrea Azevedo, diretora-adjunta do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), há esse risco se não houver uma mudança na forma de combate ao problema e a criação de incentivos para se manter a floresta em pé. A ilegalidade só em Mato Grosso, segundo admite a Secretaria de Meio Ambiente, é de 90%. “O governo do Estado tem de dar uns sinais claros de que não tolera ilegalidade, mas não é para 2030, é a partir de agora, de 2016”, diz Andrea.
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Município de Braz Norte (MT) com mais de 117 hectares de área queimada ilegalmente.
Exemplo de descaso com o meio-ambiente e confiança na impunidade!

Sensação de impunidade

O ideal, portanto, é impedir o avanço antes de a degradação da área estar instalada. Uma das linhas de fiscalização é agir na primeira ponta, com os madeireiros, que sempre estão um passo à frente. Uma das estratégias deles, quando é feita uma apreensão, é dar um jeito de boicotar o caminhão para que ele não possa ser movido. Tiram câmbio, pneus, até o motor. Se perder a madeira para o Ibama é ruim para os criminosos, pior ainda é perder caminhões ou os tratores usados para derrubar a floresta.

Na operação acompanhada naquela noite pela reportagem, a equipe deteve 4 caminhões, com 44 toras de madeira, duas motos e seis pessoas durante operação de apreensão de madeira ilegal em fazenda perto de Feliz Natal. Um fugiu, depois de jogar o caminhão na mata.

Alguns fatores parecem ter colaborado com o aumento do desmatamento no Estado este ano. Por um lado, relataram os fiscais do Ibama, uma lei estadual que autoriza a limpeza de pasto (já consolidado), tem sido usada como desculpa para “esquentar” um desmatamento ilegal. Pode ser o caso que vimos no assentamento, já que havia sementes de capim espalhadas. A artimanha seria contratar um engenheiro para fazer um laudo atestando que aquilo ali, alguns anos antes, era um pasto abandonado onde algumas árvores tinham crescido de novo. Em vez de uma nova área de floresta derrubada.

Por outro lado, suspeita-se que a obrigatoriedade de fazer o Cadastro Ambiental Rural tem levado muito proprietário de terra a desmatar um pouco mais antes de se registrar e computar a nova área como se fosse um velho desmatamento.

São artifícios que, ao serem confrontados com imagem de satélite, caem por terra, porque nas imagens é possível ver quando foi o corte e qual era o status da área antes. Mas até aí, o estrago já foi feito. E muitos agem acreditando que simplesmente vão sair impunes.

Elaine Corsini, secretária adjunta de Meio Ambiente do MT, reconhece que isso está acontecendo. “O produtor pensa: ‘Ah, na hora que eu entrar no CAR não consigo mais desmatar nada, então eu vou fazer antes’. E ele esquece de avaliar que todo desmatamento depois de 2008, se não for em área passível, ele vai ter que recompor. Vai ter que plantar, e o custo é muito maior, mas é uma estratégia. Vai que dá certo, vai que não chega em mim, né? Vai que eu consigo passar e isso fica pra trás, eles pensam.”

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Um outro problema no Estado veio à tona quando foram anunciados os números do Prodes. De acordo com Izabella, uma regra estadual criada neste ano, que concede autorizações provisórias de funcionamento para propriedades rurais, estaria sendo mal utilizada. Ela citou dois casos de fazendeiros que tiveram suas áreas embargadas por desmatamentos ilegais, conseguiram a autorização provisória, usaram-na para pedir o desembargo e depois voltaram a desmatar. O Ibama iniciou uma investigação sobre esse procedimento e a superintendência de Mato Grosso, incluindo Keynes, deve ser exonerada.

Ele não foi localizado pela reportagem para comentar o caso. Jair Schnitt, coordenador geral de fiscalização ambiental do Ibama, afirmou que esse não é o único e talvez nem o principal responsável pelo aumento do desmatamento, mas favorece a sensação de impunidade. “O que está por trás disso é a percepção de que sempre dá jeito, sempre é possível regularizar um desmatamento ilegal. Mesmo quem não teve essa autorização, fica com uma expectativa de que vai ter uma nova regra que vai permitir ajustar as coisas.”

Elaine afirma que o aumento [do desmatamento] é um problema muito mais das pequenas propriedades, que ainda, segundo ela, ainda não encontraram alternativas de ter ganhos financeiros sem desmatar, do que das grandes. Para a secretária adjunta, os grandes já conseguiram se desvincular da noção de que é preciso abrir mais terras para o plantio.

