«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

COMO A INFLAÇÃO ESTÁ DEIXANDO O BRASILEIRO MAIS POBRE!

Disparada dos preços reduz o
padrão de vida dos brasileiros

Bianca Pinto Lima & Márcia De Chiara

Bens e serviços sobem acima da renda em 2015 e trabalhador 
sente a perda do poder de compra; 
até animais de estimação estão comendo menos 

A economia brasileira enfrenta nesse ano uma combinação nefasta: inflação de dois dígitos com recessão. Até dezembro, a expectativa é que a atividade dê marcha à ré e caia mais de 3%, com a inflação ultrapassando os 10%. É um salto de quatro pontos em relação ao aumento do custo de vida registrado no ano passado (6,41%). A última vez que a inflação bateu dois dígitos foi em 2002, mas nesse ano não houve recessão.

A disparada dos preços - puxada por:
  • choque tarifário,
  • desvalorização do real e
  • escalada dos serviços
  • provoca um desconforto no padrão de vida das pessoas. 
"Os brasileiros ficaram mais pobres este ano, tanto pelo aumento da inflação como pela retração da atividade", afirma o economista Heron do Carmo, professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo e um dos maiores especialistas em inflação.

Ele observa que a inflação combinada com recessão tem um efeito devastador: faz com que as pessoas se sintam mais desconfortáveis, afeta a confiança de consumidores e tem reflexos políticos. Esse desconforto já apareceu no carrinho do supermercado. Pela primeira vez nos últimos dez anos, as vendas do setor devem fechar no vermelho, segundo a Associação Brasileira de Supermercados. De janeiro a outubro, o recuo foi de 1,02%.

A freada no consumo é nítida no resultado de uma pesquisa da consultoria Kantar Worldpanel, que visita semanalmente 11,3 mil domicílios para aferir o volume de compras de uma cesta com 96 categorias - como alimentos, bebidas e itens de higiene e limpeza. No primeiro semestre deste ano, o volume consumido dessa cesta caiu 7,5% em relação ao mesmo período do ano passado e voltou para o patamar de cinco anos atrás. O desembolso, por sua vez, cresceu 0,5% no período, por causa da inflação.

"O brasileiro está gastando mais no supermercado e levando menos produto para casa", afirma a diretora da consultoria e responsável pela pesquisa, Christine Pereira. Ela observa que o desempenho negativo de três variáveis importantes para o cidadão - inflação, renda e emprego - está levando a uma racionalização generalizada do consumo de todas as classes sociais. De acordo com pesquisa da consultoria, 71% das famílias acreditam que seus gastos aumentaram em 2015 e 97% delas buscam alternativas para reduzir as despesas.

Em entrevistas qualitativas feitas pela consultoria nos domicílios pesquisados, Christine conta que foi constatado que as famílias reduziram despesas com comunicação e optaram por planos de celular pré-pagos, por exemplo.

O lazer fora de casa também encolheu. Segundo a consultora, mais de um milhão de pessoas deixaram de fazer as refeições fora do lar. As viagens de carro igualmente começam a perder força, afetadas pela alta do preço da gasolina, que já chega a quase 15% esse ano, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

O fluxo de veículos de passeio nas estradas pedagiadas do País aumentou apenas 0,6% em 2015 até outubro - ante um avanço de mais de 4% em 2014. “Houve uma boa desaceleração desse índice, que deve ir para o território negativo no ano que vem”, comenta a economista e sócia da Tendências Consultoria, Alessandra Ribeiro.


Vida de cão

Uma revelação surpreendente da Kantar Worldpanel foi que rações industrializadas para cães perderam importância na cesta de compras e os animais passaram a comer comida caseira. "Até o cão foi afetado. É a primeira vez que as pessoas estão racionalizando o uso de ração", afirma a diretora. Ela explica que o consumidor continua oferecendo ração industrializada para o animal, mas intercala as refeições com comida caseira para economizar.

Em 12 meses até novembro, o preço da ração para cães subiu quase 5%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da FGV, a metade do avanço registrado pelo IPC em geral. "A substituição ocorre não exatamente porque a ração ficou mais cara, mas porque o custo de vida apertou. E na lista de prioridades, a compra de alimentos para a família está em primeiro lugar", explica o economista André Braz, da FGV, responsável pelo IPC.

Veja gráficos que ilustram melhor a:
* Variação das vendas nos supermercados acumuladas no ano em relação a 2014 e descontada a inflação;
* Evolução do volume de produtos e do gasto dos domicílios para uma cesta com 96 categorias; e
* Receita dos serviços prestados às famílias;
Clicando aqui.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Economia – Terça-feira, 8 de dezembro de 2015 – Pg. B5 – Internet: clique aqui.

OS VILÕES DA ESCALADA DA INFLAÇÃO

Flavia Alemi & Ian Gastim

Disparada dos preços administrados, 
como energia e combustíveis, levou
o IPCA a romper a barreira dos dois dígitos em cinco capitais;
índice não fecha o ano acima de 10% desde 2002

2015 está sendo um ano de “tarifaço”. Os chamados preços administrados são os principais responsáveis pela volta da inflação ao patamar de dois dígitos - o que não se via há 13 anos. Esses itens controlados pelo governo - como energia elétrica, gasolina, gás de cozinha e plano de saúde - devem encerrar o ano com uma alta média de quase 18%. Apenas a eletricidade subiu 49,03% até outubro.

