«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

domingo, 1 de novembro de 2015

QUEM SUBIU, AGORA, CAI NA PIRÂMIDE SOCIAL!

Crise joga 3 milhões de famílias da Classe C
de volta à base da pirâmide

Márcia De Chiara e Anna Carolina Papp

No auge do boom do consumo, entre 2006 e 2012, 3,3 milhões de famílias da Classe D/E subiram um degrau na escala social, mas agora um número quase igual deve fazer o caminho inverso, segundo a consultoria Tendências 
A "NOVA" CLASSE C
Experimenta um recuo em sua renda e uma diminuição da possibilidade de acesso a:
moradia melhor, eletrodomésticos, faculdade para o(s) filho(s) etc.

A recessão derrubou parte da nova classe média, a população da classe C, para a base da pirâmide social. Entre 2006 e 2012, no boom do consumo, 3,3 milhões de famílias subiram um degrau, das classes D/E para a classe C, segundo um estudo da Tendências Consultoria Integrada. Eles começaram a ter acesso a produtos e serviços que antes não cabiam no seu bolso, como plano de saúde, ensino superior e carro zero. Agora, afetadas pelo aumento do desemprego e da inflação, essas famílias começam a fazer o caminho de volta.

De 2015 a 2017, 3,1 milhões de famílias da classe C, ou cerca de 10 milhões de pessoas, devem cair e engordar a classe D/E, aponta o estudo. “A mobilidade que houve em sete anos (de 2006 a 2012) deve ser praticamente anulada em três (de 2015 a 2017). Estamos vivendo, infelizmente, o advento da ex-nova classe C”, diz o economista Adriano Pitoli, sócio da consultoria e responsável pelo estudo.

Para projetar esse número, Pitoli considerou que, entre 2015 e 2017, a economia deve recuar 0,7% ao ano; a massa real de rendimentos, que inclui renda do trabalho, Previdência e Bolsa Família, vai cair 1,2% ao ano, e o desemprego deve dar um salto, atingindo 9,3% da população em idade de trabalhar em dezembro de 2017 – o maior nível em 13 anos. Segundo o estudo, a classe C é formada por famílias com renda mensal entre R$ 1.958 e R$ 4.720 e a classe D/E por aquelas com rendimento mensal de até R$1.957.

“É a primeira queda da classe C em número de famílias desde 2003 e o primeiro ano de crescimento expressivo da classe D/E”, diz Pitoli. Só neste ano, a classe D/E vai ser ampliada em cerca de 1,5 milhão de famílias; em 1,1 milhão em 2016 e em 454 mil em 2017. “Grande parte dessas famílias está fazendo o caminho de volta, vieram da classe C”, diz Pitoli. Mas ele pondera que outra parcela é de novas famílias formadas dentro da própria classe D/E.

O economista diz que as pesquisas do IBGE, base da projeção, não permitem saber quanto é cada parcela, uma vez que a instituição não acompanha família a família. “Mas, naturalmente, a mudança de composição tem a ver com as migrações (de uma classe para outra).”

Para o economista Mauro Rochlin, professor de MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV), os fatores que estariam levando parte das famílias de classe C a retornar ao estrato de origem são:
  • a alta impressionante no número de desempregados,
  • o fechamento de vagas,
  • o salário médio real que parou de subir e
  • o crédito mais caro e restrito.

“Tudo isso conspira a favor da ideia de que estaria havendo essa migração.”
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Maurício de Almeida Prado, sócio-diretor do Plano CDE, consultoria com foco na baixa renda, aponta que a faixa mais vulnerável à recessão é a baixa classe C, uma vez que 50% dela estão na informalidade. “A classe média baixa tem maior risco de voltar atrás. Ela tem pouca escolaridade, sente muito a queda da economia pelo emprego informal, quase nenhuma poupança e uma rede de contatos limitada para obter emprego.”

Na prática

Myrian Lund, professora da FGV e planejadora financeira, que orienta por meio de um site famílias que precisam reestruturar as finanças, diz que a perda de poder aquisitivo da classe C afeta tanto empregados como desempregados. No caso dos empregados, ela diz que estão muito endividados, pois pegaram empréstimo com desconto em folha (consignado). Apesar de o juro dessa linha de crédito ser menor, hoje a prestação do financiamento está pesando mais no bolso dessas famílias, já que, em meio à recessão, o salário não terá aumento acima da inflação.

Para Prado, da Plano CDE, ainda que essas famílias tenham queda de renda, elas configuram uma classe baixa diferente, pela experiência adquirida com a ascensão. “É um novo tipo de classe baixa: mais conectada, escolarizada e de certa forma até mais preparada.”

Fonte: O Estado de S. Paulo – Economia & Negócios – Domingo 1 de novembro de 2015 – Pg. B1 – Internet: clique aqui.

Consumo não deve puxar a retomada

Márcia De Chiara e Anna Carolina Papp

No auge da mobilidade social, consumo cresceu o dobro do PIB, movimento que não deve se repetir agora, de acordo com consultor

O grande impulso na mobilidade social da classe D/E para a classe C que houve entre 2006 e 2012, baseado no consumo, não deve se repetir quando a economia brasileira voltar a crescer. Isso porque o motor da retomada provavelmente deve ser o setor externo, que não beneficia tanto os trabalhadores menos qualificados das classes de menor renda.

“Mesmo quando a economia voltar a crescer – e não sabemos quando será –, não há nenhuma possibilidade de ter o consumo como motor da atividade”, prevê o sócio da Tendências Consultoria Integrada, Adriano Pitoli. Ele explica que no auge da mobilidade social o consumo cresceu 7,8% em média, praticamente o dobro do avanço do Produto Interno Bruto (PIB) no mesmo período. A classe C foi a mais beneficiada, com a massa total de renda dessas famílias aumentando 78% acima da inflação, ante 50% de avanço registrado pela média da população no mesmo período.

