«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

O QUE VEM DE NOVO POR AÍ... NA POLÍTICA?

“PT x rapa” não vale mais

José Roberto de Toledo

Chegam a 70% os que têm opinião desfavorável sobre o PT 
Os tucanos (PSDB) contra os da estrela vermelha (PT):
essa polarização parece estar com os dias contados.
A conferir!

Há uma mudança radical em curso na política brasileira. Ela ainda não se verificou nas urnas e, por isso, deve ser tratada como hipótese a ser provada. Mas todas as pesquisas de opinião mostram que a polarização PT x anti-PT não é mais o único campo no qual se luta pelo poder no Brasil. A nova arena eleitoral terá mais e novos atores disputando o papel de protagonista que antes era reservado necessariamente a um petista. A eleição de 2016 porá a hipótese à prova, com chances de elevá-la a tese.

Duas novas pesquisas – uma delas revelada aqui em primeira mão – reforçam essa suspeita. Segundo levantamento inédito do Ibope, apenas 12% dos eleitores brasileiros declaram-se hoje simpatizantes do PT. É a mais baixa taxa de petismo verificada pelo instituto desde 1989. Perante a opinião pública, o partido regrediu para onde estava antes de protagonizar a primeira de sete eleições presidenciais consecutivas. Com sérios agravantes.

Segundo o Ibope, 70% dos brasileiros revelam hoje uma opinião mais negativa do que positiva sobre o PT. Em apenas um ano, quem tem uma imagem “muito desfavorável” do partido triplicou de 11% para 30%, e os que declaram que ela é “desfavorável” (sem o “muito”) foram de 35% para 40%. Entre outubros de 2014 e 2015, a visão “muito favorável” ao PT caiu de 7% para 3%, e a “favorável” despencou de 34% para 20%. O restante não respondeu.

De quebra, o PT perdeu a exclusividade como partido mais lembrado. Com seus 12%, está tecnicamente empatado com PMDB e PSDB, ambos com 10% de simpatizantes declarados ao Ibope. Apesar de terem chegado aos dois dígitos, os tucanos não têm muito a comemorar. Desde 2014, cresceu a sua impopularidade. As opiniões desfavoráveis ao PSDB aumentaram de 45% para 50%, enquanto as favoráveis caíram de 36% para 31% (além de 19% sem resposta).

O PT não acabou nem vai acabar. Porém, após 25 anos de ascensão contínua, o partido entrou em rápida decadência. Todas as tensões acumuladas ao longo de 13 anos de domínio federal foram liberadas de uma vez só. Os últimos grãos de areia que provocaram a avalanche de impopularidade foram a Lava Jato e a crise econômica. Soterrado, o PT é mais uma das siglas na sopa de letrinhas partidárias.

Os petistas argumentam que ainda não perderam uma eleição importante. Mas o histórico sobre preferência partidária do Ibope somado à mais recente pesquisa eleitoral do Datafolha em São Paulo mostram que isso parece ser questão de tempo.

Os meros 12% de intenção de voto do prefeito petista Fernando Haddad não são tão surpreendentes quanto o perfil de quem está declarando voto nele – e o de quem não está. Desde 1988, o PT só ganha eleição em São Paulo quando consegue a maioria dos votos na periferia pobre da cidade. Haddad, entretanto, vai três vezes melhor entre os mais ricos do que entre os mais pobres.

Perdeu a periferia para Celso Russomanno (disparado com 34%) e para Marta Suplicy (13%). Nem mesmo dentre os cada vez mais raros paulistanos que se declaram simpatizantes do PT, reduzidos a 11%, Haddad consegue superar Russomanno e Marta.
Tem 22% entre eles, contra 33% e 25%, respectivamente. A ex-prefeita não terá os votos de seus vizinhos nos Jardins e outros bairros ricos. Mas subtrai eleitores pobres que elegeram Haddad em 2012.

Mesmo assim, não é impossível que o atual prefeito se reeleja. No 1.º turno, basta que ele fique em segundo lugar (onde, tecnicamente, já está). No 2.º, como de hábito, o paulistano escolherá o menos pior. Quem tiver menos rejeição leva. Com Russomanno, Haddad, Marta e companhia, será uma loteria.

A testar nas urnas, o que Datafolha e Ibope sugerem é que cada vez menos eleições no Brasil continuarão sendo um embate do PT contra a rapa. Muito menos um duelo entre petistas e tucanos. Novas metáforas virão.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Política – Quinta-feira, 5 de novembro de 2015 – Pg. A8 – Internet: clique aqui.