Com isso, o IPCA já ultrapassou a barreira dos 10%, no acumulado em 12 meses até outubro, em cinco capitais: Goiânia, São Paulo, Fortaleza, Porto Alegre e Curitiba. O IPCA-15, considerado uma prévia do índice oficial, também superou os dois dígitos na medição de novembro. E o mesmo ocorreu com o IGP-M, índice que reajuste os aluguéis.

Estabelecidos por contrato ou por órgão público, os preços administrados ficaram represados entre 2012 e 2014. O governo só tirou o atraso esse ano, após a mudança na equipe econômica. O problema é que esses itens têm o poder de puxar todos os preços da economia para cima, do pãozinho ao cabeleireiro, e isso dá início a uma espiral inflacionária.

“Essa inflação de dois dígitos é, na verdade, uma correção de preços. Havia uma série de reajustes que não haviam sido dados e que, em algum momento, teriam de entrar na conta”, comenta Maria Andreia Parente Lameiras, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O economista do Itaú Unibanco Elson Teles explica que o reajuste dos itens represados causou um forte repasse para os preços dos serviços, que subiram 8,34% até outubro. “A energia teve um impacto muito forte nos custos, o que aumentou a pressão inflacionária”, destaca Teles.

O efeito disso é que, mesmo com a economia desaquecida, os preços do setor não dão trégua. “Essa inflação de serviços só vai ceder quando a crise se aprofundar no mercado de trabalho”, prevê Fábio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC).
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Fonte: Folha de S. Paulo – Colunistas – Terça-feira, 8 de dezembro de 2015 – 02h00 – Internet: clique aqui.

O DINHEIRO PERDE VALOR

Celso Ming

Inflação é quase sempre dinheiro perdendo valor.
Tanto é assim que, ao longo de um tempo inflacionário,
será preciso cada vez mais dinheiro para comprar a mesma coisa.

A gente sempre tem a impressão de que os organismos que medem a inflação ou estão fazendo a conta errada ou estão afanando um pedaço da alta de preços. Quando passa no caixa do supermercado, qualquer dona de casa sai de lá com a certeza de que os preços que ela paga são mais altos do que o aumento do custo de vida publicado nos jornais.

É que a inflação nunca é a mesma para duas pessoas. Não há duas cestas de consumo iguais. Quem mora em casa própria, por exemplo, não tem despesa com aluguel. É compreensível que um professor universitário compre mais livros do que as pessoas comuns. Famílias com crianças pequenas têm muito mais despesas com escola, condução escolar e o que vem junto. Pessoas doentes gastam muito mais com médico e remédios. Em compensação, as despesas dos vegetarianos não aumentam tanto quando disparam os preços da carne.

A inflação, ou alta de preços ao consumidor, leva sempre em conta um CESTÃO MÉDIO DE CONSUMO de uma determinada população. E a média nunca coincide com as necessidades e as despesas pessoa por pessoa.

Quem acha que inflação são as coisas aumentando de preço pode ter uma impressão tão errada quanto aquela que acha que é o sol que gira em torno da terra, e não o contrário. Inflação é quase sempre dinheiro perdendo valor. Tanto é assim que, ao longo de um tempo inflacionário, será preciso cada vez mais dinheiro para comprar a mesma coisa.

Há dois tipos de inflação:
  • a inflação de custos, quando os preços aumentam em consequência de um fator físico (quando a seca derruba as safras, por exemplo).
  • E a inflação de demanda, quando a procura por bens e serviços cresce mais depressa do que a oferta.
No Brasil, quase sempre prevalece a inflação de demanda.

Como diz aquele ditado que vem desde os tempos de Troia: "Tem guerra, tem mulher no meio". Com a inflação no Brasil acontece quase sempre coisa parecida: Tem inflação, tem rombo nas contas públicas (déficit fiscal). A lógica é a seguinte: o governo gasta demais, os pagamentos excessivos do governo geram renda, a renda produz disparada da procura e, na ponta da cadeia, aparece a inflação.

Desse ponto de vista, a inflação é um processo de ajuste selvagem (darwiniano). Acontece sempre que a política econômica não reduz as distorções que produziram o déficit fiscal.

Uma das consequências desse ajuste selvagem é a de que a inflação atinge o poder aquisitivo das pessoas de maneira desigual. O povão, por exemplo, que vive da mão pra boca, sempre perde mais quando disparam os preços dos alimentos e da habitação. Como também tem pouca sobra de salário, não pode aplicar dinheiro no mercado financeiro, como os mais ricos, e, assim, não consegue defender-se, pelo menos em parte, da inflação. É por isso que os analistas econômicos sempre advertem que a inflação é o mais antidemocrático e mais injusto fator de ajuste.

É hipócrita e inconsequente o governo que afirma produzir políticas de grande interesse social quando, ao mesmo tempo, permite o estouro da inflação.

Como uma desgraça nunca vem sozinha, não é só a inflação que, no momento, está corroendo o orçamento do consumidor no Brasil. É também o desemprego. Basta que uma pessoa na família ganhe menos do que ganhava antes para que todo o orçamento familiar fique comprometido. Nessas condições, o ajuste selvagem ganha outra força.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Economia / Análise – Terça-feira, 8 de dezembro de 2015 – Pg. B5 – Internet: clique aqui.

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