Nessa fase, a atividade econômica foi fortemente puxada pelo consumo, varejo e o setor de serviços, que empregam muita mão de obra de menor qualificação, formada principalmente pelas classes C e D/E. É a manicure, que trabalha no setor de serviços, e viu seu rendimento aumentar. Ela foi às compras e adquiriu eletrodomésticos e outros bens duráveis, beneficiada também pelo crédito farto e barato, por exemplo.

Virada

“Mas, agora o jogo virou”, diz o economista. Em 2014, o PIB cresceu só 0,1%, a renda subiu 1,8% e as vendas no varejo ampliado caíram 1,7%. “Este ano será um terror”, prevê. O PIB pode cair 2,8% ou até mais, a renda deve recuar 4% e as vendas no varejo ampliado podem cair 8,6%, calcula.

Entre 2016 e 2020, o sinal pode voltar a ser positivo, mas tanto o PIB como a renda e o consumo vão crescer no mesmo ritmo, cerca de 1,3% ao ano, prevê. “Quando voltarmos a crescer, vamos avançar pouco e o consumo vai crescer tão pouco quanto o PIB, na melhor hipótese.”

[Eis o ponto fraco da melhoria econômica produzida pelo governo petista: Lula e Dilma]:

Na análise do economista, a ascensão social ocorreu em bases muito frágeis, impulsionada pelo boom do consumo. Nesse período, o Brasil:
  • fez poucas reformas,
  • investiu pouco em educação e produtividade.
  • Por isso, não há bases sólidas para que o processo de mobilidade social persista no tempo.

“Quando a crise passar, o ritmo de mobilidade será muito mais modesto.”

Além disso, a retomada provavelmente deve ser puxada pelo setor exportador, que dissemina o crescimento da renda e do emprego em setores da economia como a indústria, que emprega trabalhadores de maior qualificação e renda.
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Além da renda, pesquisas também avaliam bem-estar

O estudo da consultoria Tendências avalia a estratificação social com base na renda das famílias. Mas há outras metodologias, como o Novo Critério Brasil, que consideram aspectos relacionados ao bem-estar, como educação, moradia, acesso a serviços públicos e posse de bens.

“O critério que usamos para classificar as famílias não depende do consumo, mas de variáveis mais estáveis, por isso não estamos esperando mudanças significativas para este ano”, afirma Luis Pilli, conselheiro da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa.
“Uma coisa é a pessoa atrasar a parcela do carro, outra é devolver o veículo.” Por esses critérios, diz Pilli, “demora um pouco mais para que a crise afete significativamente a distribuição do nível socioeconômico”.

Para Renato Meirelles, sócio-diretor do instituto Data Popular, não é possível traçar cenários quanto à migração da classe C para a D/E. “O Brasil está muito instável.”

Fonte: O Estado de S. Paulo – Economia & Negócios – Domingo, 1 de novembro de 2015 – Pg. B3 – Internet: clique aqui.

Sonhos de consumo ficam mais distantes

Márcia De Chiara e Anna Carolina Papp

Plano de saúde, faculdade, carro zero-quilômetro e até itens de alimentação e higiene pessoal tidos como supérfluos ficam mais pesados no bolso 

Com a recessão, o sonho de consumo da classe C, como ter plano de saúde, cursar faculdade, comprar o carro zero-quilômetro e até levar para casa itens de alimentação e higiene pessoal tidos como supérfluos, começou a ficar abalado.

De janeiro a agosto deste ano, 1,7 milhão de famílias deixou de comprar condicionador de cabelo em relação ao mesmo período de 2010. No caso da maionese, esse item foi cortado da lista de compras de 1,6 milhão de lares, nas mesmas bases de comparação. Os dados são da Kantar Worldpanel, empresa de pesquisa que visita semanalmente 11,3 mil famílias no País para descobrir o que os brasileiros estão consumindo.

“A primeira mudança no padrão de consumo ocorre nas despesas do dia a dia, nas quais as compras são feitas em dinheiro, como as de alimentação”, diz Myrian Lund, professora da FGV e planejadora financeira. Mas ela também observa alterações em outros segmentos, com em planos de saúde e educação.

Na área da saúde, os planos médico-hospitalares perderam 87,5 mil beneficiários de contratos individuais em setembro deste ano em relação ao mesmo mês de 2014, segundo o Instituto de Saúde Suplementar. Foi a primeira queda para o mês desde 2008.

Em 2015, o Fies, programa do governo federal que possibilitou o ingresso de muitos estudantes da classe média ao ensino superior, foi abocanhado pelo ajuste fiscal. As vagas foram reduzidas à metade: no ano passado, foram aprovados mais de 731 mil novos contratos; neste ano, serão aprovados em torno de 314 mil.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Economia & Negócios – Domingo, 1 de novembro de 2015 – Pg. B3 – Internet: clique aqui.

Leia estas histórias de pessoas que estão vivendo
esse drama descrito nestes três artigos anteriores:

1º) “Se sair do Fies, vou pagar R$ 15 mil” – Em menos de dois anos, dois empregos perdidos: clique aqui;
2º) “Paramos de sair para comer fora e passear” – Com o desemprego, casal corta despesas e até festa de aniversário da filha é suspensa: clique aqui;

3º) “Tenho de pagar o financiamento” – Sem emprego, Damião faz bicos como pintor: clique aqui.

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