O Clima Global

Giovana Girardi
Pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) e do Instituto de Pesquisas da Amazônia (Ipan)
monitoram em instalações da Fazenda Tanguro, na cidade de Canarana (MT),
mudanças na temperatura e na umidade provocadas pela conversão de florestas em pastos
ou plantações de soja.
(Foto: Tiago Queiróz/Estadão)

Mas o que realmente pode se dizer que já está acontecendo no Brasil que seja provocado pelas mudanças climáticas? Faça essa pergunta a um climatologista e espere uma careta. É que essa é uma questão complexa, que não tem exatamente o exemplo A, B e C. Mais comum é ouvir: A mudança climática não vai trazer nenhum problema novo que a gente nunca viu, mas vai agravar aqueles conhecidos de todos nós e com os quais a gente ainda não sabe lidar muito bem, como secas e inundações. E vai aumentar a variação e a frequência desses extremos.

Na semana que passou, a Organização Meteorológica Mundial anunciou que, faltando pouco mais de um mês para o ano acabar, 2015 já bateu o recorde de ano mais quente da história. Com a elevação, provavelmente o planeta já atingiu a marca de temperatura média 1°C mais quente que a observada em períodos pré-Revolução Industrial.

“É normal que exista variabilidade entre anos de seca e de chuva, mas coloque 1°C a mais sobre isso. Se muda a média, aumentam os extremos”, resume Brando. Ele cita como exemplo as secas históricas na Amazônia de 2005 e 2010. “Não necessariamente foram causadas pelas mudanças climáticas, mas o clima mais quente provavelmente deixou esses eventos mais intensos”, complementa.

O mesmo vale dizer, por exemplo, sobre a seca inédita que atingiu o sistema Cantareira no último verão, ou a seca que já dura quatro anos no Nordeste.

O que ocorre a cada cem anos, como a seca do Sudeste em 2014, no futuro vai ser mais comum. Não sabemos qual será a frequência de repetição, mas teremos mais rapidez de alternância para os dois lados, seco e chuva, e vamos ter de aprender a lidar com isso”, afirma o climatologista Carlos Nobre, presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
NORDESTE BRASILEIRO
Será uma das regiões que mais experimentará aumento da temperatura, seca e desertificação

As modelagens climáticas para o Brasil apontam também um risco de intensificação do processo de desertificação pelo qual passam hoje cinco regiões do Nordeste: em Pernambuco, Piauí, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. É o que explica o climatologista José Marengo, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). “A desertificação é um processo de degradação ambiental, que pode ser agravado pela mudança de clima. Por exemplo, pela redução ou sumiço das chuvas. Os núcleos de desertificação estão em áreas semiáridas, onde as projeções dos modelos mostram condições futuras de aridificação, ou seja, evapotranspiração maior que precipitação e isso eventualmente pode levar a desertificação.”

Algumas ondas de calor – evento que ganhou as notícias neste ano na Índia e na Europa –, também já foram observadas no Brasil. Em fevereiro de 2010, uma mistura de temperaturas acima de 39°C e umidade do ar abaixo de 21% levou à morte 50 pessoas na Baixada Santista.

A referência é que dias seguidos com temperaturas acima de 35°C, em que a mínima não baixa a menos de 21°C, e com umidade de 100% podem aumentar os riscos de enfartes, especialmente em quem tem problemas cardíacos e em idosos. No futuro, as modelagens climáticas apontam que regiões Norte e Nordeste devem ser as mais afetadas por ondas de calor.

“Assim como vários outros eventos, esse também acontece de vez em quando, é normal. Mas com o planeta 1°C mais quente, tende a ficar mais grave”, explica Nobre. As metas que os países estão levando para a Conferência do Clima de Paris deixam o mundo no trilho de ficar pelo menos mais uns 2°C mais quente, além desse 1°C, até o final do século. “Isso vai diminuir o limiar que as pessoas poderão suportar ao ar livre”, complementa.

Para ter acesso a mais informações, infográficos e ótimos vídeos,
clique aqui.

Fonte: ESTADÃO.COM.BR – Desafios do clima: Às vésperas da COP; Um vilão histórico; Mais quente e seco; Sol, vento e o futuro – Domingo, 29 de novembro de 2015 – Internet: clique aqui.

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