POR QUE ESTAMOS ASSIM?

Um legado do lulopetismo

Editorial

Não deveria espantar a projeção, publicada pelo [jornal] Estado, de que 3,3 milhões de famílias que haviam chegado à classe C entre 2006 e 2012 farão o caminho de volta para a base da pirâmide até 2017. Também não deveria causar surpresa a previsão segundo a qual o PIB per capita brasileiro terá em 2020 o mesmo nível de 2010, afetando drasticamente o padrão de vida da festejada “classe média emergente”. Trata-se da confirmação das advertências que há tempos vêm sendo feitas a respeito da fragilidade dessa ascensão social, tratada na última década pelo governo petista como a prova do acerto de sua política econômica.

Em meio a uma recessão que promete ser longa e dolorosa, ficaram claros os erros grosseiros dessa política, em especial aqueles que arrebentaram as contas públicas em nome do assistencialismo travestido de redistribuição de renda e que construíram a tal “nova classe média” com base exclusivamente no aumento do poder de consumo, garantido pelo crédito farto que só existia em razão da conjuntura externa favorável. Na época de ouro do lulopetismo, no entanto, quem quer que ousasse apontar a vulnerabilidade dessa nova classe média era logo classificado de “pessimista” – ou, pior, inimigo do povo.

No décimo aniversário do Bolsa Família, em outubro de 2013, quando a tempestade que se aproximava ainda era confundida com chuva de verão, o ex-presidente Lula caprichou na retórica divisiva [que provoca divisão], atribuindo as críticas à política petista a uma certa “elite” incomodada pela “ascensão do pobre”. “O cidadão vai para o aeroporto, chega lá e vê a empregada dele com a família no avião, pegando o lugar dele. Eu sei que é duro”, discursou Lula. No mesmo embalo, durante a campanha de 2014, a presidente Dilma Rousseff disse que “33 milhões viajaram de avião em 2002, hoje são 113 milhões e, em 2020, serão 200 milhões” – algo que, segundo ela, “incomoda muita gente”.

Ao final de 2015, o sonho da classe C que viaja de avião se transformou no pesadelo dos pobres que mal conseguem pagar a passagem de ônibus para ir atrás de um emprego. “Estamos vivendo, infelizmente, o advento da ex-nova classe C”, resumiu o economista Adriano Pitoli, responsável pelo estudo da Tendências Consultoria Integrada que mediu o impacto da crise nessa faixa socioeconômica.

A pesquisa levou em conta uma projeção segundo a qual a economia deverá recuar 0,7% ao ano entre 2015 e 2017 e a massa real de rendimentos cairá 1,2% ao ano, ao mesmo tempo que o desemprego deverá chegar a quase 10%. Nesse cenário de dificuldades, emergem os problemas estruturais que tornam difícil para os que chegaram à classe C lá permanecer:
  • baixa escolaridade, que limita a possibilidade de obter empregos de melhor remuneração;
  • acesso a trabalho apenas no mercado informal, com escassa proteção social; e
  • nenhuma poupança, já que, graças ao estímulo oficial ao consumo, a pouca renda acabou sendo comprometida integralmente na aquisição de bens, geralmente por meio de forte endividamento.

A situação calamitosa da economia afeta especialmente a base da pirâmide, mas será sentida em quase todas as outras faixas de renda. “É uma década perdida em termos de padrão de vida”, disse ao jornal Valor o pesquisador Armando Castelar, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre-FGV).

E a perspectiva é sombria para os próximos anos: segundo o economista Antonio Corrêa de Lacerda, também ouvido na reportagem, o PIB per capita em dólares deve cair de US$ 11.566 em 2014 para US$ 8.490 neste ano e para US$ 7.900 em 2018. Isso significa que a renda dos brasileiros estará cada vez mais distante do padrão de países desenvolvidos – mesmo aqueles que enfrentam brutais dificuldades, como a Grécia, cujo PIB per capita é de US$ 21.682.

Esse é, pois, em resumo, um dos grandes legados do lulopetismo, que será sentido por gerações, e que só poderá ser superado por meio de uma grande mobilização nacional em torno de um projeto de país radicalmente distinto das fantasias irresponsáveis criadas por Lula e companhia bela.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Notas e Informações – Quarta-feira, 4 de novembro de 2015 – Pg. A3 – Internet: clique aqui.

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